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26 DE OUTUBRO DE 2024

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e às Universidades Gregoriana de Roma e Católica de Lyon, onde se doutorou.

A sua obra Teologia da Libertação: perspetivas, de 1971, constitui uma referência seminal de um

entendimento da teologia católica como brotando não da erudição do teólogo, mas da prática das

comunidades cristãs comprometidas com uma libertação dos mais pobres assente na transformação das

estruturas de exploração e opressão. Essa combinação indissociável entre libertação social e política,

emancipação dos pobres e combate contra o egoísmo individualista deixou uma profunda marca não só em

milhões de católicos mas em todos os que fazem da solidariedade e da transformação social princípios de

vida.

Não obstante as críticas e pressões de que foi alvo por parte de setores conservadores da igreja católica,

manteve sempre uma atitude de diálogo. Irmanado com Paulo Evaristo Arns, Pedro Casaldáliga ou Óscar

Romero, foi consultor das Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano, diretor da Revista Concilium,

e membro da Ordem dos Pregadores. O Papa Francisco, numa carta pública no seu 90.º aniversário,

agradeceu a sua «contribuição à Igreja e à Humanidade através do seu serviço teológico e do seu amor

preferencial pelos pobres e descartados da sociedade».

Em Gustavo Gutiérrez junta-se o reconhecido brilho académico, 23 doutoramentos honoris causa, com o

humilde serviço aos pobres nas paróquias mais humildes, como a do bairro de Rímac, em Lima.

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, exprime o seu profundo pesar pela morte de

Gustavo Gutiérrez e manifesta a crentes e não crentes que veem nele um exemplo de serviço aos pobres a

sua solidariedade.

Assembleia da República, 23 de outubro de 2024.

Os Deputados do BE: Fabian Figueiredo — Marisa Matias — Joana Mortágua — José Moura Soeiro —

Mariana Mortágua.

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PROJETO DE VOTO N.º 409/XVI/1.ª

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE TITO OLÍVIO HENRIQUES

Serve este voto para manifestar o mais profundo pesar pelo falecimento do escritor Tito Olívio Henriques,

que nos deixou no dia 19 de outubro de 2024.

Tito Olívio Henriques, natural de Vila Nova de Covelo, Viseu, evidenciou-se pela sua vasta obra literária e

pelo seu envolvimento ativo na promoção da cultura, tendo consolidado, ao longo da sua vida, uma importante

carreira literária.

Licenciado em engenharia civil e, posteriormente, em sociologia, ganhou, também, notoriedade por

diversos trabalhos publicados nas áreas da sociologia da educação e da sociologia política, tendo sido

membro da Associação Portuguesa de Sociólogos, integrando a sua secção de sociologia política.

Residente no Algarve desde 1960, exerceu cargos de grande relevância social, incluindo o de Secretário da

Delegação de Faro da Cruz Vermelha Portuguesa, Presidente da Direção dos Bombeiros Voluntários de Faro,

Mesário da Santa Casa da Misericórdia de Faro e Vereador da Câmara Municipal de Faro.

A sua atividade literária foi igualmente extensa, colaborando com jornais regionais e revistas literárias, e

sendo conferencista e organizador de eventos culturais.

Dedicou-se a diversos géneros literários, incluindo contos, ensaios, crónicas e novelas, num total de 60

obras, que lhe granjearam mais de 120 prémios literários, e foi editor do projeto «Cadernos de Santa Maria».

Pelo seu empenho em causas sociais, foi agraciado com a Medalha de Mérito da Cruz Vermelha

Portuguesa e com a Medalha de Ouro de Mérito da Câmara Municipal de Faro.

Em 2017, o Rotary Club de Faro instituiu o Prémio de Poesia Tito Olívio, para se realizar em anos pares,

em homenagem ao seu vasto legado literário e cultural.