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II SÉRIE-A — NÚMERO 168

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2. Caracterização histórica

Gualtar, uma freguesia com profundos laços históricos e culturais no concelho de Braga, tem sido um ponto

de contínua ocupação humana desde tempos pré-históricos. Esta freguesia, cujo património e arquitetura narram

séculos, tem sido moldada por diversas civilizações e culturas ao longo dos milénios.

2.1. Património e arquitetura:

Os vestígios mais antigos em Gualtar remontam ao calcolítico, com destaque para o Castro de Pedroso, que

delineia as primeiras comunidades estruturadas. A presença romana é fortemente evidenciada por numerosos

achados arqueológicos, incluindo uma ara romana perto da antiga Igreja, sugerindo a existência de um local de

culto. Este legado romano é complementado pela calçada romana da Pia, uma via que tem resistido ao teste do

tempo, mantendo-se como um marco da engenharia e um testemunho da importância estratégica de Gualtar

em rotas antigas.

Gualtar conserva vestígios de duas importantes vias de comunicação do período da ocupação romana, que

ligavam Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga) – Geira ou Via XVIII, do Itinerário Antonino – e

Aquae Flaviae (Chaves) – Via XVII. A primeira atravessava a freguesia a norte e a segunda a sul do território de

Gualtar.

Para além da Igreja Velha ou Igreja Matriz, datada do Século XI, existem em Gualtar inúmeros edifícios,

verdadeiro património edificado, que ficam para contar a história e o forte traço cultural desta terra. As casas

senhoriais do século XVII, como a Casa da Pia, Casa da Crespa na Quinta de Santo António e a Casa e Capela

da Quinta do Pomar, são exemplos dessa vida de outrora.

É de referir, também, o notável conjunto habitacional do Novaínho. Ainda no domínio do património,

destacam-se as alminhas e o cruzeiro em Gualtar: o cruzeiro paroquial diante da velha igreja e as duas alminhas,

as que se encontram junto à antiga escola primária, dedicadas a S. Miguel Arcanjo, e outras, encrustadas na

parede da Casa da Quinta da Igreja, dedicadas à Senhora do Carmo.

Do património edificado de Gualtar importa não esquecer, pela história e riqueza que encerram: as Sete

Fontes, classificadas, justa e legitimamente, como Monumento Nacional, em 2011. O complexo das Sete Fontes

fica situado nas Freguesias de Gualtar e S. Victor.

Esta obra única de engenharia hidráulica é datada do Século XVII e tem, para além de um valor histórico, um

estimável valor arquitetónico e ambiental. Sabe-se que já existiam captações de água neste local na era romana

e que estas águas abasteceram a cidade de Braga desde o princípio do Século XVII até ao Século XXI. As Sete

Fontes remontam à época da invasão romana da Península Ibérica, nomeadamente da fundação de «Bracara

Augusta».

A Idade Média, por sua vez, é marcada por uma forte tradição monástica, com o mosteiro de Gualtar dedicado

a S. Martinho, evidenciando a importância religiosa e social da freguesia. A arquitetura religiosa é dominada

pela Igreja Velha de S. Miguel, um edifício cujo primeiro registo surge no Século V. Este templo, embora

remodelado ao longo dos séculos, conserva elementos românicos e é um exemplo primoroso da fusão de estilos

arquitetónicos que caracterizam a região.

O Renascimento e a Era Moderna trouxeram consigo o desenvolvimento habitacional e o enriquecimento

dos espaços religiosos. O altar-mor da Igreja de S. Miguel, enriquecido com talha dourada no Século XVIII, e a

substituição da imagem de S. Miguel são testemunhos das transformações estéticas e funcionais que estas

estruturas sofreram.

2.2. Mesteres, artes e ofícios:

Gualtar tem uma rica tradição em artes e ofícios, onde se destacam as atividades de tecelagem, cerâmica e

carpintaria. Estas atividades artesanais, como rendas e bordados, restauração de móveis antigos (enorme

contributo para que a arte da marcenaria e da carpintaria do concelho de Braga se torne famosa em todo o norte

de Portugal). Estas práticas não só forneciam bens essenciais à comunidade como também ajudavam a manter

vivas tradições que eram passadas de geração em geração. A habilidade manual dos artesãos de Gualtar