I SÉRIE — NÚMERO 16
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O Sr. João Moura (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — … deixando-as sem a necessária educação para o direito, desamparando-
as numa reclusão sem amparo, sem sequer terem acesso aos cuidados de saúde mental, negando-lhes o apoio
indispensável para terem um futuro condigno. Já basta a desproteção destas crianças, o Estado tem de fazer
muito mais!
Aplausos do PSD.
Termino, Sr.as e Srs. Deputados, com a constatação que ressalta destes relatórios: em mais de oito anos de
governação, os resultados que o Governo apresenta são francamente maus.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para intervir em nome do Grupo Parlamentar do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Alma Rivera.
A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O relatório da Provedora de Justiça não é, de
facto, uma mera formalidade, antes contém informações sobre os problemas que afetam os cidadãos, as queixas
por ações e omissões dos poderes públicos, e, por conseguinte, deve corresponder à tomada de decisão.
São identificados logo três problemas gerais e transversais que merecem reflexão.
É referida a morosidade, seja ela no acesso a direitos sociais, como o atestado de incapacidade de multiúso,
ou na atribuição de apoios sociais, como o abono de família — e tantas vezes se recebem queixas neste sentido
—, seja nos pedidos de nacionalidade ou processos relativos a entrada em território nacional, com esperas que
são de anos.
Outro problema destacado é a falta de articulação entre serviços públicos, o que consubstancia problemas
que vão passando de mão em mão, sem serem resolvidos, ou mesmo ausência de resposta eficaz aos
problemas.
Um outro aspeto é a comunicação com os cidadãos, seja ela mais geral, dirigida ao público em geral, com
finalidade de informação e divulgação, seja no plano da falta de comunicação concreta eficaz com cada cidadão.
E aqui queríamos destacar a dificuldade que os mais idosos têm no acesso aos meios digitais e, tantas vezes,
a insensibilidade da Administração, na sua relação, relativamente a isso, o que contribui também para a
exclusão.
A identificação, então, destes três problemas tem a ver com questões que, transversal e reiteradamente,
aparecem na análise das queixas feitas.
O relatório aborda 13 áreas temáticas, pelo que seria impossível, no tempo destinado a este debate, relevar
tanta informação de grande pertinência. Por isso, destacamos algumas questões que têm soluções concretas.
No âmbito das avaliações de impacte ambiental, destaco a dificuldade de acesso pelo cidadão à informação
e a insuficiência dos seus mecanismos de participação. O PCP tem colocado esta questão reiteradamente,
exigindo-se um novo modelo que não despreze a consulta pública, entre outras alterações.
Existem dificuldades várias relativamente ao subsídio de educação especial e à educação inclusiva e também
dificuldades relacionadas com a falta de pessoal não docente, duas questões que temos trazido ao Parlamento
sucessivamente e que sucessivamente têm sido ignoradas.
Um outro enorme problema é o dos cidadãos imigrantes na interlocução com os serviços do Estado, o que
torna o processo de autorização de residência um verdadeiro martírio, assim como a renovação ou os direitos
conexos, como é o caso do reagrupamento familiar, uma outra questão que precisa de resolução urgente.
Temos ainda o drama da habitação, em particular da habitação social, com a acentuação das comunicações
em razão de situações de iminência de despejo ou de situações de sem-abrigo. Isto apela à consciência de cada
um sobre a forma como se coloca reiteradamente o bem-estar da entidade mercado e dos lucros bancários
acima das medidas necessárias.
Temos a degradação do sistema prisional, a falta de apoios à reinserção social.