O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-B — NÚMERO 51

20

Habitualmente a parte inferior do intestino é afetada (íleo) bem como o intestino grosso (cólon).

Em Portugal, um total de 10 mil pessoas sofrem com Doença de Crohn. Destas, 20 % a 30 %, isto é, entre 5

a 7 mil, são casos graves que necessitam de tratamento especial. A incidência desta doença tem crescido em

Portugal, estimando-se uma prevalência de 73 casos por cada 100 mil habitantes. A Doença de Crohn é uma

patologia inflamatória que causa diarreia, dor abdominal, anemia e desnutrição. O processo inflamatório que

conduz a esta doença é ainda pouco conhecido, sendo considerada uma doença autoimune em que há uma

reação exagerada do sistema imunitário.

É na camada superficial do tubo digestivo, na mucosa, que o processo inflamatório se inicia. São formadas

úlceras que podem ser muito profundas e dar origem a fístulas (fissuras). Para além disto, poderão ocorrer

apertos no tubo digestivo que diminuem as dimensões do segmento do tubo afetado e originar em alguns

doentes abcessos no abdómen e/ou na região perianal. Esta doença tem ainda manifestações extraintestinais

ao nível da pele (erupções cutâneas), olhos (dor, comichão e vermelhidão), boca (aftas) e articulações (dor e

inchaço). Quando não é possível o controlo dos sintomas ou quando ocorrem complicações (perfuração ou

obstrução intestinal, hemorragia ou abcesso) a cirurgia poderá ser necessária.

A Doença de Crohn manifesta-se por períodos de exacerbação (crises), intercalados por períodos de

melhoria ou até de ausência de sintomatologia. O período de remissão pode ter uma duração de semanas ou

até anos.

20 a 85 % dos doentes de Crohn sofrem de desnutrição. A má ingestão oral bem como a malabsorção, o

hipercatabolismo e os efeitos colaterais das terapêuticas farmacológicas conduzem a um aporte nutricional

insuficiente.

Durante os períodos de remissão e exacerbação da doença, a dieta oral e os restantes tipos de suporte

nutricional poderão ser alternados. É necessário recorrer a nutrição entérica (NE) quando as necessidades

nutricionais não são atingidas pela via oral. A nutrição parentética (NP) poderá ser também considerada em

situações extremas. Assim sendo, é essencial o tratamento eficaz desta doença para melhorar a qualidade de

vida dos doentes.

A alimentação tem um papel muito importante na DC, uma vez que pode ser um dos fatores para o

desencadeamento da doença bem como um método de tratamento desta. A alimentação na DC é

individualizada, uma vez que tem de ter em conta as necessidades nutricionais de cada doente bem como a

fase de doença. É necessário evitar alimentos que agravem o estado inflamatório e, muitas vezes é necessário

recorrer a suplementos de nutrição clínica de forma a atingir as necessidades nutricionais.

Existem diversos suplementos de nutrição clínica no entanto, apenas o produto Modulen IBD da Nestlé Health

Science é específico para os doentes de Crohn. Este produto pode ser utilizado como fonte alimentar única na

fase aguda ou como suporte nutricional numa fase de remissão da doença, podendo ser administrado por via

oral ou por sonda. O produto é constituído por 100 % de caseína, rica em TGF-ß2 com ação anti-inflamatória a

nível da mucosa intestinal, 25 % de lípidos na forma de triglicéridos de cadeia média (fonte de energia de rápida

e fácil absorção), baixa osmolaridade (290 mOsm/l) e clinicamente isento de lactose e de glúten. Vários estudos

clínicos têm demonstrado que esta formulação única reduz a inflamação do intestino e promove a recuperação

da mucosa intestinal. Em Portugal, o Modulen IBD está disponível apenas em alguns hospitais a nível nacional

e portanto, para doentes em internamento. Para além disto, nem todos os hospitais têm o produto acessível uma

vez que, este está sujeito a concursos públicos e porque o número de doentes de Crohn tem pouca expressão

relativamente a outras patologias. A situação complica-se após a alta hospitalar já que, os doentes são obrigados

a comprar o produto nas farmácias a um preço muito superior ao valor pago pelas unidades de saúde. Nas

farmácias o preço do produto varia entre os 25 e os 50 € por lata sendo que, para a alimentação em exclusivo

com Modulen IBD de um doente de Crohn em estado grave, são necessárias entre 3 a 4 latas diariamente, o

que acarreta custos incomportáveis. Esta situação acontece porque o Modulen IBD não é comparticipado,

acabando por estar apenas disponível para quem tem capacidade financeira para o adquirir, ficando de fora os

doentes que têm pensões de invalidez muito baixas e carências alimentares.

A Doença de Crohn condiciona muito a vida dos doentes em fases de crise, piorando o seu estado nutricional

e levando a readmissões hospitalares. A comparticipação do Modulen IBD viria não só melhorar a qualidade de

vida dos doentes como contribuir para a redução dos custos do sistema de saúde, uma vez que a malnutrição

associada a esta doença impacta o tempo de recuperação e leva a readmissões hospitalares e mortes que

poderiam ser evitadas.