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16 DE JULHO DE 2014

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assuntos da comissão executiva e da direção de pessoal e eu não tinha nada a ver com isso e, portanto, não

aceitava recebê-los.

Mas, possivelmente, havia ministros ou secretários de Estado que, pelos mesmos motivos, recebiam a

Comissão de Trabalhadores. Ora, isto, depois, inverte completamente a situação dentro das empresas, inverte

completamente o ciclo das coisas. O senhor vê alguma comissão de trabalhadores ser recebida com a mesma

frequência com que é recebida a Comissão dos Trabalhadores dos Estaleiros em qualquer lado? Eu não vejo.

De maneira que, ali naquela empresa, de facto, começou-se a cultivar…

A empresa perdeu a sua independência económica e financeira, começou a acumular prejuízos, começou

a ter dificuldades de tesouraria e, depois, houve a tendência para passar sempre por cima do conselho de

administração e por privilegiar diálogos diretos, o que mina sempre a confiança em qualquer conselho de

administração. Um conselho de administração que vê que as suas funções na empresa são,

permanentemente, minadas por diálogo entre o acionista e a Comissão de Trabalhadores vê-se numa situação

de gestão completamente insustentável. E isto acontecia com muita frequência.”34

b. Construções dos ENVC e navios cancelados

Desde que iniciou a sua atividade a ENVC já construiu mais de 220 navios de vários tipos: batelões,

rebocadores, ferryboats, navios de pesca, porta-contentores, transportadores de cimento, navios tanques,

LPG, transportadores de produtos químicos e vasos de guerra.

Os três primeiros navios foram construídos em 1948. Eram arrastões para a pesca do bacalhau: o Senhor

dos Mareantes e o Senhor das Candeias para a Empresa de Pesca de Viana e, o São Gonçalinho para a

Empresa de Pesca de Aveiro.

Cumpre mencionar que, de 1944 a 1974 cerca de 90% do total de unidades construídas se destinaram a

armadores nacionais, sendo cerca de 50% destinadas ao reforço e substituição da frota pesqueira. Na

segunda metade da década de 70 e nos anos 80, o principal mercado da Empresa foi a Ex-URSS. Já nos

anos 90, os ENVC passaram a construir fundamentalmente para o mercado alemão.

Ao longo dos anos a ENVC recebeu dezenas de encomendas, podendo o respetivo portefólio ser

consultado no “site” da empresa.35

 Construções de 2003 a 2013

Entre 2003 e 2013, das 22 novas construções, apenas 2 deram lucro, 20 deram prejuízo. A partir de 2006,

nunca mais uma construção deu lucro.

Estes dados são sustentados pelo que foi dito na exposição inicial do Presidente do Conselho de

Administração da Empordef, Sr. Dr. Rui Jorge de Carvalho Vicente Ferreira:

“(…) Por que é que a empresa perdia dinheiro? Além da questão da riqueza que produzia, do VAB que

vimos há pouco versus os encargos com pessoal, há outros fatores e esses outros fatores são,

nomeadamente, as construções. O melhor resultado que a empresa teve, de 2003 a 2013, ou seja, nos últimos

10 anos, em 22 navios entregues, foi num navio pequeno, uma construção de meio milhão, um navio-hotel,

com um resultado de 6%. Não tem valor no quadro global das construções, porque é um navio relativamente

pequeno, um trabalho relativamente pequeno. O pior resultado foi em 2004, num navio químico, que, na gíria,

nos Estaleiros, se chama «enxofreiro», porque serve para transportar enxofre, feito para uma empresa

finlandesa, um armador finlandês, em que se perderam 77%. Esta perda de 20 milhões foi o indicador de

alarme, penso que este caso é, de facto, o alarme em relação à situação da gestão dos Estaleiros, em 2004.

Não tenho qualquer dúvida de que esta construção passou a caracterizar a situação. Aliás, vê-se pelos rácios

e pelos indicadores que vimos anteriormente, que mostram uma situação muito complicada. E não conheço

que se tenham extraído consequências desta situação, deste resultado, neste ano, com a construção deste

navio.

O resultado global, nos 22 navios, foi uma perda de 100 milhões, uma margem negativa de 19% (slide 14).

34

Cfr. Ata da audição da CPIENVC, de 6 de maio de 2014, Presidente do Conselho de Administração dos ENVC no período de setembro

de 2010 a junho de 2011, Sr. Dr. Carlos Alberto Veiga Anjos, págs. 83-84. 35

Adaptado de relatório DILP, Estaleiros Navais de Viana do Castelo, março de 2014.