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17 | II Série C - Número: 025 | 12 de Abril de 2008

Desta forma, em vez desta aquisição gerar contrapartidas normais, ela é já uma contrapartida em valor, de uma venda feita por Portugal.
Esta situação, ou forçou a própria opção pelos aviões ou pelo menos limitou fortemente os impactos que uma aquisição desta natureza e dimensão poderia ter na economia nacional. Tratou-se de uma nova oportunidade perdida.

Conclusões Preliminares

1. Nas duas últimas décadas aumentou enormemente o número de países que passou a recorrer ao mecanismo das contrapartidas, principalmente em aquisições de material militar (aviões, helicópteros, navios, viaturas de combate, sistemas de defesa, etc.), mas também em aquisições civis.
2. Os países aderiram a este mecanismo por perceberem que ele permite alcançar mais rapidamente o que por via normal do mercado é mais lento ou mesmo inatingível. Na realidade, certos investimentos não se fariam, ou pelo menos tão cedo quando o país necessita, ou algumas das suas empresas dificilmente poderiam aceder a parcerias com gigantes multinacionais de forma natural se não houvesse este mecanismo.
3. As áreas que são contempladas nos acordos de contrapartidas são muito variadas, englobando joint ventures em diversas áreas, investimentos em infra-estruturas, formação, licenças de produção, compra de produtos, promoção turística, etc. Contudo, nota-se que na maioria dos casos referidos neste capítulo os países aproveitam as aquisições militares e civis( na área da aviação) em primeiro lugar para estabelecerem ou reforçarem a sua indústria aeronáutica.
Esta opção, ainda que tendo presente preocupações com a vertente militar, não radica essencialmente em convicções ou visões belicistas. O que acontece é que na era actual a indústria aeronáutica é a charneira de um largo e permanente fluxo de inovação tecnológica, o que abre oportunidades aos diferentes países, mesmo sem tradição nesta indústria, de poderem partilhar alguma ou algumas das imensas oportunidades de inovação e produção, tornando-se mesmo líderes mundiais em áreas especializadas. A cooperação internacional no domínio da aeronáutica e aeroespacial é uma realidade em desenvolvimento, permitindo que países pequenos e até há poucos anos afastados de certos projectos possam hoje ter uma contribuição assente no domínio de tecnologia avançada. Por exemplo a Espanha, a Alemanha, a Itália, ou mesmo a Bélgica contribuem nesta altura com o fabrico de componentes para o desenvolvimento do futuro vaivém espacial.
4. Num mundo onde a globalização dos mercados comporta, pelo menos no curto prazo, desequilíbrios de comércio que podem ser muito difíceis para alguns países, não será de excluir que o mecanismo de contrapartidas continue a crescer como forma de amortecer tais desequilíbrios, promovendo uma aceleração da transferência de tecnologia bem como das parcerias entre países e suas empresas.
Uma notícia recente (dia 5 de Outubro em França) dava conta de que era intenção da Rússia exigir fortes contrapartidas pela autorização de exploração de petróleo no seu território a empresas europeias, e que nessas contrapartidas estaria a exigência de cooperação entre o consórcio europeu da Airbus, a EADS, e empresas aeronáuticas russas. Trata-se de apenas uma notícia, mas o seu teor faz, para já, sentido.
5. Os casos de negócios de contrapartidas apresentados neste capítulo mostram que o sucesso destes processos é fruto de um trabalho inteligente, paciente e moroso por parte de todos os envolvidos, desde organismos públicos e de ciência até às empresas. Por outro lado, é impensável qualquer êxito sem um Estado com visão estratégica do processo de desenvolvimento económico, capaz de estabelecer prioridades e assumi-las, de assegurar um ambiente institucional favorável e estável. O zigue-zague de políticas ou de prioridades limita ou condena mesmo os resultados.
Por outro lado, estes processos beneficiaram da sua publicidade em vez do secretismo.