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14 | II Série B - Número: 044 | 20 de Dezembro de 2008

9 de Junho de 2008 Arquitecta Any Gunther — autora /coordenadora do livro O Mercado do Bolhão, Estudos e Documentos

Das questões colocadas pelo Relator e da exposição feita pela autora resultaram, assim, os seguintes elementos:

A Arquitecta começou por explicar o contexto em que surgiu o livro, editado em 1992, O Mercado do Bolhão, Estudos e Documentos, por iniciativa do Eng.º Oliveira Dias — à época vereador com o pelouro dos mercados — , tendo servido para preparar e enquadrar o concurso público lançado na altura.
A sua escolha deveu-se por, na altura, estar a concluir um doutoramento sobre gestão urbanística municipal.
Lamenta que uma cidade que é património mundial continue a ser tratada ao sabor das circunstâncias.
O edifício do MB é, no seu juízo, de grande qualidade, sem prejuízo de algumas deficiências que tem.
Julga que mereceria maior cuidado o seu tratamento, o que está longe de acontecer com o projecto que tem sido discutido publicamente, e que, se for concretizado, representa, a seu ver, a sua «implosão». «Acho que o edifício não resistirá ao que está previsto», asseverou a arquitecta.
Insistiu na ideia de que, relativamente a um edifício de grande valor arquitectónico, como é o caso do Mercado do Bolhão, e ainda mais numa cidade que é património mundial, deveria ter-se um cuidado especial.
Deste ponto de vista, a forma como o Mercado do Bolhão está a ser tratado não difere muito, na sua opinião, da forma como tem sido tratado o conjunto do património oitocentista, que é o período que conhece melhor. Sublinha, porém, ser «esta uma questão política e não técnica, e que em última análise as pessoas é que sabem».
A questão, na opinião desta especialista, não releva tanto de este equipamento colectivo — como, aliás, a Câmara Municipal do Porto planeia fazer com outros equipamentos colectivos — ser entregue à exploração privada (o que, do ponto de vista patrimonial, pode ser mais ou menos grave) mas do que se planeia fazer, em concreto, no Mercado do Bolhão, e que, no seu entendimento, volta a sublinhar, é «uma verdadeira implosão».
No entanto, não deixa de enquadrar o que se passa com o Mercado do Bolhão num caminho que está a ser seguido para a cidade no geral, e que, a seu ver, não é o melhor. Na sua opinião, a única forma de acautelar o património (património mundial, recorda) que não seja «através da conservação do património».
Tendo isto presente, considerou que o anterior projecto para o Mercado, do Arq.º Joaquim Massena, servia melhor os interesses que defende do que o actual, ou seja, «a preservação deste património».
Segundo salientou, «os edifícios cuja conservação se exige só podem ser recuperados respeitando e mantendo o fim, a vocação, dos edifícios».
«O actual projecto é, de facto, a demolição do Mendes Bota», considerando que neste «está ausente qualquer preocupação de conservação deste património».
Face a esta posição, o Relator questionou a especialista em gestão urbanística municipal se, no seu entender, a conservação deste património podia contemplar a existência de habitação. A esta questão, considerou «que as condições estruturais, nomeadamente do solo, impedem que se intervenha como está previsto [no projecto da TCN] sem efeitos graves no edifício».
Em jeito de remate, defende que «é preciso algum sacrifício para que se tenha direito a uma cidade património mundial». E considera que parte dos problemas de que a cidade padece derivam da «falta de conhecimento, que inviabiliza intervenções sustentadas». E nisto a «câmara tem responsabilidades, pois é ela que deve comandar as operações».

Arquitecto Joaquim Massena — Autor do projecto vencedor do concurso público internacional que, em 1998, visava a recuperação do MB

Das questões colocadas pelo Relator e da exposição feita pelo Arq.º Joaquim Massena resultaram, assim, os seguintes elementos: