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II SÉRIE — NÚMERO 54

Em cada visita que a Ministra faz às obras são ordenadas modificações. Os remendos ao projecto inicial — uma clínica privada — são já muitos. Não é, pois, de estranhar que onde estava previsto ser uma casa de banho seja instalado o computador e que para onde estava projectada a sala de espera fique agora a sala de partos.

E neste contexto que técnicos do Ministério da Saúde tomaram a decisão de comunicarem a sua recusa em aceitarem qualquer responsabilidade futura sobre o equipamento instalado, cujas características e contratos de assistência desconhecem. Isto ao mesmo tempo que médicos hospitalares colocam sérias reservas quanto à possibilidade de o Hospital de S. Francisco Xavier poder alguma vez ter um verdadeiro serviço de urgências.

(Memorandum, de 6 de Março de 1987.)

Hospital do Restelo recebeu primeiros doentes. (Documento n.° 6) '

Os utentes dos serviços de saúde de Lisboa vão ter uma nova unidade de cuidados clínicos. Trata-se do Hospital do Restelo, ou de S. Francisco Xavier, segundo a terminologia oficial. Contando com uma capacidade inicial de 265 camas, sendo posteriormente alargada para mais 220, aquela unidade tem capacidade para atender, diariamente, 320 urgências. Amanhã, às 12 horas, será a inauguração oficial, mas ontem deram já ali entrada os primeiros doentes, provenientes dos serviços de medicina do Hospital de Egas Moniz.

Depois de muitas vicissitudes, a nova unidade vai, finalmente, abrir as portas. Situação que irá com certeza fazer esquecer muitas polémicas que envolveram a comissão do Ministério de Leonor Beleza em abrir este novo estabelecimento.

Inicialmente previsto para ser inaugurado no final do ano passado, só depois de ultrapassadas diversas questões relacionadas corri a própria comissão instaladora, o Ministério da Saúde conseguiu a conclusão das obras e marcar a abertura inicial, que contará com a presença do Chefe do Governo, do Ministro das Finanças e outros membros do Executivo.

Pelo caminho ficaram as discussões e alguns segredos mal guardados pelo Ministério da Saúde. Assim, soube-se que especialistas portugueses foram substituídos por uma firma inglesa de consultadoria, para instalação do Hospital, e em determinado período chegou mesmo a falar-se da possibilidade de intervenção da Alta Autoridade contra a Corrupção. Em causa estavam as verbas entretanto despendidas.

«O custo total do Hospital de S. Francisco Xavier foi de três milhões de contos», salientou ao DN Costa Freitas, assessor da comissão instaladora.

A história desta unidade hospitalar remonta a 1969, quando um grupo de médicos pretendia construir, na zona do Restelo, uma clínica de luxo. O local não poderia ser melhor escolhido. Nas cercanias do Parque de Monsanto, entre a Avenida das Descobertas e o Alto do Duque, o hospital desfruta de uma situação de privilégio.

Com a eclosão do 25 de Abril, esta iniciativa foi suspensa e esteve congelada até 1979. Nessa data, uma companhia de seguros, com interesses noutro hospital,

comprou o edifício. A perspectiva da seguradora era transferir para ali o Hospital da CUF, que lhe pertencia.

Em Maio de 1986 o Ministério da Saúde resolveu adquirir o imóvel e o equipamento já instalado.

Segundo o DN entretanto apurou, o contrato de compra implicava que a empresa construtora concluísse, até Fevereiro, as obras da unidade hospitalar.

No entanto, e apesar destas peripécias, as obras encontram-se concluídas, e na breve visita que, finalmente, o DN conseguiu fazer ao Hospital de S. Francisco Xavier foi possível registar a entrada dos primeiros doentes numa unidade em que cada cama custa 10 000 contos e que não tem qualquer comparação com os hospitais civis que servem a região de Lisboa.

«Queremos com esta unidade transformar a imagem do hospital do Estado», frisou ao nosso jornal o assessor da comissão instaladora.

Os objectivos principais a cumprir por esta unidade, na perspectiva do Governo, são a criação de um terceiro pólo de urgências na área metropolitana de Lisboa e dotar de recursos clínicos próprios uma zona carenciada. O terceiro objectivo anunciado pelo Ministério da Saúde, e que é «proporcionar a inovação tecnológica nos domínios que abrange», está totalmente cumprido.

Assim, existem algumas maravilhas da técnica mais sofisticada, como o aparelho de TAC, que ira funcionar 24 horas por dia e que custou 200 000 contos. Tal aparelho, que se destina a observações radiológicas ao cérebro e estômago, poderá entrar em funcionamento já na segunda-feira.

Por outro lado, o laboratório de análises, sob a responsabilidade da médica Esperança Pina, dispõe de equipamento do mais moderno que há no País, nomeadamente um aparelho de coagulação.

Neste departamento do Hospital de S. Francisco Xavier, que também irá funcionar 24 sobre 24 horas, as análieses serão realizadas de acordo com a responsável do laboratório, «mais rapidamente e com melhor qualidade».

Mas onde as características do novo hospital se assemelham mais às necessidades de uma unidade de cuidados clínicos do nosso tempo é no capítulo da informatização, que é total.

Existe, com efeito, uma rede de informática que irá permitir uma grande eficácia na gestão de pessoal e dos doentes, dos laboratórios e das consultas externas. No serviço de urgência tivemos oportunidade de confirmar a eficácia do sistema. À entrada do doente, apenas será necessário fornecer o seu primeiro e último nome, bem como a data do nascimento. Depois, a informática trata do resto. À medida que o doente é encaminhado pelos diversos departamentos dos serviços de urgência, as informações clínicas serão acrescentadas à ficha e sistematizadas pelos vários terminais.

De acordo com o que nos referiu Costa Freitas, este novo hospital destina-se à população da zona oriental de Lisboa e dos concelhos de Oeiras e Algés, estimada em cerca de 300 mil almas. Para optimizar a utilização da nova unidade, que não irá, só por si, resolver as graves carências dos actuais serviços de urgência, está prevista a sua coordenação com os Hospitais de S. José e Egas Moniz, no que respeita a áreas de jurisdição. No entanto, um problema ainda subsiste. Com cerca de 850 trabalhadores, o novo hospital vai encontrar