20 DE DEZEMBRO DE 2023
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O Sr. Tiago Moreira de Sá (PSD): — De resto, da nossa parte, estamos muito empenhados em manter o
consenso nacional em torno da política externa portuguesa e em deixá-la de fora da luta político-partidária. Este consenso traduziu-se num voto recentemente aprovado aqui, na Assembleia da República, a condenar
os ataques terroristas do Hamas em Israel, a reconhecer o direito de Israel a defender-se, a exigir a libertação de todos os reféns, a reafirmar o nosso compromisso sagrado com o direito internacional e humanitário e os valores da humanidade e a manifestar o nosso apoio a todos os esforços que procuram alcançar uma paz duradoura na região, através da resolução do conflito israelo-palestiniano, com base na solução de dois Estados.
Acreditamos que esse consenso é desejável e possível, desde que o PS não ceda aos partidos à sua esquerda e não alinhe, como fez recentemente, com textos radicais contrários à posição oficial do Estado português.
Partilhamos o essencial: a mesma dor pelo sofrimento dos povos inocentes, seja em Israel seja na Palestina; a noção de que todas as vidas são sagradas e têm o mesmo valor; o compromisso com o direito internacional sem exceções; e o amor aos valores humanistas, que consideramos universais e perpétuos.
Protestos do Deputado do PCP Duarte Alves. A posição de Portugal tem sido a de defesa da solução de dois Estados. O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vai daí?! O Sr. Tiago Moreira de Sá (PSD): — Acreditamos profundamente nessa solução e no futuro de paz entre
Israel e a Palestina. Aplausos do PSD.Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias. Como disse Simon Schama, no final da magnífica série da BBC (British Broadcasting Corporation) A História
dos Judeus, inspirada no seu livro com o mesmo nome, e cito: «A Bíblia está cheia de encontros entre homens e Deus, entre homens e homens e entre irmãos desavindos.»
Aplausos do PSD.Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias. O Sr. Presidente (Adão Silva): — Sr. Deputado Tiago Moreira de Sá, V. Ex.ª tem um pedido de
esclarecimento, por parte do Sr. Deputado Rui Tavares, do Livre, a quem dou já a palavra. O Sr. Rui Tavares (L): — Sr. Presidente, as minhas saudações, Sr. Deputado Tiago Moreira de Sá, obrigado
pela sua intervenção. Eu gostaria de ver esclarecidos alguns pontos, que me parecem importantes. Faz-nos o Sr. Deputado uma distinção entre idealismo e realismo. Eu colocar-lhe-ia, pelo contrário, uma
distinção entre conformismo e inconformismo. Podemos conformar-nos perante o facto de que, desde os tempos da Bíblia, há muitas histórias de irmãos
desavindos ou podemos lutar pelo futuro daqueles que ainda estão vivos. Lutar por esta juventude que está aqui, nas galerias, é também lutar por um Portugal que não tenha vergonha
de assumir posições no plano internacional, que não tenha vergonha de trazer estes debates aqui à Assembleia da República.
O primeiro pedido de esclarecimento que faço ao PSD é: uma vez que o PSD não se revê em nenhum dos projetos de resolução apresentados — nem sequer no do PS, que me parece que veem mais favoravelmente, mas consideram que não é perfeito —, como é que um grupo com tantas dezenas de Deputados, como o PSD, não apresenta o seu próprio projeto de resolução?