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21 DE OUTUBRO DE 2023

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O Sr. Presidente: — Para intervir em nome do Grupo Parlamentar do PSD, tem a palavra a Sr.ª Deputada

Mónica Quintela.

A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Debatemos hoje o relatório anual

da Provedoria de Justiça relativo a 2022, assim como o relatório do Provedor enquanto mecanismo nacional de

prevenção da tortura.

Estes relatórios estão muito bem estruturados, como, de resto, tem sido apanágio desta Sr.ª Provedora de

Justiça, e dão-nos um retrato fiel do mau funcionamento dos serviços públicos. Lendo os relatórios, vemos que

se mantêm as múltiplas queixas já referidas nos relatórios dos anos anteriores, o que bem demonstra a

incompetência e a falta de vontade do Governo para corrigir e fazer melhor.

Persistem, e agravam-se até, os atrasos na atribuição de prestações sociais, designadamente da Segurança

Social e do Centro Nacional de Pensões, pondo em sério risco os grupos mais vulneráveis, o que é

absolutamente inaceitável. O Governo falha com os mais frágeis e desprotegidos, com os idosos e com as

pessoas deficientes, e aqui não podia falhar nem faltar, Sr.as e Srs. Deputados.

Aplausos do PSD.

O relatório fala-nos de uma triste realidade, que é conhecida. Dou dois exemplos: as pensões pedidas em

2016, que só em janeiro de 2023 é que foram atribuídas, sete longos anos depois, ou o pedido de reapreciação

de um cálculo de pensão de velhice feito em 2017, que só foi corrigido em 2022, cinco anos depois — e, mesmo

assim, só foram atribuídos após a intervenção da Provedora de Justiça. Como sobreviveram estas pessoas ao

longo destes anos todos, enquanto esperaram e desesperaram por que o Estado cumprisse as suas obrigações?

Quem lhes pagou as contas?

O Governo continua também a prejudicar fortemente os nossos emigrantes, pessoas que viveram uma vida

de trabalho fora do seu País, longe das terras e família, pois, quando, por fim, regressam a Portugal, esbarram

nos atrasos graves da comunicação do Centro Nacional de Pensões com as congéneres estrangeiras, causando

atrasos de anos no cálculo e atribuição de pensões.

A Sr.ª Provedora de Justiça, quando foi ouvida na 1.ª Comissão, disse claramente que a morosidade, a

deficiente articulação entre serviços públicos e os problemas de comunicação são uma constante, que o

problema não é de más leis ou de falta delas, o problema é do mau funcionamento da Administração Pública, e

que o que mais fere — foram estas as palavras da Sr.ª Provedora de Justiça — os direitos das pessoas é o mau

serviço e mau funcionamento dos serviços públicos.

Temos um Governo incapaz de fazer uma gestão eficaz dos serviços públicos, e, a cada dia que passa, a

degradação dos serviços aumenta e os danos dos cidadãos também. Não podemos esquecer que estes atrasos

oneram o erário público com o pagamento de juros de mora e com a mobilização desnecessária dos meios de

justiça, sobrecarregando os contribuintes, que cada vez pagam mais impostos e têm piores serviços.

Passando agora ao relatório do mecanismo nacional de prevenção da tortura, vemos que ele reflete a grande

preocupação com a falta de condições nos estabelecimentos prisionais, nos centros educativos e nos centros

de instalação temporária de estrangeiros e espaços equiparados, sobretudo porque se mantêm as queixas e os

reparos anteriormente referidos relativamente a todas estas matérias, o que é deplorável e demonstra bem a

inércia deste Governo.

Os estabelecimentos prisionais continuam com sobrelotação, e o Estado português continua a somar

condenações do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos pelas condições indignas e degradantes a que sujeita

os seus reclusos. Faltam atividades ocupacionais, ensino, formação profissional e trabalho, com evidente

prejuízo e repercussão na reinserção social. Faltam programas para a prevenção da reincidência e faltam muitos

recursos humanos, sendo que a falta de guardas prisionais não se limita à questão da segurança, tendo também

forte impacto a nível das atividades e rotinas básicas de estabelecimentos prisionais e dos próprios guardas

prisionais e suas famílias.

Faltam também condições nos centros educativos, o que tem sido sistematicamente denunciado,

evidenciando os atropelos à lei e a violação dos direitos fundamentais das crianças e dos jovens que estão à

guarda e sob a responsabilidade do Estado, sem que este cumpra o que lhe compete,…