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II SÉRIE-B — NÚMERO 58

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da construção naval e que tivesse alguma experiência em liderar projetos de reestruturação. Essa foi a nossa

preocupação.

Mas também sabíamos que não podíamos demorar muito tempo, nem podíamos escolher uma pessoa que

levasse quatro ou cinco meses para entrar nos dossiers. É que, como sabem, infelizmente, quando há

mudanças, há empresas que, como alguns doentes, não aguentam esperar quatro ou cinco meses que entre

uma pessoa, estude os dossiers e só depois comece a decidir.

Portanto, por instruções do Sr. Ministro, convidei uma pessoa, que tinha mais ou menos esse perfil, mas

ela declinou o convite. Ora, durante o mês de janeiro, pensámos o que haveríamos de fazer e eu ofereci-me

ao Sr. Ministro para poder liderar Viana do Castelo no ano que faltava para concluir o mandato do meu

antecessor.

E por que é que me ofereci? Podem pensar: «É louco? É suicida?» Não, eu já conhecia minimamente os

dossiers de Viana do Castelo, aqueles que «herdei» no bom sentido. Só tomei posse em fevereiro, pelo que

tive algum tempo para estudar alguns dos dossiers, e o que precisávamos de fazer era atacar. Não podíamos

estar muito mais tempo a estudar melhores soluções, isto ou aquilo.

Quero apenas chamar a atenção para os dossiers que me comprometi com o Sr. Ministro atacar (slide 1).15

Passo a enunciá-los: havia o problema do relacionamento com a Marinha (e escuso de o referir, pois,

ontem, já tiveram oportunidade de saber até que ponto os navios militares seriam ou não importantes para os

Estaleiros); havia também algum (pouco ainda) barulho sobre os apoios da União Europeia; havia já coisas

feitas pelo meu antecessor, nomeadamente o finalizar de uma parceria com um estaleiro europeu; havia

também a necessidade de concluir as negociações e assinar o contrato dos asfalteiros [não sei se têm a

noção, mas, desde o primeiro contacto, até ao dia em que assinei o contrato na Venezuela, passaram «só»

nove anos (desde o primeiro contacto, o que não quer dizer que tivesse sempre havido negociações)], que era

uma das grandes preocupações que tínhamos; havia o dossier das contrapartidas, um dossier que vinha

também dos relatórios da Inspeção-Geral de Finanças; havia a história, que já conhecem, do megaiate, do tal

senhor que resolveu ir comer o melhor caril do mundo e teve o azar de ser assassinado; havia a necessidade

de procurar novas áreas de desenvolvimento para os Estaleiros; havia também algo para que a Inspeção-

Geral de Finanças tinha chamado a atenção, que era a aplicação ou não da contratação pública nos

Estaleiros; havia sempre esse problema dos apoios financeiros da Direção-Geral do Tesouro; e havia o plano

de reestruturação, que, para mim, era o grande dossier.

Relativamente a este último, o que eu disse ao Sr. Ministro, sendo eu Presidente da EMPORDEF e sendo o

principal problema da EMPORDEF os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, é que achava que era minha

obrigação ir para a frente dos «ditos» do boi. Portanto, eu disse que, sim senhor, iria estudar um plano de

reestruturação, que não poderia limitar-se a uma folha Excel, pois isso era o que acontecia, por vezes, com os

anteriores, e que teríamos de arranjar uma fundamentação para que pudéssemos depois justificar o que fosse

necessário perante a Comissão Europeia. Mas aceitei esse desafio, de estudar um plano de reestruturação.

Tinha também o dossier do Atlântida, que, nessa altura, quando o aceitei, pensei tratar-se somente de um

problema de prazo de entrega. E havia também o fundo de pensões.

Estes eram os dossiers com que me comprometi perante o Sr. Ministro. Aceitei fazer isto porque não

podíamos estar à espera de escolher outra pessoa em vez daquela que recusou, e estarmos à espera cinco

ou seis meses que ele os concluísse, porque faltava menos de um ano para o fim do mandato. Aceitei, pois,

este desafio com a condição de que, acabando o mandato, ou seja, um ano depois, criadas as condições, eu

deixaria de acumular com os Estaleiros Navais de Viana do Castelo e ficaria só como Presidente da

EMPORDEF.”16

O Sr. Dr. António Jorge Garcia Rolo esclareceu o Sr. Deputado Abel Baptista sobre a capacidade de

gestão e cultura de empresa:

“(…) aquilo que eu tentei fazer, faseadamente, e, na altura, também expliquei isso, foi, primeiro, ver por que

é que os Estaleiros de Viana do Castelo funcionavam mal.

15

Anexo VI – Apresentação em Powerpoint deixada pelo ex Presidente do Conselho de Administração dos ENVC no período de 2009 a

2010, Dr. António Jorge Garcia Rolo na audição de 30 de abril de 2014. 16

Cfr. Ata da audição da CPIENVC, de 30 de abril de 2014, Presidente do Conselho de Administração dos ENVC no período de 2009 a

2010, Sr. Dr. António Jorge Garcia Rolo, págs. 3-6.