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0028 | II Série C - Número 015 | 12 de Fevereiro de 2005

 

Salgueiros, uma dirigente na "Comissão Administrativa" (antiga campeã nacional de andebol e neta de um fundador do clube); o Valpaços (III Divisão) é presidido por uma Mulher que se vê "não como um exemplo mas como um incentivo" para outras mulheres.
Uma das raríssimas Mulheres que presidiram à direcção de um clube de futebol é Vice-Presidente do "Conselho de Disciplina" da Associação de Futebol do Porto, onde tem actualmente uma outra colega.
Embora ainda não em pé de igualdade, no que respeita ao número e à proporção, o género feminino surgiu assim no mundo antes fechado do futebol: como jovens praticantes, como dirigentes, como juízes, como árbitros. E, também, como comentaristas e jornalistas desportivas.
2 - Mas tem sido em outras modalidades desportivas que algumas Mulheres se tornaram verdadeiros símbolos nacionais - caso, antes de mais, do atletismo. Entre elas:
Rosa Mota, campeã olímpica da maratona, que dá o nome a um grande pavilhão desportivo na cidade do Porto, de onde é natural;
Aurora Cunha, antiga campeã do FCP e campeã mundial dos 10 000 metros em 1984, feito que voltaria a repetir;
Manuela Machado, outra atleta maratonista, campeã do mundo;
Fernanda Ribeiro, campeã do mundo e medalha de ouro nas Olimpíadas;
Albertina Dias, campeã de corta-mato (Mundial de 1993).
Entre as mais jovens, Neide Gomes, campeã do mundo de atletismo (Pentatlo 2004) e Vanessa Fernandes, campeã europeia de Triatlo 2004).
Elas têm, de vez em quando, direito a notícia nas primeiras páginas dos jornais.

4 - Entre os desportos tradicionalmente "femininos" contam-se em Portugal o andebol (com queixas de falta de apoio oficial), o basquetebol, o golfe, a natação, o voleibol e o ténis de mesa.
O ténis - outro dos desportos onde é superior à média a visibilidade da Mulher - foi em Portugal o melhor ano no feminino, com a conquista de sete títulos internacionais. Frederica Piedade foi a vencedora do torneio cidade do México e Luísa Gouveia a campeã europeia de veteranos.
Modalidades onde as Mulheres estão ainda a fazer a sua entrada: o bilhar, o ciclismo (quase "paralisado" no País ...) o hóquei em campo e o hóquei em patins (onde, em masculinos, Portugal tem inúmeros títulos mundiais e europeus), o automobilismo, pólo aquático, o râguebi (com campeonatos nacionais onde brilha, tal como no masculino, uma equipa universitária).
Mas é importante realçar que as suas vitórias são muito pessoais, fruto de um esforço individual e não de escolas de excelência criadas pelo Estado ou até mesmo pelos clubes que investem preferencialmente em outros desportos, como já dissemos.
E, por isso, em regra, não têm sucessoras - nenhuma atleta brilha hoje nas provas outrora ganhas por Rosa, Aurora, Albertina, Manuela ou Fernanda, nem pode sonhar com medalhas de ouro. Elas eram "self-made women" fenómenos de talento e de tenacidade, cuja experiência os poderes públicos e as instituições desportivas não têm sabido utilizar suficientemente. Algumas de entre elas (como Aurora Cunha e Rosa Mota) têm pela sua parte tentado o envolvimento na política (sobretudo a nível local e regional), e a intervenção na sociedade civil, em campanhas cívicas e beneficentes. Se mais não fazem, é por falta de receptividade e apoio.
E há também os casos de ex-atletas esquecidas - porventura mais do que os colegas masculinos ... - com dificuldade de se integrarem no mundo profissional, depois de uma admirável, mas sempre curta, carreira de competição. Albertina Dias, uma viúva de 39 anos com responsabilidades familiares, que estava no desemprego, acaba de fazer títulos de jornal agora que, finalmente, conseguiu encontrar, numa câmara municipal, um trabalho na área de formação e animação desportiva.
O que não sabemos é quantas antigas atletas, muito menos famosas, não atravessam crises semelhantes. Por isso, achamos que este é um problema que deve acrescentar-se ao da discriminação em matéria de remuneração e de prémios em tempos de competição - ambos a exigir estudos aprofundados.

Assembleia da República, 20 de Janeiro de 2005.
A Deputada, Manuela Aguiar.

Nota: O Anexo II, versão francesa, encontra-se disponível, para consulta, nos serviços de apoio.

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