I SÉRIE — NÚMERO 40
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A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Estes partidos demonstraram que as famílias podem perder a sua casa; a banca, o fundo, os grandes proprietários é que não podem ficar sem os seus lucros.
Amanhã reunirá o BCE (Banco Central Europeu) e a perspetiva é de que as taxas de juros se manterão elevadas, o que significa que as prestações da casa serão incomportáveis. Significa que a asfixia vai continuar quando há famílias que já não têm onde cortar e não sabem como vão cumprir com as suas responsabilidades.
Daqui saudamos as ações em diversas cidades do País, no próximo dia 27 de janeiro, a exigir uma habitação condigna, uma «Casa para Viver.»
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, basta de injustiças, basta de política de direita protagonizada pelo PS ou por PSD e CDS e seus sucedâneos — a Iniciativa Liberal e o Chega, em que alguns dos destacados dirigentes vieram do PSD e do CDS —, que estiveram de acordo com os cortes nos salários, nas pensões, com a retirada do subsídio de Natal que queriam fazer e que a Constituição impediu, e com a lei dos despejos, que despejou muitas famílias.
Protestos do Deputado do CH Pedro Pinto. Os trabalhadores e o povo aspiram por uma política alternativa, que eleve as suas condições de vida, garanta
os seus direitos e retome os valores de Abril no futuro de Portugal. É este o compromisso que o PCP assume, o compromisso de uma vida melhor.
Aplausos do PCP. Protestos do Deputado do CH Pedro Pinto. O Sr. Presidente: — Para proferir a declaração política, em nome do Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr.
Deputado Pedro Filipe Soares. Protestos do Deputado do CH Pedro Pinto. O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Cantava A Garota Não que
«habitação é uma fratura exposta» em Portugal. Esta frase, numa música que partilha com o rapper Chullage e se chama Não sei o que é que fica, é exemplo da crise da habitação que atualmente assola o nosso País. A crise da habitação está resumida no refrão de quem «só vinha falar de amor», dizia ela, mas que acaba confrontada com o desespero na porta ao lado. Cai uma casa, «cai uma família, fica o azulejo».
Já Gandim, um rapper que gosta de humor também, fez-se acompanhar da Ana Bacalhau para narrar a sua procura por casa, e o título da música diz quase tudo: Rendas altas. O sentimento dele é o de muitos de nós quando somos confrontados pelos preços na selva atual de mercado. «Com os preços que eu vi, até me cuspi», dizia ele.
Protestos do Deputado do CH Pedro Pinto. É um choque olhar para o recibo de vencimento e comparar com os anúncios de arrendamento. Não há
salário que resista. Os «paus», ao fim do mês, só dão mesmo para uma cabana, não para uma casa digna. «Com estas rendas altas ninguém aguenta, sair de casa dos papás nem aos 40», canta também, resumindo, Ana Bacalhau.
Com outro ritmo, mas com o mesmo sentimento, EU.CLIDES canta a brutalidade urbana. «Tê dois, tê um, tê zero, mais um tê, menos um». «Desarrendou, sai, sai.» É a notícia dura que muitas pessoas têm dos seus senhorios, ávidos na especulação, e que lhes nega o direito à habitação.
Estes são três exemplos, três exemplos de músicas sobre o flagelo do mercado da habitação do nosso País, que mostra como a geração dos mais jovens, mas não só, está confrontada com um mercado que lhes nega o direito à habitação. São três exemplos de canções de intervenção, neste século XXI, e que expõem o sentimento popular: a casa está a ser usada para a especulação e não para habitação, como devia.