O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 39

56

que seriam necessárias no caso da concessão a uma empresa privada, como era o caso, a partir do momento em que a ANA foi privatizada; se os lucros da ANA continuarem a evoluir como até agora, eles serão, ao longo destes 50 anos, de 23 mil milhões de euros, dos quais o Estado, mesmo contando com o valor da venda, verá menos de 3 mil milhões. Isto significa que esta privatização retirou ao contribuinte, e entregou aos lucros da multinacional Vinci, cerca de 20 mil milhões de euros. São 25 anos a ganhar o Euromilhões todas as semanas. Aí está o respeito das políticas neoliberais pelo contribuinte.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — É isso mesmo! Protestos do Deputado da IL João Cotrim Figueiredo. O Sr. Duarte Alves (PCP): — Em relação aos CTT, colocamos-vos a mesma questão que ontem colocámos

ao Chega: sabem que o Governo do PS fez um acordo secreto com os acionistas privados dos CTT, para lhes dar ainda mais vantagens no momento em que prolongou a concessão por ajuste direto?

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ora aí está! O Sr. Duarte Alves (PCP): — Sabem que, com eles, negociou a alteração da lei postal, que foi feita por

decreto-lei, nas costas da Assembleia da República? É uma alteração que beneficia o privado e prejudica o interesse público.

Da parte da Iniciativa Liberal, ouvimos alguma coisa sobre este processo? Não ouvimos absolutamente nada. O Sr. Bruno Dias (PCP): — Nem um «ai»! O Sr. Duarte Alves (PCP): — O privado é que é bom, não é? É bom, mesmo que seja um serviço de correios

que não entrega cartas a tempo, que está cada vez mais distante das populações e que trata mal os seus próprios trabalhadores, que, ao contrário do que a IL afirmou, são hoje menos na área postal do que eram antes da privatização. É bom, mesmo que os acionistas privados tenham delapidado património para poderem distribuir dividendos acima dos lucros operacionais da empresa.

Mas falemos também do caso da PT, uma empresa que, enquanto era pública, era líder na investigação e desenvolvimento, e na inovação tecnológica, com impactos muito para lá do setor das telecomunicações. Desde que foi privatizada, deixou de ter este papel e passou a servir os desmandos, primeiro, do Grupo Espírito Santo e, agora, da Altice, com negócios fraudulentos, em que os seus administradores foram apanhados.

O Sr. Alfredo Maia (PCP): — Muito bem! O Sr. Duarte Alves (PCP): — Agora, a Altice já se prepara para vender ativos estratégicos do País a fundos

internacionais ou à operadora de comunicações saudita. A venda destes ativos preocupa a Iniciativa Liberal? Claro que não.

Quanto ao SNS, sabemos bem o que querem: que a parte lucrativa — e muito lucrativa — da prestação dos cuidados de saúde passe para os privados, subsidiados pelo Estado.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Claro! O Sr. Duarte Alves (PCP): — Para o serviço público ficará o resto, o que não interessa aos privados, porque

sai caro demais. Por fim, vamos lá falar de transparência. O PCP anunciou que vai propor a criação de uma comissão de

inquérito à privatização da ANA e assume, perante os portugueses, o compromisso de apresentar e votar essa proposta, assim que abra a próxima Legislatura.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!