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II SÉRIE — NÚMERO 18

que possa parecer, os responsáveis da empresa não cuidaram de se preocupar em fazer instalações condignas na Portela, para que os operários possam produzir com o mínimo indispensável de higiene e segurança no trabalho. Três secções que foram transferidas para a Portela foram para umas instalações que são um balão grande de ar insuflado.

Após estas 3 secções terem sido transferidas, foi dado conhecimento aos 130 trabalhadores que se encontram neste momento em Santo Amaro de que iriam todos ser transferidos durante o mês de Maio; nesta altura foi ? comissão de trabalhadores e delegados sindicais indagar junto da administração se existiam instalações na Portela para os respectivos postos de trabalho. • Assim como não existem instalações para todos os postos de trabalho, também não existem balneários nem casos de banho, também o refeitório e respectiva cozinha não estão dimensionados para poder servir todos os trabalhadores com o mínimo de condições indispensáveis.

A juntar a todo este rol de inúmeras arbitrariedades e ilegalidades nesta empresa, o Sr. Engenheiro Marques de Almeida, homem com o pensar de antigamente, do quero, posso e mando, querendo utilizar na empresa a «lei da rolha», comunica à CT e delegados sindicais quais as condições em que os trabalhadores iriam ser transferidos.

Foi convocado plenário pela CT e delegados sindicais. Informados os trabalhadores das condições, decidiram os mesmos que o tratamento a dar quanto à transferência deveria ser o mesmo que foi dado às anteriores e últimas transferências. A administração, na continuação de atitudes de querer impor aquilo que quer e pensa, diz que não, diz fazer as coisas a seu bel-prazer. Assim não pensaram os 130 trabalhadores nesta situação. Dizem os mesmos para a CT e delegados sindicais que deveria, através do diálogo, poder chegar-se a uma acordo colectivo mais variável e justo, que tivesse em conta os prejuízos que cada trabalhador tem em resultado da transferência.

Todas as tentativas por parte dos ORTs foram em vão, esgotadas que foram as hipóteses de resolver este problema pelo diálogo por falta de capacidade e também falta de responsabilidade e desrespeito pela pessoa humana, que é apanágio da administração, mais concretamente do ditador engenheiro Marques de Almeida.

Perante estes acontecimentos, os trabalhadores de Santo Amaro foram perdendo a paciência e a calma e até a falta de confiança neste engenheiro, porque o mesmo já demonstrou neste tempo todo que está na empresa que a sua presença é para dificultar a vida aos trabalhadores, pelo facto de afirmar sucessivas vezes que faz aquilo que quer e entende dentro da empresa.

Num comunicado assinado pelos ORTs, datado de 8 de Abril, foram alertados os trabalhadores para a necessidade de serem encontradas formas necessárias por parte dos mesmos para ser conseguido um acordo mínimo que respeitasse os direitos e garantias no caso das transferências.

Foi mais uma vez informado o engenheiro Marques de Almeida, por parte dos ORTs, que o caso das transferências deveria ter em conta as propostas aprovadas pelos trabalhadores em plenários e que as mesmas apontavam ser possível, através do diálogo, chegar-se

a um acordo definitivo, caso houvesse boa vontade por parte do engenheiro Marques de Almeida.

A resposta dada por este engenheiro não foi para ser resolvido o problema através do diálogo, mas sim por imposição: «Se quiserem aceitar como eu digo, vão; se não quiserem, crio condições para despedir os que não aceitarem.»

No dia 13 de Maio foi comunicado a 4 trabalhadores que no dia 16, segunda-feira, se deveriam apresentar na Portela, sem que até ao momento os trabalhadores tivessem dado o seu acordo de transferência, o que, ao fazer-se a transferência sem o acordo dos mesmos, é ilegal.

Perante tantas arbitrariedades e ilegalidades, assim como atitudes provocatórias por parte do engenheiro, os trabalhadores exigiram dos ORTs um plenário no dia 16, às 9 horas, para análise da situação e medidas a tomar. Foi decidido neste plenário eleger uma comissão, composta por elementos da CT e delegados sindicais, para que os mesmos durante o plenário fossem falar com a administração no sentido de expor que os trabalhadores estariam na disposição de ser transferidos, mas só depois de ser firmado o acordo de transferência. O engenheiro fez orelhas moucas e não quis aceitar mais uma decisão dos trabalhadores em plenário.

Das posições de intransigência da administração, na pessoa do engenheiro, foram os trabalhadores obrigados a ir para a luta, esgotadas que foram todas as formas de diálogo para ultrapassar este diferendo, encontrando-se assim os trabalhadores paralisados desde o dia 16, com permanência de dia e de noite à porta das instalações. Tentou o engenheiro durante todo este tempo utilizar as formas mais repressivas e pides-cas para tentar demover os trabalhadores da sua justa luta e assim poder atingir os seus objectivos do «quero, posso e mando». Solicitou mesmo a intervenção da PSP no dia 17, alegando, para o efeito, que existiam distúrbios ria empresa, quando tudo isto não passava de pura informação sua. Das várias intervenções da PSP resultou uma trabalhadora ferida pelo chefe da polícia do Calvário, facto que se repudia, porque a PSP existe para manter a ordem pública, e não para interferir em questões laborais.

Como se tudo isto não fosse suficiente, o engenheiro, agora numa atitude desesperada, recorre a métodos fascistas, corta a confecção da refeições na empresa, diz não consentir a permanência dos trabalhadores nas instalações, tentando assim vergar os trabalhadores pela fome. Teve da parte dos trabalhadores a resposta merecida: mantêm-se firmes e unidos, decididos a lutar até à resolução do conflito. E, em resposta a todos estes atentados aos direitos e à dignidade dos trabalhadores, respondem os mesmos com calma e serenidade, decidindo confeccionar as refeições à porta da empresa, situação que se mantém.

Solidariedade não é uma palavra vã: têm os trabalhadores da Progresso Mecânico recebido solidariedade de várias formas, quer por parte de trabalhadores de outras empresas, quer da população de Alcântara e arredores. Devem os trabalhadores continuar a saber merecer todas as formas de solidariedade, sendo um factor importante para a unidade e a firmeza dos trabalhadores em luta.

O Conselho de Trabalhadores.