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II SÉRIE-A — NÚMERO 150

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A situação é especialmente grave no que diz respeito aos jovens. Os estudos indicam que 3 em cada 4

jovens ganha menos de 950,00 € e que um terço deseja sair de Portugal6.

Ora se é verdade que temos das gerações mais qualificadas de sempre, também é verdade que o nosso

País não consegue competir com outros em termos de oportunidades para os jovens, o que naturalmente os

leva a abandonar o País. Todo o investimento que é feito nos nossos jovens acaba por beneficiar outros países,

com todos os impactos sociais e económicos que isso representa. Conforme o Livro Branco – Mais e melhores

empregos para os jovens – 20227, «o emprego dos jovens continua a ser de baixa qualidade e particularmente

afetado pelas crises económicas.» Mais, acrescenta que «Desde 2015, o desemprego jovem é mais de 2,5

vezes superior ao desemprego total. A crise pandémica agravou a situação, levando ao aumento deste rácio

para 3,5. Encontram especiais dificuldades os jovens com menos de 25 anos, em idade de transição para o

mercado de trabalho, incluindo os mais instruídos. […] Embora até 2019, tenha havido uma diminuição da

contratação não permanente entre os jovens, nesse ano a percentagem de trabalhadores com menos de 25

anos com contratos a termo certo era de 56 %, enquanto na população total era de 18 %. A proporção de jovens

com contratos temporários involuntários em Portugal é muito superior à média europeia. Além do emprego

temporário, os jovens auferem salários baixos comparativamente com a média europeia, e sem progressão

salarial na última década. Os mais escolarizados, os graduados do ensino superior, tendem a estar

sobrequalificados no emprego e, como tal, sujeitos a uma erosão das competências adquiridas.»

É, assim, fácil de perceber que a baixa qualidade do emprego, os vínculos precários, os baixos salários e a

falta de oportunidades não promovem a permanência dos jovens em Portugal, nem o empreendedorismo jovem.

Recorde-se que, segundo dados constantes no já mencionado Livro Branco, a taxa de desemprego jovem atingiu

os 38 % entre 2012-2013, o que provocou a emigração de quase 60 000 jovens com menos de 30 anos.

Se olharmos para os salários médios de outros países da Europa que historicamente são países de

emigração portuguesa, facilmente se percebe por que razão os jovens (e não só) emigram.

Fonte: Livro Branco – Mais e melhores empregos para os jovens – 2022, disponível

online em livro_branco_compressed.4ce24c0c7a48.pdf

A verdade é que, para além da falta de oportunidades e elevada taxa de desemprego, verifica-se uma

estagnação salarial em Portugal, que atualmente é agravada pela crise inflacionista e aumento generalizado dos

preços da habitação.

Por outro lado, o referido Livro Branco alerta para os perigos da expansão do trabalho remoto, que numa

6 Expresso – O retrato cru de uma geração desiludida: três em cada quatro jovens ganham menos de € 950 e um terço quer sair de Portugal 7 livro_branco_compressed.4ce24c0c7a48.pdf