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público; o segundo, o de criar um palco mediático para o ataque à solução parlamentar que

criou as condições institucionais para afastar esses partidos do Governo da República.

II. Da Caixa Geral de Depósitos

Sendo verdade que o relatório traduz os trabalhos da Comissão, é igualmente verdade que

as suas conclusões são limitadas e que, no entendimento do PCP, podiam ir mais longe no

que toca a conflitos fundamentais persistentes na economia portuguesa: o conflito entre os

interesses dos grandes grupos económicos e o interesse nacional; o conflito entre a forma

e as regras da União Europeia e as necessidades do povo português.

Apesar de a Comissão não dispor de documentos que permitam conhecer o valor concreto

das perdas associadas a projetos falhados financiados pela Caixa, é lícito afirmar que uma

boa parte desses projetos se desenharam na esfera dos grandes grupos económicos. Não

sendo possível comprovar a existência de “créditos de favor” determinados por pressões de

Governos, é no entanto possível afirmar que em boa parte dos negócios mais ruinosos da

Caixa, o banco foi utilizado como instrumento de grupos económicos e não do interesse

nacional. Tal como em bancos privados, a Caixa teve abordagens especulativas, olhando

apenas a interesses privados e de mercado que afastaram a Caixa, em algumas decisões, da

missão fundamental do Banco Público, tal como deve ser entendida.

De todas as formas, tais opções da Caixa não estão de forma alguma desligadas das

orientações políticas dos sucessivos Governos PS, PSD e CDS, que sempre decidiram alinhar

a Caixa pelas práticas do sector privado, impedindo que a instituição cumprisse e

concretizasse o seu potencial como instrumento público. Essas opções traduziram-se na

participação da CGD em negócios entre grupos económicos e na participação em projetos

cujo interesse estava longe de ser comum ou nacional. Tal é consequência das opções das

sucessivas administrações da Caixa Geral de Depósitos mas especialmente das opções de

sucessivos Governos que nunca determinaram a rutura com essa linha de atuação da CGD

no sector financeiro.

Ainda assim, apesar dos problemas existentes e da má orientação política ao longo de

décadas, a CGD continuou a desempenhar um papel absolutamente fundamental no quadro

do financiamento à economia e às famílias, bem como foi a âncora de praticamente todo

um sistema financeiro privado nos momentos em que a crise do capitalismo se abateu com

mais intensidade em Portugal. A Caixa, pela sua natureza pública, não é imune a erros

estratégicos e a más opções de gestão, mas é impermeável a um vasto conjunto de práticas

que levam a banca privada ao colapso, à sua descapitalização e ao resgate público. O

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