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13 | II Série C - Número: 045 | 14 de Abril de 2007


5. Participação da APEM em encontros parlamentares e governamentais.

O tema em debate nesta terceira Sessão Plenária da APEM foi o «Diálogo entre Culturas».
A Delegação portuguesa pediu a palavra, tendo o Deputado Agostinho Gonçalves apresentado a seguinte intervenção:

«Sr. Presidente, Caros Colegas:

Uma primeira palavra para a Tunísia, país que nos acolhe com simpatia, na tradição das suas raízes. País milenar cheio de história, que na passagem do século conhece avanços consideráveis de modernização e de abertura ao diálogo.
A Comissão para a Promoção de Qualidade de Vida, dos Intercâmbios Humanos e da Cultura, tem desenvolvido, ao longo das suas reuniões, imenso trabalho, conforme se pode constatar nas actas. Mas, hoje, quero apenas falar sobre o tema Cultura. Todos nós, em geral, pensamos na possibilidade real da aproximação dos estados por esta via. Porém, temos de admitir a possibilidade de ela também ser razão de afastamento. No caso da APEM é manifesto o caminho já percorrido no sentido de agarrar a diversidade cultural como riqueza a partilhar por todos os estados em benefício directo dos seus respectivos povos.
Temos, na diversidade, pontos comuns. A história existente no património edificado é um marco relevante para fazer ponte de aproximação, rasgando fronteiras visíveis e invisíveis.
No século XXI o progresso e o desenvolvimento estão directamente ligados aos compromissos entre Estados, sempre difíceis de fazer, mas fundamentais. Esta assembleia tem isso presente. As diferenças económicas, políticas, religiosas existem. Agora, também deve haver por parte dos dirigentes políticos, abertura para procurar entendimentos de interesses comuns. A componente cultural é, penso eu, essencial para alcançar parcerias que levem ao progresso e à paz.
O intercâmbio cultural a fazer-se, desde já, deverá envolver toda a arte literária, musical, plástica, teatral, etc., com programas o mais possível abertos às populações, onde seja possível promover a aproximação desejável e útil. Chamar os artistas e os jovens, juntar as instituições na realização destes actos é, a meu ver, um caminho a realizar.
Tenhamos a ousadia de romper com preconceitos instalados. A determinação, usada por vezes em teimosias fúteis, é necessária para vencer obstáculos sempre presentes quando se não está conformado com situação de águas paradas.
Uma exposição de artes plásticas conjunta, por exemplo, poderá ser um primeiro passo. Depois deste dado, abre-se possibilidades imensas de outras realizações. Haverá vontade política para tal? Essa é a questão.

O objectivo principal é a paz. É na paz que a Humanidade conhece progressos, não é na guerra. Esta tudo destrói, quase tudo mata. Na paz, combate-se a pobreza, o desemprego as doenças, promove-se a investigação científica, o ensino e as artes.
Já na idade média o Imperador Carlos V dizia que o mediterrâneo deveria ser um lago de paz.
Hoje, século XXI o desafio é nosso. Somos capazes de o vencer?» O debate em torno do tema foi consensual, pesem muito embora as perspectivas diferenciadas das duas margens do Mediterrâneo.
Por este motivo, foi extremamente interessante escutar a intervenção do Presidente do Parlamento marroquino, Sr. Radi. Uma perspectiva diferente de um membro da margem sul do Mediterrâneo. Segundo o Presidente Radi, a cultura integra quatro componentes, a económica, a política, a social e a religiosa.
Segundo Radi é o conjunto harmonioso destas componentes que constituem e dão origem a uma civilização e, neste sentido, o fosso histórico entre o Norte e o Sul é a origem de quase todos os problemas. As quatro componentes diferem muito do Norte para o Sul do Mediterrâneo. Enquanto que o Norte já assistiu a uma revolução religiosa, industrial, intelectual, está a atravessar uma revolução ecológica e nos meios de comunicação e novas tecnologias, os países do Sul ainda estão a passar por esse processo. Ter a noção clara desta «décalage» é um primeiro passo no caminho da Aliança de Civilizações, desconhecer ou ignorar o processo que os países do Sul ainda terão de percorrer será um erro histórico para o sucesso do diálogo entre culturas.
A Delegação eslovena apresentou o projecto de constituição de Universidade do Mediterrâneo no seu país, tendo para efeito solicitado o apoio dos membros da APEM.
No final do debate, os presidentes das três Comissões Permanentes e da Comissão ad hoc apresentaram as respectivas Recomendações, tendo as mesmas sido aprovadas por consenso. Excepção relativamente ao Grupo de Trabalho sobre Paz e Segurança no Médio Oriente que, pelas razões acima apontadas, não apresentou Recomendação.
Foi, ainda, apresentado o Relatório do Grupo de Trabalho sobre o Financiamento e Revisão do Regulamento (anexo IX), tendo o mandato do Grupo sido prorrogado por mais um ano para finalização dos trabalhos.