6 DE’ ABRIL DE 1990 227
fissional talvez, descobri mais defeitos ido que'o que devia descobrir. O que.¢ certo € que depois ‘a senhora
(depois so contactei com a senhora, ja)nao contactei com o Sr. Ministro sobre isto) quis: fazer mais obras, e perguntou ao Engenheiro Vitor Ribeiro se poderia
substituir a alcatifa que la estava (alias, isso também
foi veiculado na imprensa, visto. que os jornalistas en-
traram 14 sem autorizagao e fotografaram as obras de substituigao daalcatifa por pedra) e realmente
substituiu-se, penso, na sala e no hall de entrada a al-
catifa por pedra. A verdade'é que aquilo era para ser
feito num més ou dois, ¢ demorou seis, ‘sete, oito ).. nao sei quantos meses demorou! Mas o Sr. Ministro julgo que so entrou em Julho de 1988. Aquilo foi feito em Setembro de 1987, repare 0 tempo que as obras le-
yaram para substituir e para pintar, isso foi realmente
uma coisa que incomodou muito o Sr. Ministro, nunca
mais poder mudar. Simplesmente, como estava a resi-
dir no andar do préprio vendedor, nao havia grande problema. S6 comecou a haver problema ‘quando o vendedor, a firma EUTA, vendeu 0 andar ao Dr. Ema-
nuel de Sousa, entéo ai € que ja era incomodativo o
Sr. Ministro continuar num andar que entretanto ja ti-
nha sido revendido, digamos assim. Bem, as obras fo-
ram feitas. Foi a firma Alves Ribeiro que as féz, e até
lhe digo que fui eu, como pivot, que‘também levei o
cheque do Sr. Ministro para a firma EUTA.’ Paguei
com o cheque do Sr. Ministro a firma Alves Ribeiro.
Portanto, se conheco as obras (?), conheco-as perfei-
tamente e sei o que é que se la fez. }
Quanto a questao da entrega das chaves da casa das
Amoreiras, nao sei se na altura em “que se fez o
contrato-promessa de compra e venda foram logo en-
tregues ao Sr. Ministro, ¢ possivel que tenham ainda
ficado na posse da firma EUTA porque continuou a
fazer as obras. Provavelmente s6 em Junho, quando
0 Sr. Ministro se mudou, é que a firma EUTA lhe deu
a chave das Amoreiras. Se tinha alguma cépia, ou se
nao tinha, para a senhora 1d ir ver as obras, nao sei.
E possivel que houvesse mais cépias, porque houve jor-
nalistas que 14 entraram, e abusivamente, pelos vistos.
Agora se havia ou nao havia outras cépias de chaves
que o Sr. Engenheiro Vitor Ribeiro entregasse, nao sei.
Mas ndo era preciso, porque as pessoas nao podiam
habitar a casa, portanto provavelmente s6 entregou as
chaves em Junho ou Julho (nao sei quando foi exac-
tamente) — aquando da mudanga do Sr. Ministro para
a casa das Amoreiras. y Relativamente as chaves da Rua de Francisco
Stromp, af francamente € que nao sei mesmo, porque
n&o acompanhei tao bem 0 processo. Mas, se bem
posso afirmar, o Sr. Ministro. esteve a viver na Rua
de Francisco Stromp porque eu pedi, Pedi porque era
uma obrigacdo da firma Alves Ribeiro, j4 que nao es-
tava pronta a casa, que deixasse continuar o Sr. Mi-
nistro 14. O que ja nao era bem uma obrigacdo era
quando a firma EUTA prometeu vender em Margo de
1988, ai é que ja nao era uma obrigacdo. E o Sr. Mi-
nistro’ ficou incomodadissimo e disse-me: «Vou para
um hotel, deixe estar ...», € perguntei ao Dr. Ema-
nuel de Sousa: «Quer ou nado quer que 0 actual resi-
dente, o Sr. Ministro das Finangas, saia?», € ele disse-
-me: «Nao, ndo vale a pena, quando precisar digo»,
foi assim textualmente que me disse — no’ sei se por
simpatia — ... e ia informando:o Sr. Ministro: «Nao
esteja preocupado, que o senhor pode la estar enquanto
nao mudar paracas Amoreiras.» E°o que € certo € que
as. obras‘em Marco eram para estar prontas em Abril,
e-depois‘em Maio e's6 acabaram realmente em Junho,
salvo erro. Foiisso. Sevas chaves foram entregues ..- provavelmente foram-me entregues e dei-as ao
Dr. Emanuel-de Sousa, nao sei! Francamente nao sei
se foram! entregues»directamente, se fui eu que servi
também de: intermediario ¢ fui entregar as chaves ao
Dr.:;Emanuel de Sousa. Havia muita confianca entre
as pessoas, eu-com o engenheiro Vitor Ribeiro, eu com
o Dr. Emanuel de Sousa, pelo que as coisas possivel-
mente-se faziam com muita simplicidade, nao com os
Tequisitos legais que devem ser observados em circuns-
tancias diferentes. Penso que respondi.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem
a palavra a Sr.* Deputada Odete Santos.
