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II SÉRIE-A — NÚMERO 3

Na capela-mor evidencia-se a tribuna majestosa e atraente, onde avulta uma grande cruz sustentando a imagem de Cristo morto, em tamanho natural e talhada com uma perfeição invulgar, que esmiuça a anatomia humana até ao mais pequeno pormenor e espelha o reflexo da divindade, inspirando toda a pureza sentimental da fé cristã e dignificando a escultura religiosa do século xvii.

Na parte da esquerda, apoiadas em mísulas estilizadas, vêem-se duas imagens marianas, ambas primorosas: uma de Nossa Senhora do Rosário com o Menino ao colo, do século xviu, e outra do Sagrado Coração de Maria, do começo do século xix.

A seguir ao arco cruzeiro, de cada lado da nave, há dois altares com evidentes características joaninas: magnificência ornamental que resulta das formas curvilíneas, dos medalhões e do uso da concha.

No primeiro altar da esquerda sobressai a imagem do Sagrado Coração de Jesus, obra feliz do escultor Vieira Bracarense (século xix), e no segundo da direita pode contemplar-se a belíssima imagem de Nossa Senhora da Piedade, obra do século xviu.

Quer dos lados do altar-mor quer nos altares da nave, em mísulas e nichos bem distribuídos, encontram--se muitas imagens de talhe moderno, que respondem às invocações tradicionais e predilectas da piedade cristã da população.

Debaixo do coro e no canto esquerdo assenta a pia baptismal de granito cor-de-rosa e forma oitavada, sob um arco decorado com um painel de azulejos que evoca o episódio solene do baptistmo de Jesus no rio Jordão.

No frontispício joanino da igreja, sobre a porta principal, voltada para o Ocidente, em nicho altaneiro, de pé e exposto ao sol, à chuva e a todas as intempéries, enquadra-se um Santiago de pedra a definir e a proclamar o seu título patronal.

Encostada ao lado direito da igreja, e a substituir o campanário primitivo, ergue-se uma torre construída em 1857, com uma cúpula em forma de bolbo e três sinos, entre os quais o chamado «sino grande», cujas badaladas se repercutem nas encostas e enchem o vale com efusões de alegria quando tocam a festa e com suspiros de angústia quando dobram a finados.

Constituem o tesouro da igreja paroquial quatro peças preciosas: um vistoso e rico ostensório do século xviu, duas cruzes de prata que abrem as procissões e fazem a visita pascal (compasso) e uma relíquia do Santo Lenho, encastoada numa cruz gótica, também de prata, oferecida à Igreja Paroquial de Santiago de Caldelas pelo P.e João Martins de Freitas.

Em meados do século xviu, quando foi reedificada, a igreja paroquial era muito grande para a população da freguesia; mas hoje acontece o contrário: é demasiado pequena. Por isso, nos últimos anos surgiu e generalizou-se a ideia de alargar a igreja. As obras de ampliação estão em curso e, dentro de pouco tempo, a largura da capela-mor ficará sensivelmente igual ao comprimento da nave.

b) A capela do Senhor da Saúde

Descendo a Rua do P.c João Martins de Freitas, ao chegar à avenida, depara-se com a capela do Senhor da Saúde à direita. É uma capela revestida exteriormente de azulejos.

No retábulo por detrás do altar, uma linda imagem de Jesus, de tamanho natural, com uma túnica de veludo roxo, cingida à cintura com uma corda, vergada sob o peso de uma enorme cruz de madeira, com o rosto sulcado pela tortura do sofrimento e olhar compassivo de imolação voluntária, a evocar a subida dolorosa e redentora do Calvário: é o Senhor da Saúde a despertar e a atrair a piedade e a fé das redondezas com esperanças radiosas de cura e de milagre.

Faz companhia ao Senhor da Saúde uma Senhora das Dores, também vestida de roxo, de olhar baixo, esmagada pela dor, mas inteiramente solidária com o martírio voluntário do Filho.

A capela do Senhor da Saúde, propriedade da Irmandade do Santíssimo Sacramento da freguesia de Caldelas, foi edificada em 1819 e reconstruída em 1906.

Durante muito tempo, por se situar perto da igreja paroquial, a capela do Senhor da Saúde esteve habitualmente fechada e semi-esquecida do culto, abrindo--se apenas por ocasião de cerimónias especiais ou da visita de romeiros.

Em 1958 a capela do Senhor da Saúde foi remodelada e, a partir de então, começou a ser carinhosamente tratada, mantendo-se aberta ao longo do ano e todos os dias. Assim, reavivou-se a devoção ao Senhor da Saúde, retomou-se a tradição da sua festa anual e solene no primeiro domingo de Setembro, cresceu a afluência de romeiros que, de perto e de longe, trazem ao Senhor da Saúde os tradicionais cantos de oração e as suas promessas convertidas em cera, dinheiro e ouro.

c) A capela de Santo Ovídio

No topo do pitoresco lugar de Sernadela e numa plataforma natural da encosta situa-se a capela de Santo Ovídio. Trata-se de uma jóia simples e preciosa de estilo joanino.

É uma capela traçada em cruz de braços iguais e abobadada, com um belíssimo retábulo onde se enquadra a imagem do titular, Santo Ovídio, terceiro arcebispo de Braga, de mitra e báculo, em posição de abençoar.

Numa lápide frontal está gravada a seguinte inscrição, que identifica o fundador e assinala a data da construção:

Jose Alves de Azevedo, sargento-mor na Comarca das Minas Gerais do Rio das Mortes, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, natural da cidade de Braga, mandou fazer esta capela no ano de 1739. [Versão actualizada.]

Com a construção da actual capela desapareceu de todo a ermida primitiva que esteve na origem da devoção a Santo Ovídio no local e que não deixou qualquer vestígio.

Na evolução fonética do povo o nome erudito de Santo Ovídio deu o nome popular de «Sant'Ouvido».

É muito provável que a fonética popular de Sant'Ou-vido tenha influído, de algum modo, na origem da tradição que piedosamente confia à intercessão sobrenatural de Santo Ovídio todas as doenças dos ouvidos.

Ao longo do ano são frequentes os romeiros que sobem, em grupos, até à capela de Santo Ovídio para cumprirem promessas, oferecendo a «Sant'Ouvidinho» (invocação carinhosa e grata na piedade popular)