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5 DE MARÇO DE 2025

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PROJETO DE LEI N.º 236/XVI/1.ª (1)

[PROMOVE A GRATUITIDADE DO ENSINO SUPERIOR ATRAVÉS DO FIM DAS PROPINAS DE

1.º CICLO E DA LIMITAÇÃO DAS DEMAIS TAXAS (ALTERAÇÃO DA LEI DE BASES DO

FINANCIAMENTO DO ENSINO SUPERIOR, LEI N.º 37/2003, DE 22 DE AGOSTO)]

Exposição de motivos

O surgimento das propinas nos anos 90 do século passado foi um retrocesso na política de ensino superior

do País. Ao fim de décadas de aumento de propinas, a longa luta do movimento estudantil e o empenho do

Bloco de Esquerda permitiram a redução das propinas de 1068 € para 856 € em 2019/2020 e para 697 € em

2020/2021. Depois disso, o Governo PS, no entanto, não só se recusou a prosseguir esse caminho como

encomendou um estudo à OCDE que aponta para um retrocesso nesta matéria, sugerindo a criação de propinas

por escalões de rendimentos.

Já com o atual Governo do PSD/CDS-PP, a proposta da subida das propinas entrou na agenda sem margem

para dúvidas. A 1 de setembro de 2024, a RTP avançou a notícia de que o Governo do PSD/CDS-PP se prepara

para aumentar as propinas. A notícia usava o eufemismo «descongelamento» e afirmava que esta medida «vai

ser incluída na proposta do Orçamento do Estado» para 2025. A proposta foi logo contestada, nomeadamente

pelo movimento estudantil e pelo Bloco de Esquerda. O Governo acabou por recuar e não a apresentou no

Orçamento do Estado para 2025. Entretanto, logo na primeira semana do ano, o Ministro da Educação insistiu

nessa ideia em declarações à imprensa.

É inaceitável que o Governo, em vez de eliminar as propinas, se prepare para as aumentar. O caminho da

gratuitidade da educação deve ser prosseguido. As propinas, as taxas e os emolumentos são um entrave ao

direito à educação. O pagamento das propinas leva uma fatia ainda grande dos rendimentos das famílias e

consome parte considerável das bolsas de ação social. Muitos estudantes de famílias mais carenciadas acabam

por nem sequer se candidatar ao ensino superior. Entre os que ingressam no ensino superior, há os que a todo

o momento se confrontam com a possibilidade de ter de desistir por insuficiência económica, um problema que

se avoluma quando as instituições de ensino superior criam e aumentam taxas e emolumentos, visando

compensar o subfinanciamento público.

Entre as taxas abusivas, a que tem merecido mais críticas da comunidade académica é a taxa de entrega de

dissertação ou de tese. Esta taxa, injustificada e de valor arbitrário, incide sobre um elemento indispensável da

conclusão dos mestrados e doutoramentos. Não se compreende, portanto, como é possível que os e as

estudantes tenham de, além das propinas, pagar o que parece ser uma «propina extra» para entregar o seu

trabalho final.

Estes problemas são agravados pelo aumento do custo de vida, tornando urgente o fim das propinas nas

licenciaturas e nos cursos técnicos superiores profissionais, a criação de tetos máximos das propinas de

mestrado e doutoramento e a limitação das taxas abusivas.

O financiamento público do ensino superior é um fator de coesão e justiça social. A democratização do acesso

aos mais elevados graus de educação insere-se constitucionalmente nas obrigações sociais do Estado. Não é

possível contornar o problema das propinas e da sua relação com o financiamento público das instituições de

ensino superior quando temos taxas de abandono e de população sem acesso ao ensino superior tão elevadas.

As propinas são um entrave ao desenvolvimento do País e, por isso, nas palavras do Presidente da República,

a abolição progressiva das propinas «significa dar um passo para terminar o que é um drama, que é o número

elevadíssimo de alunos que terminam o ensino secundário e não têm dinheiro para o ensino superior». Esse

rumo, que já tinha sido iniciado e foi travado pela atual maioria absoluta, tem de ser concluído.

No debate da proposta de Orçamento do Estado para 2025, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda

propôs o fim das propinas de 1.º ciclo para o ano letivo de 2026/2027, tendo esta proposta sido rejeitada com

os votos contra do PSD, do CH, da IL e do CDS-PP e com a abstenção do PS e do PAN. Não tendo havido

apoio para o fim imediato, o Grupo Parlamentar do BE propõe que as propinas dos CTeSP, das licenciaturas e

dos mestrados integrados sejam progressivamente eliminadas, reduzindo para 447 euros em 2025/2026

(reduzindo 250 euros face ao ano letivo anterior); reduzindo para 200 euros em 2026/2027 (reduzindo 247 euros

face ao ano letivo anterior); concluindo a eliminação das propinas em 2027/2028. Estas reduções começarão a