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230 U SERIE NUMERO 5-¢y

O engenheiro Vitor Ribeiro estava interessado-em.ven- der o andar, porque, se ndo, ndo.o vendia. O. andar até estava para ser vendido a.um familiar, mas.este nado quis. Depois, disse-me logo 0 preco-com tanta rapidez que concluo que teria alguma ansiedade.em o vender.

E que na altura, os andares das Amoreiras. nao. se vendiam tao facilmente como isso. Lembro-me de que a firma Carlos Eduardo Rodrigues, que vendia. uma parte dos andares, se nao foi a faléncia, quase.o foi, e andava a pedir quase por favor que lhes compras- sem os andares a qualquer preco. Depois as coisas fo- ram melhorando. O centro comercial evoluiu. muitis- simo bem e deu valor aos andares. Hoje é um centro muito in exactamente porque aquilo se valorizou bas- tante. Na altura nado era tanto assim e estou conven- cido de que, mesmo nessa fase final, o Engenheiro Vi- tor Ribeiro queria era ver-se livre do andar, apesar de nao mo ter dito. :

evidente que, se eu The dissesse que lhe compraria 0 andar, ele ficaria mais satisfeito, que é 0 que se passa, como referi ha pouco, quando uma pessoa re- cebe automéveis em segunda mao. Quando eu lhe disse que nao lhe podia comprar ’o andar, mas que Ihe dava um por troca, ele diminuiu o seu stock. Fez uma venda de cerca de 20 000 contos, porque acabou por vender também o estacionamento e as arrecadacoes, € ficou com um valor de 11.500 contos. Diminuiu, pois, o seu stock: facturou 20 000 contos e ficou com 11°000'con- tos, 0 que ja4 nao é nada mau.

Estou convencido de que ele o fez ide livre vontade, por um lado, e numa éptica*de negécio, por outro lado, no vender o ‘andar pelos tais 110 contos por me- tro quadrado € que estava o seu objectivo de’ lucro; € nao no andar que recebeu. O problema de saber se ele ficou, ou nao satisfeito & dele. Convenci-o, real- mente, a vender, Talvez.a minha, persuasdo fosse su- perior a dele, mas o certo é que nao fiz pressdo ne- nhuma noutros aspectos. O que lhe disse claramente foi que. me ofereci para vender o andar.

Quanto.a garantia, podera ter pensado: «Ele esta a garantir-me e eu tomo isto como uma garantia.» Tal- vez ele tivesse confianca em mim ¢ achasse que eu Ihe estava a garantir que o andar estava vendido. Mas, na realidade, eu nao podia fazer isso porque, se nao, pro- vavelmente eu teria pedido outra coisa ao Sr. Enge- nheiro Vitor Ribeiro, e entéo seria um favor que The estaria a fazer e que poderia ser interpretado de outra maneira. Podia ter dito o seguinte: «O'Sr. Engenheiro Vitor Ribeiro deixa o Sr. Ministro ir viver para 0 an- dar, ele da-Ihe 5000 contos de sinal ¢ ‘depois, quando vender o andar dele, paga-lhe o resto.» Eu nao fiz esta proposta ao Sr. Engenheiro Vitor Ribiero, ou seja, de vender 0 andar e nao receber nenhum em troca, mas ficar na dependéncia de vender o andar quando ca- Ihasse, Eu nao fiz essa proposta porque seria realmente um favor que estaria a fazer ao’ Sr. Ministro, quando o Sr. Ministro me tinha dito"que nao queria nada’ que fosse de favor.

Acho, pois, que o que sé° fez nao foi um favor. O preco foi exactamente'de'17/500 contos, que’ corres- pondeu ao valor declarado. E todos sabemos’ = os Srs. Deputados estar4o interessados em saber, até pela fungao que desempenham — que 90 %' da:populacao portuguesa, sobretudo a:classe média/alta, ndo:declara 9 valor real dos andares, numa Optica de fuga a siga. Conhego perfeitamente esta situacdo. Provavelmente; © Sr. Ministro esta na categoria. dos 5 % ou 10% que nao o fizeram. E, uma, investigacdo, muito simples, sa-

ber‘ que ha sempre uma tentativa — e isso bem me tem penalizado nas. situagdes. com> que. me tenho confrontado,— de o comprador declarar um valor in: ferior para efeitos de pagamento de sisa. Isto é claro € passa-se, infelizmente,.em todo. o Portugal. E, toda. via, certo que os servicos de financas tém o poder de reavaliar o andar e depois cobrar a sisa adicional,

Neste caso, enervou-me bastante ver as noticias da imprensa. Nao me preocuparam as datas e outros as- pectos de pormenor. O que me preocupou foi que se estava a por em causa até a minha propria idoneidade, ao dizer-se que 0 preco foi de favor e foi declarado abaixo do ‘valor real. Isso é' redondamente mentira, E era muito facil a imprensa ou qualquer investigador ir a firma 'vendedora, que tem as suas tabelas, que sao as reais, e confirmar 0 preco. Se se for a FENALU, que vendia os anadares naquela época, 14 encontramos a tabelazinha. Quando vamos af a um qualquer em- preendimento urbanistico, a:tabela de'vendas que en: contramos € a real. Sdé

E este o esclarecimento que queria dar, nfo como tesposta ao Sr. Deputado, mas como desabafo que julgo dever fazer relativamente ao que tem sido publi- cado na imprensa.

Relativamente a posigao do Dr. Emanuel de Sousa, essa, entao, nado compreendo de todo. Desde logo, nao me lembro se foi ou nao ele que se interessou pelo an- dar. Tenho duividas sobre isso e nao sei se nao era mesmo ele que andava 4 procura de uma andar para um amigo.

Em segundo lugar; ele foi ver o andar e disse-me que tinha gostado imenso do andar. Passado pouco tempo, dissé-me que tinha feito um bom negédcio. Disse-me que gostou imenso do andar e até 14 foi vé-lo uma ou duas vezes, mas passado pouco tempo disse! que ja tinha feito um grande negécio. E eu, a ’brincar, até lhe disse: «Ent&o vais'receber a factura da Arena porque, se 0 negocio ébom, tens de Ihe:pagar’o servico.» Nao per- cebo, portanto, qual foi o favor queele fez em com- prar o andar, porque fez um bom negécio ¢ hoje é ca- paz; de vender o andar por 18 ou 20 000 contos.

O Sr. Presidente: — Algum dos Srs. Deputados pre- tende:colocar questdes ao: Sr.;Engenheiro Almeida Hen- riques?,

Pausa.

Tema palavra o Sr. Deputado Domingues Azevedo.

O Sr. Domingues Azevedo (PS): — Sr. Presidente, pego desculpa, mas, por razées que nada tém a ver com a Comisso, nao me foi possivel chegar a horas a esta reuniao. Poderei, pois, correr o risco de formular al- gumas perguntas que ja tenham sido colocadas. Mas o Sr. Engenheiro, nas respostas que eu ouvi, nao sa- tisfez algumas) das duvidas: que tenho. Gostaria, por- tanto, de Ihe fazer algumas perguntas.

O. Sr. Engenheiro: Vitor: Ribeiro; inquirido-no am- bito desta Comisséo, pela descricdo que fez da conversa

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