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II SÉRIE-B — NÚMERO 58

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A grande oportunidade que surgiu nestes Estaleiros foi, exatamente, a vinda das encomendas dos navios

militares e dos asfalteiros. E porquê? Porque eram navios de gama superior e a possibilidade de construção

destes navios ia pôr os Estaleiros num patamar tão tecnológico que lhe aumentava muito a competitividade.

Portanto, em questão de preços, perdia-se dinheiro porque os preços, logo à partida, já eram muito baixos,

mas, mesmo assim, aceitavam-se as encomendas para arranjar trabalho. Depois, havia a questão dos custos.

Os Estaleiros de Viana, na altura em que fizemos esse estudo, tinham metade da produtividade média

europeia e um quarto da dos melhores estaleiros da Europa.

Os senhores têm que perceber o seguinte: na gestão das empresas nem sempre se faz o que se quer, faz-

se aquilo que se pode e, portanto, quanto à questão da produtividade, nós tínhamos que aumentá-la para os

níveis europeus. E quando se falou na reestruturação proposta, esta era também pensando na questão da

produtividade que, quer a gente queira quer não, é um fator determinante.

E não é só isso. No plano de reestruturação, o que veio à baila foi a questão da saída dos 380

trabalhadores. Inicialmente, eram quatrocentos e tal, mas, entretanto, foram saindo e ficaram em 380. Isso foi

o que deu brado e apareceu na televisão. Mas aquilo era fundamentalmente um plano de modernização dos

Estaleiros, modernização não só no espaço físico como também nos seus processos de trabalho, porque o

plano de reestruturação ia mudar completamente os processos de trabalho dos Estaleiros.

Não sei, Sr.ª Presidente, se posso explicar isto, mas é muito bom que os Srs. Deputados percebam esta

coisa dos Estaleiros e do que é, hoje, uma gestão moderna dos Estaleiros.

(…)

Nos Estaleiros de Viana, quando havia um desvio no custo, não se sabia quem era o responsável,

porque como havia vários responsáveis ao longo da cadeia de produção não era possível determinar

quem era o responsável. E o que nós íamos introduzir era essa figura do diretor do projeto.

Portanto, o diretor do projeto seria um indivíduo que era responsável pelo navio, desde a sua negociação

com os clientes até à entrega final e todos os outros teriam que obedecer a esse diretor de projeto.

Como está a ver, há uma diferença fundamental. Isto é uma mudança brutal na estrutura da empresa. E

isto só pode ser feito se houver um bom controlo de gestão.

O senhor sabe que, nos Estaleiros de Viana, em 2010 e 2011, que foi o que eu conheci, só se sabia

quanto o navio custava no fim de estar pronto? Isto é uma coisa inacreditável! De maneira que havia

também que introduzir um sistema de planeamento e controlo da produção de navios que permitisse saber se

o navio estava a cumprir determinadas tarefas e, portanto, o navio teria que ser todo descascado nas

diferentes tarefas que levam à sua construção e, semana a semana, fazer um acompanhamento da evolução

da construção do navio.

Isto é só para terem uma ideia.”21

Na última audição com elementos do Conselho de Administração da ENVC, esteve presente o Sr. Eng.º

Jorge Camões, atual Presidente do Conselho de Administração da Estaleiros Navais de Viana do Castelo,

acompanhado pelos restantes vogais do Conselho de Administração: o Sr. Dr. José Luís Serra, o Sr. Eng.º

Francisco Gallardo e o Sr. Almirante Conde Baguinho. Todos responderam às perguntas formuladas pelos

Srs. Deputados.

O Sr. Eng.º Jorge Camões fez uma intervenção inicial, que se transcreve quase integralmente pela sua

importância onde traçou alguns "pontos chave" do seu mandato, que começou em agosto de 2011:

“(…) Fundamentalmente, encontrámos um conjunto de constrangimentos — isto é conhecido, pois é

exatamente o mesmo PowerPoint22 que o Dr. Vicente Ferreira projetou —, como a situação do passivo, a

situação dos capitais próprios, a dívida à Atlânticoline, e também à Parpública, e a penhora de guindastes

(slide 1).

Portanto, isto é conhecido, depois, faz-se a distribuição de uma cópia destes documentos, que dou à Sr.ª

Presidente.

21

Cfr. Ata da audição da CPIENVC, de 6 de maio de 2014, Presidente do Conselho de Administração dos ENVC no período de setembro

de 2010 a junho de 2011, Sr. Dr. Carlos Alberto Veiga Anjos, págs. 31-37, sublinhado do relator. 22

Anexo VII – Apresentação em Powerpoint deixada pelo Sr. Presidente do Conselho de Administração da ENVC, Sr. Eng.º Jorge

Camões, na CPI, audição de 7 de maio de 2014.