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5 DE JULHO DE 2024

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Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, exprime o seu pesar pelo falecimento de

Manuel Alves Cargaleiro, aos 97 anos, endereçando as suas condolências aos seus familiares e amigos.

Assembleia da República, 2 de julho de 2024.

Os Deputados do L: Isabel Mendes Lopes — Jorge Pinto — Paulo Muacho — Rui Tavares.

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PROJETO DE VOTO N.º 194/XVI/1.ª

DE PESAR PELO FALECIMENTO DO PINTOR E CERAMISTA MANUEL CARGALEIRO

O pintor e ceramista Manuel Cargaleiro, figura maior da cultura nacional, morreu no passado dia 30, em

Lisboa, aos 97 anos.

Nascido em 1927, em Vila Velha de Ródão, Manuel Cargaleiro revelou desde cedo um talento extraordinário

para as artes plásticas. Em 1949 mudou-se para Lisboa, onde estudou pintura e cerâmica na Escola de Artes

Decorativas António Arroio e na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Nos anos 60, instalou-se em Paris,

cidade que se tornou um segundo lar e um importante centro de desenvolvimento para a sua arte. Em França,

não só expôs as suas obras em várias galerias e museus mas também colaborou com outros artistas e participou

em projetos internacionais. A influência da Escola de Paris é evidente na sua obra, onde o abstracionismo e a

luminosidade ganham destaque. Até ao final da década de 70 realizou exposições individuais em Lisboa, Porto,

Paris, Tóquio, Milão, Lausanne e também em várias cidades do Brasil. Nos anos 80 começou a explorar a

tapeçaria, tendo sido convidado pelo Governo português a conceber uma dessas obras para o novo edifício na

Organização Internacional do Trabalho, em Genebra. A partir da década de 90 predominariam na sua obra os

padrões aglomerados e cromaticamente intensos, onde continuaria a ser evocado o azulejo português, que tanto

determinou o seu trabalho.

Manuel Cargaleiro, um dos mais cosmopolitas criadores de arte, reconhecido no mundo inteiro e presente

nas principais coleções internacionais, nunca esqueceu as suas ligações à terra natal. Este artista exímio deixa

um legado incomensurável nas artes, especialmente na pintura e na cerâmica, áreas nas quais se destacou

pela originalidade, mestria técnica e inovação constante. O trabalho desenvolvido ao longo de mais de sete

décadas de carreira não se limitou a ser exposto em galerias e museus, também embelezou espaços públicos,

tornando a arte acessível a todos e enchendo o quotidiano de beleza e inspiração.

A magnitude do impacto de Manuel Cargaleiro na arte contemporânea em Portugal e no estrangeiro reflete-

se nos inúmeros prémios e condecorações que recebeu, entre elas, a Ordem Militar de Sant’Iago da Espada de

Portugal (atribuída pelo Presidente da República General Ramalho Eanes, em junho de 1983); o Grau de Officier

des Arts et des Lettres (atribuído pelo governo francês, em 1984); a Grã-Cruz da Ordem do Mérito (atribuída

pelo Presidente da República Mário Soares, em fevereiro de 1989); Magister di Civiltà Amalfitana (atribuído na

XVII edição do «Capodanno Bizantino», em Itália, em setembro de 2017); e a Grã-Cruz da Ordem de Camões

em março de 2023 – a segunda condecoração que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa atribuiu ao mestre,

que já tinha recebido das mão do Chefe de Estado a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, em março de

2017.

A ligação às suas origens foi materializa com a criação da Fundação Manuel Cargaleiro, em Castelo Branco,

em 1990, depois expandida com o respetivo museu e, mais tarde, no Seixal, distrito de Setúbal, a Oficina de

Artes Manuel Cargaleiro, espaços que continuam a promover a arte e a cultura, preservando a sua obra e

memória. A sua dedicação incansável à arte, a sua capacidade de inovação e a sua paixão pelo que fazia serão

sempre lembradas com admiração e respeito.

Assim, a Assembleia da República manifesta o seu mais profundo pesar e expressa as mais sinceras

condolências à família e amigos de Manuel Cargaleiro, cuja obra e espírito criativo continuarão a viver através

das suas criações, inspirando e encantando todos aqueles que as contemplam.