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II SÉRIE-B — NÚMERO 58

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informada pelo Conselho de Administração de que dos 22 navios construídos entre 2003 e 2012, 20 deles

deram prejuízo?”44

Resposta do Sr. António Costa:

“(…) Qualquer comissão de trabalhadores das que passou pelos Estaleiros Navais de Viana do Castelo

sabia analisar um balanço anual ou os resultados operacionais da nossa empresa.

Portanto, todas as comissões de trabalhadores foram devidamente informadas e todas elas alertaram tanto

as administrações como o governo e os Srs. Deputados, nas várias reuniões de trabalho que tiveram (e penso

que o Sr. Deputado foi alertado várias vezes para essa situação) para a situação ruinosa em que a nossa

empresa estava, ano após ano, em termos de passivo e de resultados operacionais negativos.

Penso que isso não é novidade, nem para o Sr. Deputado nem para as comissões de trabalhadores,

porque é uma obrigatoriedade das administrações darem o balanço anual às comissões de trabalhadores,

onde vem mencionado o resultado operacional, e as comissões de trabalhadores sempre consciencializaram

as várias administrações, os vários ministros, os vários governos para a gravidade da situação que é a

construção de navios com prejuízo.

A pior coisa que pode acontecer a um trabalhador, e falo por mim, Sr. Deputado, é, quando lhe entregam o

desenho de um navio ou de um bloco para montar, saber, logo à partida, que temos prejuízo com aquele

navio.

Esta é a pior coisa que pode acontecer a um trabalhador, porque em vez de criar um clima de motivação,

automaticamente, cria um clima de desmotivação.”45

O Sr. Eng.º Arnaldo Figueiroa Machado, Presidente do Conselho de Administração dos ENVC, entre abril

de 2007 e dezembro de 2008, esclareceu a Sr.ª Deputada Carla Cruz sobre as construções nos ENVC:

“(…) O Sr. Eng.º Arnaldo Pedro Figueirôa Navarro Machado: — Não sou capaz de dizer exatamente, mas

tenho a sensação que construímos, que entregámos, salvo erro, seis navios durante esses dois anos; cinco

para um armador alemão e um para um armador açoriano. Entregámos, salvo erro, seis navios, mas

trabalhámos em mais do que seis navios. Trabalhámos nos navios para os Açores, trabalhámos nos famosos

patrulhas oceânicos.

Que me lembre era esta a situação.

Portanto, como disse à Sr.ª Deputada tínhamos uma carteira de encomendas brutal e não tínhamos

pessoas para fazer tudo isso e, nesse ano e meio, fizemos formação de montadores e soldadores de Viana

para os Estaleiros (muitos deles depois não vinham, para os Estaleiros, iam para Vigo, porque nessa altura

havia muito trabalho nos Estaleiros de Vigo) e, salvo erro, ainda tive de trazer montadores e soldadores

romenos, durante uma certa altura, por falta de pessoas.

A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Engenheiro, o que está a dizer é que os Estaleiros não tinham mão-de-obra

que pudesse fazer face às encomendas?

O Sr. Eng.º Arnaldo Pedro Figueirôa Navarro Machado: — Estou a dizer que havia um desacerto entre as

encomendas que estavam colocadas no Estaleiro e a capacidade que o Estaleiro tinha para as fazer. Tivemos

de fazer imensas horas extra, tivemos de recrutar pessoas onde havia.

Há só um pequeno problema: é que os navios não davam lucro, Esse é que é o problema que aqui

falta. Uma coisa é fazer os navios, outra coisa é fazer os navios com margem positiva. O problema é

que os navios não tinham margem positiva e informei a tutela disso. Pouco tempo depois de lá chegar,

quando olhei para os orçamentos dos navios, vi a realidade dos navios e informei a tutela — a tutela

EMPORDEF — de que aqueles navios não iriam certamente dar margem positiva. Mas,

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Cfr. Ata da audição da CPIENVC, de 26 de março de 2014, coordenador e representante da Comissão de Trabalhadores de Viana do

Castelo, Srs. António Costa e Abel Viana, pág. 37. 45

Cfr. Ata da audição da CPIENVC, de 26 de março de 2014, coordenador e representante da Comissão de Trabalhadores de Viana do

Castelo, Srs. António Costa e Abel Viana, págs. 38-39.