I SÉRIE — NÚMERO 24
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A Sr.ª Rita Matias (CH): — Sr. Presidente de algumas bancadas, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados,
este Orçamento apresenta propostas para jovens que se podem dividir em duas dimensões: há as propostas
que são absolutamente irrealistas e na esfera do delírio; e há as propostas para o amanhã, que dizem aos jovens
do hoje, do presente, que esperem soluções talvez para amanhã, soluções que nunca chegarão a impactar as
suas vidas.
Desde logo, vemos, por exemplo, a proposta dos passes grátis para estudantes sub-23, que alivia, de facto,
30 € no bolso dos jovens, mas não garante que deixem de ir como uma sardinha enlatada no seu transporte
público regular.
O Sr. Bruno Nunes (CH): — Se houver lugar!
A Sr.ª Rita Matias (CH): — Ou, por exemplo, falam no reforço do IRS Jovem, mas sabem que esta proposta,
na verdade, não ajudou nem 10 % dos jovens portugueses, porque os jovens portugueses ganham tão pouco,
tão pouco, tão pouco, que vivem no chamado «limite de existência».
Depois, temos as propostas para o amanhã. Faltam camas, hoje, nas residências universitárias, não há
residências universitárias suficientes, e o Governo anuncia reforços de verbas e construções para amanhã, que
eventualmente não vão chegar a ajudar nenhum jovem que hoje esteja a frequentar o ensino superior.
O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — Muito bem!
A Sr.ª Rita Matias (CH): — Além disso, temos a realidade dos jovens que abandonam o ensino superior hoje,
porque não conseguem suportar os custos, nomeadamente os das propinas. Para estes jovens, o Partido
Socialista diz-lhes: esperem pelo amanhã, esperem pela conclusão do curso e logo então devolvemos as
propinas. Devolvem a quem? Aos poucos que ainda tenham a coragem de ficar em Portugal! Sabemos que a
grande maioria vai olhar para o exterior e ver que o exterior oferece propostas muito mais interessantes para
fixar os jovens do que Portugal.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Ora!
A Sr.ª Rita Matias (CH): — E é por isto que o Chega quer corrigir esta grande injustiça e pedir que haja um
novo modelo de financiamento de propinas, à semelhança do Reino Unido, para que os jovens sintam alívio no
presente, e seja no presente que não tenham de pagar propinas.
Aplausos do CH.
Temos dados que são dramáticos: em 1000 estudantes universitários, em média, há cerca de 106 que não
formalizam a sua matrícula; 10 % dos filhos de famílias pobres não conseguem concluir o curso superior.
Temos de atuar no hoje, e democratizar o ensino superior é aliviar as propinas agora.
Aplausos do CH.
O Sr. Presidente: — Passamos agora a uma proposta relativa ao artigo 187.º e, para intervir em nome do
PCP, tem a palavra o Sr. Deputado João Dias.
O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, no Serviço Nacional
de Saúde (SNS) continua a não haver condições para atrair médicos e todos os outros profissionais de saúde
que fazem falta ao SNS.
Além disso, existe um problema de baixas remunerações. Mas não é só um problema de baixas
remunerações, é também um problema de condições de trabalho, de carga horária, de carga de trabalho, de
condições para poderem exercer no Serviço Nacional de Saúde com dignidade. E o Governo falha com esta
que é a espinha dorsal do SNS, que são os seus profissionais de saúde. Falha com todos eles, não é só com
alguns.