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0027 | II Série C - Número 015 | 12 de Fevereiro de 2005

 

Relatório
Mulher e Desporto

O caso de Portugal. O papel da Mulher - excepção

1 - As mulheres vitoriosas num domínio largamente dominado pela imagem masculina um exemplo ou um incentivo à construção de um futuro mais igualitário ou poderão ser um pretexto para o "laissez faire" e a responsabilização das próprias mulheres pela sua ausência nas actividades e do dirigismo desportivo, com o argumento de que as que se interessam conseguem impor-se (como o provariam as que lá se encontram já).
Em 2003, realizou-se em Portugal um congresso internacional sobre o tema "Mulheres - Desporto. Agir para a mudança", que constituiu uma chamada de atenção para as discriminações que a Mulher sofre neste domínio.
Apenas um semanário desportivo, "O Norte Desportivo", deu ao acontecimento uma cobertura ampla, dedicando-lhe um número especial.
Em fins de 2004, o mesmo jornal, em nova edição especial, fez o "follow-up", um balanço muito negativo, por ausência de quaisquer reformas significativas: "pouco ou nada mudou no desporto português no que se refere ao papel interventivo da Mulher". E fala de uma longa "travessia no deserto" à espera de políticas, de vontade e de rumo.
É assim em geral, mas muito em particular no futebol. O facto de o futebol polarizar todas as atenções, monopolizando mais de 90% da imprensa (3 diários desportivos e um semanário a nível nacional, secções especializadas em todos os jornais de nível nacional, assim como programas de televisão e rádio) reduz, desde logo, à insignificância a presença, imagem ou voz das Mulheres no desporto.
Na verdade, o mundo do futebol, mais do que o mundo da política, da intervenção sócio-cultural e, porventura, até da economia e finanças, é, ainda, uma reserva do sexo masculino.
E, por isso, a nosso ver, mesmo sem reconhecer, do ponto de vista estritamente desportivo, qualquer prevalência a esta modalidade, a luta pela igualdade entre Mulheres e Homens passa por ela, de uma forma prioritária.
Futebol é o desporto das Mulheres, como afirma Karen Espelund, a Presidente do Comité da UEFA para o futebol feminino, de origem norueguesa, onde mais de 55 000 Mulheres o praticam.
No entanto, em Portugal, apesar de ter aumentado o número de praticantes nomeadamente de "futsal", sobretudo a nível do desporto escolar (com cerca de 10 000 jogadores, dos quais cerca de metade da categoria de iniciados, no desporto escolar, para um total de 29 911 e 1356 equipas existentes no País) o potencial de crescimento é enorme, mas é entravado pela ausência de um projecto sustentado, pela falta de meios de competição (por exemplo, organização de um campeonato nacional), pela resistência à inovação, pela persistência de "barreiras culturais".
Neste contexto, a presença, a título excepcional, de algumas Mulheres pioneiras no dirigismo desportivo, incluindo no futebol profissional, em diversos escalões, tem de ser vista como um factor de mudança cultural que está a dar os seus primeiros passos. Essas Mulheres pioneiras são, na sua maioria, antigas praticantes do desporto, em alguns casos, ligadas por laços familiares a fundadores ou dirigentes dos clubes. São praticamente unânimes na avaliação do seu relacionamento com os Homens que as acompanham nas direcções: é fácil trabalhar com eles, são respeitadas, a sua competência é reconhecida. Difícil é, porém, o acesso ...
O Futebol Clube do Porto, campeão nacional e europeu e mundial de futebol, tem na direcção uma Vice-Presidente para a área financeira e administrativa e o Sporting Clube de Portugal uma dirigente no Conselho Directivo do Clube (que é como que um "Senado", composto por personalidades de reconhecido prestígio); o Sporting de Braga, uma Vice-Presidente e Directora da selecção de voleibol; o Boavista, uma Mulher membro do "Conselho Geral"; o Gil Vicente, uma Directora no departamento financeiro; a Académica de Coimbra, uma Directora para a comunicação e o Penafiel, uma Directora do departamento de formação e mais três dirigentes (que são ex-praticantes de futebol amador).
Nas divisões secundárias, também uma lenta ascensão das Mulheres se vai processando: o Leixões tem uma Mulher na administração; o Sporting Clube de Espinho, a Presidente da Assembleia Geral (uma professora catedrática de educação física, antiga campeã nacional de voleibol pelo clube); o Vilanovense, a Presidente da Assembleia Geral e coordenadora do futebol juvenil (masculino - a criação de uma equipa feminina está ainda em projecto ... ); o