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20 DE DEZEMBRO DE 2023

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A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: «Este Natal não há festa em Jerusalém ou Belém»,…

O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — Há, há! A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — … escreveu Alexandra Lucas Coelho, no Público. O patriarcado dos católicos está em choque com o ataque israelita a uma igreja em Gaza. Um sniper israelita

matou duas mulheres dentro da paróquia da Sagrada Família, onde se refugiavam 600 cristãos, e um tanque atingiu um edifício que abrigava pessoas deficientes.

A Sr.ª Rita Matias (CH): — Agora já há perseguições aos cristãos! A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Os acontecimentos do dia 7 de outubro chocaram o mundo e, desde então,

não houve um dia de descanso para o horror. Quase 20 000 palestinianos foram mortos pelos ataques israelitas na Faixa de Gaza, 70 % dos quais mulheres e crianças.

A maioria dos 2 milhões de pessoas no território está deslocada, e estima-se que metade da população esteja a morrer de fome. Não há água, não há energia.

As unidades hospitalares entraram em falência. Trezentos dos seus profissionais foram mortos, assim como dezenas de jornalistas e de funcionários humanitários internacionais. Não há cuidados maternos ou neonatais, e, entre os que ainda não morreram, há milhares de feridos sem acesso a tratamento, crianças a serem operadas sem anestesia e um profundo desespero.

«Gaza transformou-se num cemitério para crianças», disse a porta-voz da Unicef. «Gaza é o inferno na Terra», disse o diretor da Agência das Nações Unidas para a Palestina.

Todos os horrores que possamos nomear estão a acontecer em Gaza. O Sr. Pedro Pinto (CH): — É o terrorismo! A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Nesta enorme prisão a céu aberto chamada Gaza, há mais de 2 milhões de

pessoas a serem eliminadas por todos os meios. O Sr. Pedro Pinto (CH): — E no Irão, as mulheres?! A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — E há uma palavra para isto: genocídio. A questão é saber se queremos fazer

parte de um mundo sentado, um mundo que assiste ou, no máximo, lamenta um genocídio transmitido em direto ou se queremos ser um mundo que se levanta para fazer calar as armas, para fazer a paz e para trazer justiça.

Até agora, e vergonhosamente, tem imperado a posição dos que assistem. Honrosas exceções devem ser reconhecidas, como a de António Guterres, que tem sido incansável nos apelos a um cessar-fogo e na denúncia de crimes de guerra.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem! A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — No dia 8 de dezembro, no seguimento de um pedido inédito do Secretário-

Geral da ONU, os Estados Unidos vetaram a adoção de uma resolução do Conselho de Segurança para um cessar-fogo humanitário imediato na Faixa de Gaza. A Assembleia Geral da ONU aprovou a mesma resolução por maioria expressiva, mas sem poder vinculativo.

Hoje, o tema regressará ao Conselho de Segurança. Portugal e a União Europeia não podem continuar a olhar para o outro lado.

Permitam-me citar uma carta aberta, subscrita por vários políticos europeus, que dizia: «O nosso continente sabe demasiado bem quão frágil é o fino véu da humanidade. A história julgará severamente os líderes da União Europeia pelo seu apoio “incondicional” à carnificina do Governo de extrema-direita de Israel.»