A Sr.? Odete Santos (PCP): — E sé. um comple-
mento. Portanto, pareceu-me concluir — dira se assim
é,ou,ndo-— que na-altura.em que apresentou a -pro-
posta, de permuta ao Sr. Engenheiro Vitor Ribeiro ele
nao Ihe, pds como.condic&o que a.casa do, Lumiar fosse
vendida no prazo.de 120. dias. Pelo que 0 prazo ra-
zoayel-de queo Sr. Engenheiro falou foi,em relagao
ao. prego, O.preco'seria 11.500 contos se a casa do Lu-
miar fosse vendida num ,prazo razoavel. Mas nao, lhe
pds como-condicao para aceitar.a permuta que a casa
do. Lumiar fosse vendida no prazo de,120.dias.(!?),
” creio, que. foi esta.a conclusdo que tirei.
E a outra questaoé em relacgdo as obras. Tambem
me parece que ¢ uma conclusdo, que houve obras, que
foram efectudas sob.a direccdo juridica (digamos). do
Sr..Ministro.das Financas.— aquelas obras de substi-
tuir a alcatifa, Foi o Sr. Ministro das Financas que na
altura quis que essas obras fossem feitas, e que deu
orientagdes nesse sentido por seu intermédio ou de ou-
tras pessoas. E so.
O.Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra
o Sr. Engenheiro Almeida Henriques.
OQ. Sr. Engenheiro Almeida Henriques: — Relati-
yamente ao, primeiro ponto, foi como disse. Perguntei
ao Sr. Engenheiro Vitor Ribeiro se aceitava a permuta,
ele aceitou, muito embora, provayelmente, como disse
ha pouco, uma dptica de persuasao que as pessoas fa-
zem quando est&o a negociar, dei-lhe facilidades, disse-
-Ihe que era facil — se ele pretendesse — vender o
andar rapidamente. Lembro-me de the dizer isto, tal-
vez por sentir que ele pensasse pois, se nao vendesse
o andar, ficar com o andar 14, e realmente dei-Ihe essa
confiahca. Nao me comprometi a vender, se nao.o ti-
vesse vendido ele tinha de ficar com o andar, é€ evi-
dente. Ele teve preocupacdo em ver se o andar se ven-
dia, se era justo por 11 500 contos ... Portanto, ele
sabia que corria 0 risco, se eu nao vendesse o andar,
de ficar com ele. Mas devo confessar que the dei muita
confianca, e sé por isso é que a minha firma Arena
nao ganhou dinheiro nenhum. Foi por uma questao de
honra; digamos’assim, de the ter prometido que o an-
dar se vendia depressa, ja passavam trés ‘ou quatro me-
ses depois da’ data prometida para a escritura, 31 de
Janeiro de 1989, seis sobre o contrato-promessa de
compra 'e venda: «Bom, o melhor é despachar isto.»
Naquela ‘altura toda‘a%expectativa de lucro que a Arena
tinha ficou reduzida a zero.