O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

2374 | II Série A - Número 056 | 03 de Maio de 2004

 

da cidade do Cartaxo, sede de concelho com a mesma designação, ao qual pertence.
É sede da freguesia com o mesmo nome, com uma população aproximadamente de 1450 habitantes, pelo último Censo de 2001, apresentando um crescimento populacional de cerca de 15% comparativamente aos resultados oficiais apurados em 1991.
A data da sua criação é desconhecida. No entanto,constitui a freguesia mais antiga do concelho do Cartaxo, no distrito de Santarém.
As fronteiras geográficas da freguesia de Vale da Pinta fazem-na confinar a nascente com a cidade do Cartaxo, a poente com a freguesia da Ereira, ao norte com Vila Nova de S. Pedro, no vizinho concelho de Azambuja, e a sul com a freguesia de Pontével, no concelho do Cartaxo.
A freguesia tem uma área total de cerca de 9,2 Km2 ou 916,414 hectares, abrangendo os lugares do Alto do Sol-Posto, Sousas, Precateira, Engôu, Desembargador, Casais das Lameiras, Vale de Gatos e Courelas.
Vale da Pinta insere-se numa região onde o cultivo da vinha contribui para os afamados vinhos do Ribatejo e os seus principais locais recomendados para visita são: o Poço de S. Bartolomeu, a Igreja Matriz e os restos da Capela de S. Gens.
A Igreja Matriz, que já aparece mencionada no século XIV, tem na sua construção alguns vestígios árabes e acredita-se que terá pertencido à Ordem dos Templários. No seu interior podem encontrar-se vários fragmentos de peças religiosas com bastante valor.
A população de Vale da Pinta, cujo apego ao trabalho é bem reconhecido, também tem manifestado ao longo dos tempos o gosto pelas festas e pelas romarias. Merecem por isso especial destaque as festas populares e de celebração religiosa, com carácter anual, realizadas na última semana de Agosto, em honra da padroeira Nossa Senhora da Graça.

II - Razões de ordem histórica

A julgar pela palavra "Pinta", o povoamento do território desta freguesia deve remontar a eras pré e proto-históricas. No entanto, são várias as possibilidades históricas sobre a origem do nome "Vale da Pinta", admitindo-se que a designação não deve ser anterior ao séc. XII.
Pode ter resultado de um atributo arqueológico, numa expressão como "pedra pinta", ou ainda da transposição da denominação de uma notável estação arqueológica de pinturas rupestres designada por "Pala de Pito".
No entanto, de acordo com outras opiniões, a origem do nome "Vale da Pinta" pode também ter resultado da existência de um vale pertencente a uma mulher, com o sobrenome Pinta, ou Pinto. O local ao qual se atribuiu esta origem é, nos nossos dias, conhecido como Vale das Hortas Velhas.
Adquirido é o facto de esta ser considerada a freguesia mais antiga do concelho do Cartaxo, desconhecendo-se, todavia, a data específica da sua criação, como se pode verificar numa notícia do Dicionário Geográfico de Portugal Manuscrito, que se encontra na Torre do Tombo, t.IX, fl. 1023, n.º 160, sobre o Cartaxo.
Neste documento referem-se algumas freguesias vizinhas e faz-se uma menção ao pároco da vila do Cartaxo que distinguia Vale da Pinta das outras com o epíteto: "... al antigua Val da Pinta...".
De acordo com a História de Portugal e com algumas crónicas de historiadores, Vale da Pinta remonta ao princípio da nacionalidade portuguesa e está intimamente ligada a vários factos históricos de grande importância, com particular destaque para as conquistas cristãs contra os mouros, do primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques.
Conta a lenda que D. Afonso Henriques, pretendendo reconquistar Santarém aos mouros, terá reunido as suas forças em Leiria, para seguidamente as colocar em marcha pela antiga via romana a poente da Serra dos Albardos e, seguindo por Rio Maior, continuou a sua marcha por Alcoentrinho até à Ereira.
Seguindo este relato, a 24 de Julho de 1139 as tropas cristãs fazem paragem em Vale da Pinta, onde se constitui o ponto de partida para o campo de batalha.
É aqui instalado que o Rei D. Afonso Henriques conhece o poço onde os mouros iam matar a sede e é na primitiva e original Capela de S. Gens que ouve missa e comunga com os seus oficiais, para implorar - de acordo com a tradição religiosa - a protecção divina para o êxito da conquista.
Um dia depois, em 25 de Julho de 1139, a batalha é travada nas Chãs de Ourique, com pesadas baixas de ambos os lados. Atendendo aos escassos recursos de que dispunha, D. Afonso Henriques limitou a última fase da batalha à perseguição dos mouros até ao Vale de Santarém.
Porém, após a batalha reuniu os seus oficiais no Alto do Sol-Posto, em Vale da Pinta, onde foi novamente aclamado por todos como Rei de Portugal.
Nesta batalha ter-se-á distinguido o Conde D. Gonçalo Viegas de Sousa, pelo que D. Afonso Henriques o nomeou seu lugar-tenente e lhe doou os terrenos situados em Vale da Pinta designados como sendo "os dos Sousas", mantendo-se posteriormente e por herança na posse dos Sousas - seus descendentes.
É neste contexto místico e lendário que ainda hoje se encontra a designação deste local, na freguesia de Vale da Pinta.
Simultaneamente, é curioso verificar que a Ereira, Vale da Pinta e Vila Chã são povoações intimamente ligadas, pelo menos de acordo com a lenda histórica, às conquistas e incursões cristãs do primeiro Rei de Portugal contra os mouros, na sua contínua expansão territorial, aumentando a dimensão do reino para sul.
Quase um século depois, em 1225, o nome de Vale da Pinta aparece novamente referenciado na História de Portugal, através de D. Sancho II, o quarto Rei de Portugal.
É neste ano que D. Sancho II concede ao chanceler Pêro Pacheco os terrenos do "Reguengo do Cartaxo", com a condição, entre outras, de construir uma albergaria para aí socorrer os enfermos e os pobres, mas também poder acolher os forasteiros visitantes.
Nesse documento de concessão vêm indicadas as confrontações do "Reguengo do Cartaxo" e aí consta, pela primeira vez, a identificação do lugar de Vale da Pinta.
Todavia, esta cedência a Pêro Pacheco não foi integralmente aproveitada e em 1312, não existindo a albergaria, D. Dinis recorre ao processo mais utilizado na época para