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UTAO | PARECER TÉCNICO n.º 2/2017 • Análise à Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2018

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II.2 Riscos associados ao cenário macroeconómico 13 O cenário macroeconómico apresentado no OE/2018, como exercício de previsão que é, está sujeito a um conjunto de riscos externos e internos, os quais comportam um nível de

incerteza de difícil ponderação. Em geral, o cenário macroeconómico do OE/2018 enquadra-se nos

de outras instituições e apresenta-se como plausível, com riscos ascendentes e descendentes que

parecem estar devidamente balanceados. Apresentam-se de seguida alguns desses riscos, os quais

decorrem em grande medida de fatores exógenos.

14 Uma eventual modificação do contexto atual das taxas de juro baixas poderá agravar os custos de financiamento das economias mais vulneráveis. Os mercados financeiros têm sido

caracterizados por baixos níveis de taxas de juro e medidas de política monetária não

convencional no sentido de promover a concessão de crédito à economia real. Este contexto

monetário tem enquadrado as políticas económicas dos países europeus, tendo os países

periféricos beneficiado ao nível da melhoria das condições de financiamento. Isto é, apesar de

persistirem perturbações ao nível do mecanismo de transmissão da política monetária para a

economia real foi criado um contexto de baixas taxas de juro e de custos de financiamento mais

reduzidos especialmente importantes para os agentes económicos com necessidades de

financiamento, como é o caso das administrações públicas na economia portuguesa. Uma eventual

alteração deste contexto, relativamente ao qual têm vindo a ser dados sinais por parte das

autoridades monetárias, tenderá a provocar alterações no funcionamento das economias mais

vulneráveis, com correção dos preços dos ativos, instabilidade financeira e aumento dos custos de

financiamento. Com efeito, o ciclo de subida das taxas de juro já foi iniciado por parte da Reserva

Federal, podendo vir a ser alargado à área do euro com o fim do programa de estímulos

monetários do Banco Central Europeu. A contrabalançar este risco, no caso da economia

portuguesa, está prevista a continuação da capacidade líquida de financiamento face ao exterior.

No caso da economia portuguesa, também devem ser salientadas as recentes alterações positivas

ao nível das notações de risco de crédito por parte das principais agências de rating, as quais

tendem a contrariar os riscos acima referidos.

15 No contexto nacional, o crescimento esperado para o investimento no cenário do OE/2018 suporta-se sobretudo no setor público, existindo riscos positivos e negativos de

transmissão ao setor privado. A concretização de um cenário mais positivo para o investimento

privado poderia repercutir-se numa recuperação mais acentuada do mercado de trabalho com

efeitos positivos sobre a procura doméstica, mas com efeitos mistos sobre o ajustamento externo.

Em todo o caso, o investimento público e privado está também muito dependente de fundos

comunitários e de uma dinâmica de aprovação de projetos de investimento que não se tem

manifestado de acordo com as expectativas.

16 Ainda no contexto nacional, eventuais debilidades ao nível do sistema bancário podem constituir um risco para a concretização do cenário macroeconómico, perante os níveis

ainda elevados de crédito em incumprimento e baixa rendibilidade.O eventual surgimento de

necessidades de capital no sistema bancário nacional poderá surgir associada a intervenções do

Estado, com impacto para o programa de consolidação orçamental.

2 DE NOVEMBRO DE 2017______________________________________________________________________________________________________________

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