19 DE OUTUBRO DE 2023
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado, os corredores humanitários, sob garantia das
Nações Unidas, obviamente, são muito difíceis de serem estabelecidos. Não me vou pôr a dizer como é que as
Nações Unidas devem procurar organizar os corredores humanitários.
Quanto à importação de gás, como sabe, as empresas portuguesas importam no respeito por aquilo que são
as decisões da União Europeia em matéria de bloqueio às importações.
Relativamente às deslocações dos meus colegas europeus à China, cada um responde por si. Nós devemos
manter um diálogo com a generalidade dos países do mundo, designadamente, também, com a China.
Depois, não percebi bem a sua pergunta sobre se concordo, ou não, que a Comissão Europeia tenha pedido
a abertura de um inquérito à subsidiação por parte da China de componentes automóveis e, em particular, de
baterias. Claro que sim, mas qual é a dúvida sobre isso? Nem percebo a sua pergunta.
Relativamente ao PRR, sei que a Iniciativa Liberal entende que Portugal deveria prescindir da utilização de
fundos comunitários.
O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Onde é que isso está dito?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Nisso distancia-se do PSD, que acha que devíamos até ter utilizado mais verbas
comunitárias para poder prosseguir o seu investimento.
Aquilo que digo é que, no quadro do alargamento previsível da União Europeia, vai ser necessária uma
reestruturação muito profunda da arquitetura orçamental e, seguramente, isso implicará que Portugal se prepare
para um novo tipo de fundo.
Ao contrário do que a V. Ex.ª pensa, o PRR não obedece a critérios de coesão, é um programa que é
acessível a todos os 27 países da União Europeia. A chave de distribuição assentou no impacto da crise da
covid-19 e é por isso que países muito mais desenvolvidos do que Portugal, como é o caso da Itália ou da
Espanha, têm um PRR muitíssimo superior.
Se não sabe, é melhor estudar primeiro.
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado da IL Rodrigo Saraiva.
O Sr. Bernardo Blanco (IL): — Quem ofende é porque não tem argumentos!
O Sr. Presidente: — Passamos agora ao Grupo Parlamentar do PCP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.ª Ministra, este
debate preparatório do Conselho Europeu foi agendado por causa da reunião marcada para a próxima semana,
com uma ordem de trabalhos que inclui temas como a revisão do quadro financeiro plurianual, o orçamento da
União Europeia ou a economia.
Para um país como Portugal, esse debate da revisão do Orçamento da União Europeia é de uma importância
evidente, havendo questões que são incontornáveis nas opções políticas que estão colocadas.
Qual é a perspetiva? É o reforço da coesão, questão crucial para o nosso País, em que ficámos a perder
neste quadro? Sabemos que não é, Sr. Primeiro-Ministro.
A perspetiva é de um orçamento reforçado, baseado no rendimento nacional bruto dos Estados, com opções
de investimento dirigidas às reais necessidades dos povos?
A opção é responder aos problemas da inflação, do aumento das taxas de juros, aos sacrifícios dos
trabalhadores, para que alguns possam lucrar milhões? Ou é financiar ainda mais, a partir do orçamento, em
nome de uma soberania europeia, assim chamada, determinadas áreas industriais que, afinal, correspondem,
outra vez, a gigantes do poder económico e às grandes potências da União Europeia, como o STEP (Strategic
Technologies for Europe Platform) e outros?
Ou é alimentar a deriva militarista, dirigindo recursos substanciais para o armamento e a guerra, que tanta
falta fazem ao desenvolvimento?