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23 DE SETEMBRO DE 2021

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crianças que fazem bullying usam o seu poder, por exemplo a sua força física, para controlar, prejudicar ou

humilhar outras crianças. Assim, geralmente quem agride é o mais forte ou está em maior número do que a

vítima, que é o que acontece quando um grupo de crianças agride um colega.

Os comportamentos agressivos repetem-se no tempo, acontecendo mais do que uma vez, podendo ocorrer

durante ou depois das horas escolares, dentro ou fora da escola, nomeadamente nos espaços em redor desta

ou em meios de transporte, mas também na Internet, por exemplo nas redes sociais.

O bullying pode assumir diversas formas2:

• Bullying físico, no qual a criança usa a sua força física para magoar outra criança, nomeadamente bater,

empurrar, rasgar roupa e/ou estragar objetos, bem como roubar dinheiro ou outros objetos pessoais;

• Bullying verbal, no qual a criança utiliza palavras ou gestos para humilhar outra criança, ao ameaçar,

intimidar, insultar, usar sarcasmo ou ridicularizar;

• Bullying relacional ou social, que se traduz em comportamentos que visam isolar outra criança do mesmo

grupo de colegas ao deixá-lo de parte (trabalhos de grupo e/ou jogos), contar «mexericos», inventar mentiras,

espalhar rumores ou comentários negativos e humilhantes ou usá-lo como bode expiatório;

• Bullying sexual, nos casos em que a criança profere insultos ou faz comentários de natureza sexual ou

força outra à prática de atos sexuais;

• Cyberbullying, através da utilização de telemóveis, e-mails, chat e redes sociais para espalhar informação

falsa, assediar/perseguir, incomodar e/ou insultar;

• Bullying homofóbico, motivado pelo preconceito em relação à orientação sexual ou identidade de género

de outra pessoa, o qual pode tomar a forma de bullying físico, sexual, verbal, social e/ou cyberbullying.

O bullying tem consequências devastadoras para a sua vítima, podendo acarretar um conjunto variado de

sintomas e de consequências decorrentes da experiência de vitimação, nomeadamente lesões físicas; mal-estar

físico associado à frequência escolar ou sem razão médica aparente, como dores de cabeça e/ou de estômago,

náuseas, insónias e/ou pesadelos; receio, desconforto e recusa em frequentar a escola; fugas da escola;

diminuição do rendimento escolar e da assiduidade; evitamento de conversas em torno do tema «escola»;

afastamento em relação à família/pais e amigos/as e, ainda, violência autoinfligida, como comportamentos de

automutilação, ideação suicida e tentativas de suicídio3. De facto, estudos indicam que o bullying persistente

pode originar ou agravar sentimentos de isolamento, rejeição, exclusão e desespero, bem como depressão e

ansiedade, que podem ter como consequência comportamentos suicidas4.

De acordo com dados divulgados pela UNICEF no relatório An Everyday Lesson: #ENDviolence in schools5,

mais de metade dos alunos em todo o mundo com idades entre os 13 e os 15 anos, que representam cerca de

150 milhões de jovens, relatam ter passado por violência entre pares na escola ou nas imediações desta. A

UNICEF classifica o bullying como «uma componente perversa da educação dos jovens de todo o mundo», cujo

«impacto na aprendizagem e no bem-estar é semelhante tanto nos países ricos, como nos pobres».

Uma das fontes utilizadas para a elaboração deste relatório foram dados do Health Behaviour in School-aged

Children Study 2013/20146, que, no que diz respeito a Portugal, revela que 38% dos adolescentes com idades

entre os 13 e os 15 anos reportaram ter sofrido bullying na escola nos meses anteriores; 31% dos adolescentes

entre os 11 e 15 anos relataram praticar bullying contra pares na escola pelo menos uma vez nos últimos dois

meses e que quase metade (46%) dos adolescentes dos 13 aos 15 anos indicaram ter sofrido bullying pelo

menos uma vez nos dois últimos meses e/ou terem estado envolvidos em confrontos físicos pelo menos uma

vez no último ano.

Nos processos de apoio iniciados ou em acompanhamento pela APAV em 2019, foram identificadas 150

situações de bullying, numa média de 3 casos por semana. Já em 2018, foram identificados 86 casos de bullying

nos processos de apoio7.

De acordo com o estudo nacional sobre o ambiente escolar, de 2018, promovido pela ILGA8, 36,8% dos

2 No Bully Portugal – Bullying e APAV para jovens/O que é? 3 https://apav.pt/apav_v3/images/pdf/FI_Bullying_2020.pdf. 4 Fatos sobre o bullying – StopBullying.gov. 5 https://www.unicef.pt/global-pages/_/porfimaviolencia-nas-escolas/. 6 http://aventurasocial.com/arquivo/1437158618_RELATORIO%20HBSC%202014e.pdf. 7 Estatísticas APAV, Relatório Anual 2019, disponível em https://apav.pt/apav_v3/images/pdf/Estatisticas_APAV-Relatorio_Anual_2019.pdf. 8 https://ilga-portugal.pt/ficheiros/pdfs/ILGA_ENAE_2016-2017.pdf.