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1008 | II Série A - Número 033 | 12 de Outubro de 2002

 

areia até à conclusão das mencionadas sementeiras e seus reparos.
O revestimento florestal, remédio que os ovarenses julgaram aconselhável, deu como resultado a formação duma extensa mata ou pinhal, denominado tapagens, estrumada ou monte municipal.
A estrumada devia corresponder à estromeira a que se referem documentos da Idade Média (Ovar na Idade Média, 1967).

7 - A conquista do litoral - os marmoteiros do Douro (1725-1759), a Afurada, a Capela da Senhora do Bom Sucesso ou de S. Paio (1732), o levante dos pescadores (1737), e a fundação de Espinho (1749). As cartas na costa do Furadouro em 1763

Entre 1725 e 1759, pelo menos, os pescadores ovarenses encontram-se no rio Douro, onde, são conhecidos por marmoteiros. E, como nos séculos XVI e XVII, não se fixam nos lugares que atingem, a norte e sul do Furadouro, continuando a regressar a Ovar.
A Afurada, povoação piscatória na margem esquerda do rio Douro, junto à sua foz, deve ter sido fundada por pescadores de Ovar. Para Oscar Fangueiro (Notícias de Ovar, de 3 de Junho de 1999), porém "não há factos históricos que confirmem a sua fundação por gentes oriundas de Ovar".
Deve ter sido construída em 1732 a Capela de N.ª Sr.ª do Bom Sucesso, por pescadores de Ovar, em pleno areal, entre o mar e a ria, no lugar da Torreira. Neste ano lavrou-se contrato de fiança para a construção da Capela, também denominada Capela de S. Paio.
Deixou de pertencer à paróquia de Ovar, por portaria de 10 de Setembro de 1856, tuas, antes da sua transferência para a paróquia de Santa Maria da Murtosa; os pescadores subtraíram-lhe a imagem de N.ª Sr.ª do Bom Sucesso, actualmente pertença da Misericórdia.
Os pescadores, formando uma classe numerosa e coesa, estiveram presentes em muitos acontecimentos da cidade de Ovar. Em 1737 originaram um grave motim visando António Pereira Valente, que foi familiar do Santo Ofício, alferes de ordenanças e juiz ordinário.
A cidade de Espinho teve origem numa colónia de pescadores da praia do Furadouro. Para o Padre António André de Lima (1866-1933), filho de pescadores, que foi abade da freguesia de Esmoriz, de 1905 a 1933, a colónia de Espinho foi fundada por pescadores de Ovar, "antes de 1737, porque a 17 de Junho, e dias seguintes, desse ano, houve em Ovar uma revolta contra o administrador do pinhal da Estrumada, que vinha de ser semeado, e segundo a tradição, nela tomaram parte pescadores das costas de Espinho, Torreira e S. Jacinto.
Mas, para o mesmo Padre André de Lima, só depois de 1771 é que os pescadores do Furadouro que trabalhavam na praia de Espinho "começaram a baptizar os seus filhos na freguesia de Anta, de que Espinho era lugarejo e a enterrar os seus mortos depois de 1774" (Apontamentos para a história da praia de Espinho).
Segundo o Padre Aires de Amorim, "a existência dos vareiros em Espinho data, pelo menos, de 1749". Neste ano, Manuel Pereira, de Ovar, manifestou um pipa do maduro, para vender na praia; e, em 1753, Manuel Pinto, também de Ovar, manifestou seis.
Sabemos, refere ainda o Padre Aires de Amorim, "que os vareiros começaram a estabelecer-se em Espinho no século XVIII. Segundo ordens régias de 1778 e 79, foram concedidas 302x133 varas de superfície de areal a 29 foreiros de Ovar, residentes em Espinho, para as suas habitações. No ano seguinte a Câmara Municipal da Feira condenou 42 moradores, por terem feito 48 casas de tabuado, nos bens do concelho, sendo 34 de Ovar".
Em 1777, Espinho tinha 48 palheiros, pertencentes a 46 moradores, sendo 34 de Ovar.
Os pescadores da Companha Nova de S. José de Espinho, que trabalhou, pelo menos, até 1793, eram todos de Ovar, segundo ainda nos elucida o Padre Aires de Amorim.
Por último, Joaquim Tato, nos Subsídios para a história de Espinho, refere que "os primeiros ovarenses que para aqui vieram eram independentes quanto a cumprir os preceitos de nascimentos, baptizados e mortos, pois estas cerimónias eram realizadas nas suas terras. Finda a época regressavam com os seus barcos e as redes. Daí é que só mais tarde apareceram registos na freguesia de Anta! Quando andei a verificar os registos no tempo do Padre Paulo José da Foz, da referida freguesia, em 1759, no livro de registos de 1774, encontrei o assento de. óbito de Maria de Oliveira, de Ribas de Ovar, e no ano de 1771, o do baptismo de um indivíduo nascido na costa de Espinho. Foram estes os primeiros assentos que se encontraram".
A companha do Ala, de Ovar, em 1810 e 1818 trabalhava na costa de Espinho.
Em 1811, fez-se em Espinho "a escritura da Companha de S. José de Ribamar, composta de 102 pescadores de Ovar e assistentes na dita praia de Espinho" (Padre Aires de Amorim).
"Foram os pescadores de Ovar que, das costas do Furadouro trouxeram o culto de Nossa Senhora da Ajuda para Espinho" (Francisco Azevedo Brandão, O culto de Nossa Senhora da Ajuda em Espinho).
Em 1763; uma relação dos Rendimentos da Comarca da Feira refere que na costa de Ovar (Furadouro) trabalham ao presente 16 artes; tem mais as Artes que pescam no distrito de N.ª Sr.ª das Areias (S. Jacinto) e não costumam ter número certo; tem mais as Artes que pescam no distrito da Costa acima (Espinho) - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - Relação das Rendas da Casa da Feira, 1763, Tombo de Ovar; fol. 304.
Para a Dr.ª Inês Amorim (Aveiro e sua provedoria no século XVIII - 1690 - 1814, Faculdade de Letras do Porto. Curso de História, 1996), "mesmo que se trate de chinchorros, que documentos da época (Memórias Paroquiais de Paramos e de Esmoriz) indicam ter de 30 a 40 homens, diríamos que, só frente a Ovar, no Furadouro, trabalhavam entre 480 a 640 homens, fora as de Espinho e S. Jacinto Em 1801 já se estima perto de 666 pescadores, exclusivamente na freguesia de Ovar, sem contar com os portos a norte".

8 - Os piratas argelinos(1754). O drama marítimo "Os Hallas".

Com as artes pequenas ou chinchorros "não se atreviam os pescadores a afastar-se muito da Costa, mas havia então outro perigo de que eles se temiam ainda mais do que as ondas: eram o piratas argelinos. Em Julho de 1738, ao perseguirem uma caravela portuguesa, alguns deles encalharam com o seu barco e foram presos una praia de Esmoriz. Em Abril e Maio de 1754, fizeram grandes devastações por esta costa, principalmente em Ovar" (Miguel de Oliveira, Ovar na Idade Média, 1967).
Um folheto de cordel, intitulado Relaçam do roubo, e piratarias que nas costas do Norte deste Reyno, principalmente no Var districto da cidade do Porto, fizeram os corsários