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14 DE OUTUBRO DE 2023

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O Sr. Presidente: — O Sr. Secretário de Estado tem um pedido de esclarecimento.

Para o formular, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, tem a palavra a Sr.ª Deputada Patrícia Dantas.

A Sr.ª Patrícia Dantas (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Ministra, Sr. Secretário de

Estado, permitam-me que comece a minha intervenção desviando-me do ponto central para enviar uma

mensagem de solidariedade e de valorização da coragem do povo humilde, estoico e valente da Madeira, em

especial o da Calheta, do Porto Moniz e de Câmara de Lobos, que vive momentos angustiantes de luta contra

o fogo, e de agradecimento aos cidadãos e a todos os agentes de proteção civil, incluindo os nacionais, que

hoje reforçam o contingente regional.

Agradecendo a compreensão, passemos então ao ponto desta agenda. O Sr. Secretário de Estado

apresenta-nos uma proposta de prorrogação da medida do IVA zero com os argumentos que usou a partir de

abril deste ano, curiosamente opostos aos que usou em janeiro, quando chumbou duas medidas similares da

oposição, e talvez contrários aos que vai usar a partir de 1 de janeiro de 2024, quando deixar cair a medida e

arrecadar mais 550 milhões de euros em IVA.

Aplausos do PSD.

Mas deixemos as incoerências de parte e foquemo-nos nos esclarecimentos que, para o PSD, são

relevantes. Em abril, com a aprovação da medida do IVA zero e com os diversos alertas para as ameaças da

mesma, inclusive do Sr. Presidente do Banco de Portugal, o Governo sentiu-se na obrigação de montar uma

megaoperação de fiscalização. A iniciativa tinha de dar certo, custasse o que custasse!

Foi buscar a PARCA (Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar), o

Observatório de Preços, a ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) e, talvez desconfiando das

capacidades dos serviços públicos, ainda contratou mais duas empresas, por 300 000 €, para ajudarem no

controlo e no controlo do controlo. Mesmo assim, há dois dias, o cabaz de referência já estava praticamente ao

mesmo nível de quando a medida se iniciou, o que não augura nada de bom até ao final do ano.

Perante isto, questiono: há relatórios de avaliação que nos permitam aferir que esta medida não é mais do

que um exercício de mera propaganda do Governo, com a utilização de dados pontuais? Se sim, porque não

são esses estudos tornados públicos?

Seria interessante, Sr. Secretário de Estado, saber qual a poupança efetiva para cada família; qual o impacto

nos preços dos outros produtos alimentares essenciais que não pertencem ao cabaz controlado; quanto custou

aos portugueses o controlo e este controlo do controlo, efetivamente e em euros; e, já agora, uma vez que a

medida termina no final de 2023, o que vai o Governo fazer com o contrato da empresa Euroteste, que se

prolonga até ao final de 2024.

Por fim, questiono: qual o impacto estimado na inflação com a extinção desta medida, uma vez que há quem

defenda que o aumento de preços será superior, em média, à descida observada entre abril e dezembro? Com

o fim do IVA zero em 2024, o Estado arrecadará, adicionalmente, 550 milhões de euros. E as famílias quanto

vão pagar a mais, para que o Estado absorva esse montante, Sr. Secretário de Estado?

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Patrícia Dantas,

confesso que fiquei com uma enorme dúvida na sequência da sua intervenção, no sentido em que me quedei

sem perceber se o PSD se tornou finalmente adepto desta medida do IVA zero.

O Sr. Hugo Costa (PS): — Muito bem!

O Sr. Hugo Carneiro (PSD): — Tem de responder às perguntas!