I SÉRIE — NÚMERO 20
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O que é que acontece? Se é fácil percebermos quanto é que se paga por quilómetro na A1 (autoestrada n.º 1), nas outras autoestradas não é fácil perceber. Quando fazemos os cálculos, chegamos a conclusões deste género: na autoestrada do Pinhal Interior, que passa nos concelhos mais pobres, chega-se a pagar muito mais de 30 % do que se paga na A1.
Por isso, o que é que defendemos? Sr.as e Srs. Deputados, defendemos que o Governo avalie o custo por quilómetro nas autoestradas e crie um mecanismo de compensação para os territórios de baixa densidade que promova a coesão territorial.
Está nas nossas mãos fazer com que as pessoas acreditem mais na democracia e votem. Aplausos do PSD. O Sr. Presidente: — Agora, para se pronunciar sobre questões da justiça, nomeadamente a extinção das
custas processuais, tem a palavra a Sr.ª Deputada Alma Rivera, do Grupo Parlamentar do PCP. A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, a defesa dos interesses legalmente protegidos
não pode ser denegada por insuficiência de meios económicos — é isto que diz a Constituição, não diz outra coisa.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Bem lembrado! A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Só que não é isso que acontece. Há muita gente neste País que nem se arrisca num processo judicial porque não tem dinheiro para os custos
insuportáveis da justiça e também não encontra um apoio judiciário suficiente. O Sr. Bruno Dias (PCP): — Essa é que é essa! A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Em vez de metermos a cabeça na areia, como faz o Governo — como fazem
os sucessivos Governos —, propomos a extinção faseada e progressiva das custas processuais, mantendo apenas o regime dos litigantes em massa e o pagamento dos encargos, assegurando, também através do Orçamento do Estado, as verbas necessárias.
É uma proposta irrecusável para quem realmente se preocupa com o acesso à justiça. Por isso, perguntamos: quem está contra esta medida?
Mas há outra forma de o Governo denegar o acesso à justiça por parte dos cidadãos, que é dando cabo dela. E é isso que está a fazer quando não ouve os profissionais da justiça.
O PCP volta a apresentar a proposta de integração do suplemento de recuperação processual no salário. Veremos quem está contra.
Aplausos do PCP. O Sr. Presidente: — Para intervir sobre o programa operacional para o interior, tem agora a palavra o Sr.
Deputado João Paulo Barbosa de Melo, do Grupo Parlamentar do PSD. O Sr. João Barbosa de Melo (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, convenhamos que tem sido
bastante interessante acompanhar a forma como o PS tem estado neste debate orçamental, sobretudo desde a demissão do Governo, porque, de repente, passou a prometer tudo e mais alguma coisa a toda a gente, ou quase a toda a gente.
Sem pudor, o PS vem afirmar solenemente, em relação a tudo o que andou a anunciar durante oito anos, que é agora que vai cumprir. É sempre a mesma coisa! É agora, ao fim de oito anos, à beira do fim, que vai cumprir. Mas será que ainda alguém acredita nesta conversa?
Quando um dia se contar a história, talvez se fale do Costismo, de um tempo emblemático do socialismo português caracterizado, primeiro, por muito equilibrismo; segundo, por uma total desfaçatez no não cumprimento de promessas;…