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27 DE JANEIRO DE 2025

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3. Caracterização histórica

As notícias mais antigas sobre a estruturação administrativa do território de Mouçós remontam a 1220. É nas

inquirições de D. Afonso II que se traça uma primeira radiografia de «Sancto Salvatore de Bouçoos»,

circunscrição territorial a cargo de um abade chamado Martinus Lupus, incluída à época na Diocese de Braga e

abrangendo já as aldeias de Sanguinhedo, Alvites, Pena de Amigo, Alfarves e Varge.

De resto, o Castelo de São Cristóvão (situado num esporão granítico agora conhecido como Monte de São

Bento) era nessa altura a cabeça militar de Terra de Panóias, um castelo roqueiro que manteria essa função até

Vila Real ser fundada, em 1272. E isto também diz muito do tamanho e da importância que o território de Mouçós

assumiu no contexto regional logo na Baixa Idade Média. A ocidente, o limite da paróquia coincidia por inteiro

com o rio Corgo; melhor dizendo, a sua área, nessa época, era substancialmente maior, porque só na Idade

Moderna viria a ser criada a nova freguesia de São Tomé do Castelo, destacando-se do território original.

Em 1224, os vizinhos do Castelo, integrados na paróquia de Mouçós, são mesmo autorizados a erigir igreja

pelo Arcebispo de Braga. Em todo o caso, esse templo, de que não se conhecem vestígios nem notícias

posteriores, não terá chegado a edificar-se. Até porque era grande a força centrípeta exercida pela Igreja de

Mouçós em seu redor, sob a tutela de um abade, era já naquela época (e seria por vários séculos) uma das

mais importantes e mais ricas da região.

Em meados do Século XIII, nas inquirições de 1258, ordenadas por D. Afonso III, o detalhe com que se

aborda a freguesia de «San Salvador de Mouçoos» vai ao ponto de permitir validar historicamente a existência

de outras aldeias naquela circunscrição territorial. Trinta anos depois, nas inquirições de 1288, há registo de

dois novos lugares povoados na paróquia medieval de Mouçós.

Assim, é muito provável que até ao fim da Idade Média tenham nascido mais povoações, embora só haja

registo delas no início da Idade Moderna. É no chamado Numeramento de 1530, no âmbito do primeiro

recenseamento geral da população feito no pPaís, que a aldeia de Jorjais aparece considerada, com os nove

fogos que a compunham, tal como Abobeleira, núcleo ainda mais pequeno, contando nessa altura com cinco

agregados familiares.

A estruturação populacional do território de Mouçós completar-se-ia na Idade Moderna com o aparecimento

de mais lugares, de que só surge registo no início do Século XVIII.

3.1. A importância histórica dos Abades de Mouçós

Como se disse, a importância do território de Mouçós à escala regional, desde a Baixa Idade Média, em

grande medida fica a dever-se à própria importância da Igreja de Mouçós, cujo padroado pertencia diretamente

ao Rei de Portugal. Já no Século XIII a honraria de abade era concedida ao clérigo responsável por esta

circunscrição eclesiástica.

É Martinus Lupus o primeiro abade de São Salvador de Mouçós de que as fontes documentais nos dão

notícia, em 1220. Em 1258, é Pedro Pais quem aparece registado como abade dessa mesma igreja, declarando

nas inquirições gerais de D. Afonso III que «El-Rei a abadou dele». Em 1291, o Arcebispo de Braga confirma a

apresentação de João Garcia à Igreja de Mouçós, abade que vem a desempenhar um papel de relevo no âmbito

do processo desencadeado pela Coroa tendo em vista a consolidação de uma nova cabeça administrativa,

judicial e militar para a Terra de Panóias. Com efeito, o terceiro foral de Vila Real, outorgado por D. Dinis em

1293, surge na sequência de uma procuração passada pelo recém-formado concelho vila-realense a João

Garcia, Abade de Mouçós, enviando-o à corte para tentar alcançar do rei uma melhoria das condições exaradas

no foral anterior, tendo sido bem-sucedido. Alguns anos mais tarde, em 1304, João Garcia é outra vez enviado

à corte como representante do concelho de Vila Real. Depois de João Garcia, e até ao fim da primeira dinastia,

há notícia da apresentação régia de outros abades de Mouçós: Fernão Vasques, em 1362, vinte e seis no

reinado de D. Pedro I, e Gonçalo Gil, em 1369, vinte e sete no reinado de D. Fernando I.

Em 1385, na sua digressão, o Rei sai de Guimarães a 16 de novembro, alcançando dois dias depois Vila

Real, onde permanece nas semanas seguintes, até conseguir reunir um número considerável de homens para,

com o seu exército mais fortalecido, avançar em direção a Chaves. Ora, porque a governação do País não

parava, diversos diplomas régios foram produzidos em Vila Real, incluindo a carta de apresentação à Igreja de

Mouçós do clérigo Dinis Anes, o novo abade da paróquia, simultaneamente, o primeiro a ser nomeado com base