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1012 | II Série A - Número 033 | 12 de Outubro de 2002

 

A estrada, melhoramento que muito beneficiou a principal e quase única indústria da freguesia - a da pesca no Furadouro -, foi aformoseada em 1879, de Ovar ao Carregal, com a plantação de eucaliptos de ambos os lados. Do Carregal à praia não foi possível vingar quaisquer árvores.
Na sessão de 1 de Novembro de 1928, o vice-presidente da Comissão Administrativa, Afonso José Martins Júnior, propôs a substituição do macadame - por paralelipípedos, o que foi aprovado por unanimidade, e o vereador António Ferreira Brandão, dado ser impossível aquela substituição sem que desaparecessem os eucaliptos, propôs que estes fossem vendidos em hasta pública, o que foi também aprovado por unanimidade. Os eucaliptos foram então objecto de várias arrematações e substituições por plátanos, entre 1929 e 1933.
Em 1930 foram arrematados os paralelipípedos para a estrada do Furadouro.
Na sessão de 27 de Novembro de 1923 foi aprovado, por unanimidade, que à estrada que liga Ovar com a praia do Furadouro, vulgarmente chamada "Estrada do Furadouro", se lhe desse oficialmente esta denominação. A 13 de Setembro de 1935 foi inaugurada a iluminação de toda a estrada; em 1960 começou a ser utilizada a pista para ciclistas e peões construída pela Junta Autónoma; em 1968 começou a ser alargada a faixa de rodagem de 6 para 7 metros e recoberta com tapete betuminoso.
Em 1979, a Câmara Municipal deu o nome de Avenida da Régua à parte da Estrada do Furadouro que liga o Alto Saboga com o cruzamento do Carregal; e, a 25 de Julho de 1984, nas Comemorações dá elevação de Ovar a cidade, o Presidente da República, General Ramalho Eanes, inaugurou a Avenida do Emigrante, ligando o Carregal à praia do Furadouro (Praça da Varina). Esta última designação tinha sido aprovada pela Câmara Municipal a 21 de Março desse ano.
Em 1884, já macadamizada, a estrada era percorrida por diligências e char-à-bancs para passageiros e mobílias que partiam da estação do caminho-de-ferro e da Praça para o Furadouro de meia em meia hora.
Desde 8 de Setembro de 1912 ficou estabelecida uma carreira diária de automóveis ente Ovar e o Furadouro, carreira essa feita por dois automóveis, um pertencente a Abel Guedes de Pinho, o Abel das Máquinas, dos Gabões e das barbas, e o outro a Manuel Joaquim Rodrigues.
Em 1924 foi inaugurado o serviço de transportes entre Ovar e a praia por uma camioneta.

13 - A Assembleia do Furadouro (1883)

Na época balnear de 1882 alguns cidadãos associaram-se para arrendar uma casa na praia do Furadouro onde as suas famílias pudessem reunir-se. Parecendo, porém, a Manuel Fernandes Ribeiro da Costa, que foi vereador em Câmaras aralistas (1880-1886), que facilmente se podia sustentar urna assembleia naquela praia, construiu um prédio com tal finalidade.
Inaugurada a 2 de Setembro de 1883, a Assembleia do Furadouro, veio esta a ter novo edifício em 1891-1892, prédio que em 1957 foi vendido à firma David Dias de Resende & Filhos, da cidade de Ovar.

14 - A pesca - a tracção animal (1884-1968). O porco do Furadouro em 1886

Em 1890 (Pesca. 1.ª parte. Inquérito industrial), no Furadouro, "efectuado o regresso do barco, são as juntas de bois distribuídas pelo roceiro e mão de barca, os quais alam por intermédio de pequenos cabos, que partindo da canga, e munidos de grande trambelho ou chicote, facilmente se ligam ou soltam dos cabos da rede".
Já se referiu que a tracção animal se deve ter iniciado no Furadouro em 1884 se vigorou até à morte da última companha, a de S. Pedro, em 1968.
Em 1956 cada companha empregava 14 juntas de bois, 7 para puxar cada cala.
Através da obra de A. A. Baldaque da Silva, Estado actual das pescas em Portugal, compreendendo a pesca marítima, fluvial e lacustre em todo o Continente do Reina, referido ao ano de 1886; podemos comparar o Furadouro com os portos de pesca vizinhos e ainda com os portos de todo o País.
Em número de pessoas empregadas na pesca, estava o Furadouro igualado à Costa Nova (600), acima; ao norte, somente a Póvoa de Varzim (4500), ao centro, Lisboa (892), Caparica (780) e Setúbal (2387), e, ao sul, Olhão - Fuzeta (1162), Tavira (748) e Monte Gordo (1848). No departamento marítimo do norte, que se estendia de Caminha à Figueira da Foz, o porto do Furadouro estava, assim, em 2.º lugar, ao lado da Costa Nova, em número de pescadores.
A maior parte da sardinha que então se apanhava no Furadouro era salgada e consumida no reino e alguma era exportada para Espanha.

15 - Hotel Cerveira (1886) - a família Cerveira. Os primeiros postais ilustrados (1904). A hotelaria no Furadouro. Os cafés da praia

A família Cerveira é originária do concelho da Mealhada. José Luís da Silva Cerveira nasceu em 1866, na Vacariça, concelho da Mealhada, e casou (1886) com Maria do Rosário Soares Cerveira.
Em Julho de 1886; Silva Cerveira inaugurou na praia do Furadouro um grande estabelecimento que, em 1905, era composto por hotel, restaurante, café, bilhares e mercearia.
Em Novembro de 1904, editou os primeiros postais ilustrados de Ovar.
Silva Cerveira veio a falecer, a 20 de Julho de 1909, com 43 anos.
O hotel e o café arderam a 25 de Julho de 1911. Neste ano, a 11 de Novembro; na Igreja de Ovar, a filha de Silva Cerveira, Maria Emília Soares da Silva Cerveira (falecido 1979), casou com Jacinto dos Santos Cunha (falecido 1978, com 98 anos), proprietário do Café Santos, da Avenida Central da praia do Furadouro.
Do casal Santos foi sucessora sua sobrinha Maria Emília Santos Silveira Rodrigues Fernandes, que casou (1961) com Horácio Humberto Rodrigues Fernandes, distinto funcionário da Caixa Geral de Depósitos em Ovar.
Quanto à praia do Furadouro devem-se referir as seguintes hospedarias e hotéis:

- Hospedaria Nogueira, citada já em 1884.
- Hotel Cerveira, inaugurado em Julho de 1886, propriedade de José Luís da Silva Cerveira.
- Hotel da Praia, que abriu as portas a 1de Julho de 1904, na Avenida Central.
- Hotel Vinagre, na Avenida Central, já aberto em 1914 (actual talho Gama).
- Hotel Ovarense, aberto em 1917.
- Pensão Beira-Mar, no Largo Machado dos Santos, propriedade de Leopoldo Raimundo e António Coelho, inaugurado em 1935.