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II SÉRIE-B — NÚMERO 58

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Destaca-se da sua intervenção inicial:

“(…) Refiro que estive apenas um período de cinco meses em funções como presidente executivo dos

Estaleiros Navais de Viana do Castelo, de 5 de julho a 30 de novembro de 2010, por renúncia ao cargo. A

despeito de ser um curto período, considero que foi o encargo mais exigente da minha vida profissional, de

mais de 40 anos. Imediatamente antes tinha sido Administrador do Arsenal do Alfeite, durante 7 anos, aos

quais acresceram 14 noutras funções (diretor, chefe de divisão, etc.). Portanto, estive como Administrador, que

é o Presidente Executivo do Arsenal do Alfeite, desde 2002 até à extinção deste enquanto estabelecimento

fabril das Forças Armadas e passagem a sociedade anónima, e estive profundamente envolvido, obviamente,

nesta empresarialização do Arsenal do Alfeite.

Vou concentrar-me, sobretudo, nas fragilidades e nos problemas, que é isso que nos traz aqui, mas não

quero deixar passar o momento sem salientar o empenho e competência de uma boa parte dos profissionais

que conheci nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo — quer trabalhadores diretos, quer indiretos, quer

chefias — e também quero salientar a qualidade da execução técnica comprovada em quase 70 anos de

atividade produtiva e mais de 200 navios construídos.

Passo a sintetizar a situação da carteira de encomendas e os aspetos mais significativos na gestão, à data

da minha posse nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, em meados de 2010:

Nas reparações de navios, havia uma atividade moderada com tendência para a redução de encomendas à

medida que o ano avançava, devido à crise que estava instalada e que afetava, naturalmente, o transporte

marítimo;

Dois contratos de construção de navios de comércio assinados e a aguardar a resolução dos respetivos

financiamentos da responsabilidade dos armadores, embora estivessem em causa entidades bancárias

portuguesas, concretamente um importante banco, o BES, quer num caso quer noutro;

A procura de compradores para o Atlântida e para o Anticiclone;

Três contratos de construção de navios militares celebrados com o Estado;

Um contrato-base assinado com o Estado, relativo ao LPD, oficialmente designado por «navio polivalente

logístico», com sucessivos adiamentos na passagem a contrato de construção. A propósito deste contrato, e

visando a participação na construção, saliento que havia um potencial interessado na entrada no capital dos

Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Para tal havia já um acordo celebrado com a EMPORDEF, tratava-se

do Grupo DAMEN (Damen Shipyards Group) que, aliás, foi mencionada no depoimento do Dr. Rolo.

Os aspetos internos mais relevantes, que notei à entrada, eram os seguintes: grande expectativa e grande

entusiasmo dos quadros dos Estaleiros naquilo que se referia ao contrato dos dois ferries para o armador

grego. Esse grande entusiasmo era extensivo ao Administrador residente mais influente, porque era o único

que não estava doente e que estava sempre presente, que era o responsável do pelouro comercial.

Este assunto era tópico de discussão. Era, de alguma forma, uma tentativa que os quadros do Estaleiro

tinham de… Era, digamos, uma nova oportunidade, um novo projeto — projeto no sentido de empreendimento

—, que levasse a esquecer as más experiências do Atlântida e do Anticiclone e, de algum modo, do Lobo

Marinho, que também não foi propriamente uma coisa muito brilhante.

Um outro aspeto: havia um grande desencanto e uma grande desmoralização relativamente à evolução dos

contratos dos navios de patrulha oceânica.

(…)

Um outro aspeto importante era um paradoxo: havia muita disponibilidade de mão-de-obra. O problema

que se punha na altura, relativamente ao aprontamento do primeiro navio-patrulha oceânico, posteriormente

Viana do Castelo, era na área de automação, que levava meia dúzia de pessoas a trabalhar, e havia muita

gente disponível e que estava impossibilitada de trabalhar por obstáculos que impediam a boa execução de

outros contratos assinados. Quer dizer, havia um conjunto de impedimentos administrativos, burocráticos e

financeiros, em concreto referentes aos contratos dos navios de combate à poluição (NCP), que bem me

esforcei por tentar resolver, porque, enquanto isso não fosse resolvido, não se podia dar início à execução e

esses eram os navios que estavam mais na calha.

(…)

Os problemas de tesouraria eram apenas solucionados com o apoio do acionista Estado, e a Administração

preocupou-se, prioritariamente, em tomar medidas organizacionais para medir o desempenho a curto prazo,