O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

 

qualquer relevância para discutir numa reunião do Conselho de Coordenação Operacional.
As questões importantes, como a obtenção de meios de prova, a estratégia comum da Polícia Judiciária e a articulação das várias direcções centrais, nunca foram discutidas em qualquer reunião de direcção.
Falou-se na necessidade de ter um relatório mensal de cada um dos departamentos. Houve uma reunião (já não me recordo qual) em que se falou muito na questão da articulação entre as secções regionais das três direcções centrais - DCCB, DCICCEF e DCITG. Mas eram questões formais: saber quem é que anunciava, quem é que não anunciava, quem é que dirigia,…
No fundo, para mim, não eram questões de âmbito ou com uma importância que deveria ter o saber dos objectivos comuns de uma direcção que toma posse na Polícia Judiciária.
Quanto à Dr.ª Maria Alice, falaram-nos por várias vezes na questão de a afastar. Aliás, logo de início houve um incidente complicado - o qual não gostaria de referir aqui porque implica terceiras pessoas -, que teve a ver com as tricas de bastidores a que aquela direcção estava sujeita. Houve uma informação sobre a Dr.ª Maria Alice que a deixou triste, que tinha a ver com uma característica pessoal, com um adjectivo que não foi bem proferido e que a Dr.ª Maria Alice veio a saber. Depois pediram-lhe desculpa.
Entretanto, o Sr. Director Nacional, através das suas fontes (de que ele me falou várias vezes e que nunca percebi quais eram), tinha a ideia de que a Dr.ª Maria Alice tinha o seu grupo enraizado na DCCB que era preciso afastar. Não sei se se referia a algum grupo da anterior direcção… Eu nunca senti isso.
É verdade que o Sr. Director Nacional poderia afastá-la, mas naturalmente não queria tomar essa atitude, queria que essa atitude passasse por mim. Mas também não era uma questão que se pusesse a curto prazo - porque eu era novo na Polícia Judiciária e não tinha conhecimentos de modo a poder estar sozinho numa direcção -, era um projecto a médio prazo e eu fui frontalmente contra. Porque estar a aproveitar uma pessoa alguns meses e depois "chutá-la" acho pouco respeitoso, pouco nobre e muito desagradável.
Além disso, havia também a ideia de que - e estas são ideias que vêm do Sr. Director Nacional, não sei vindas de quem... Parece-me que o Sr. Director Nacional falaria com muita gente e muita gente falaria com ele sobre questões que nunca percebi quais eram, mas que tinham a ver com uma eventual desorganização da DCCB e com o estado em que a anterior direcção a terá deixado.
Todavia, eu nunca disse mal do meu antecessor, e a DCCB tem respondido aos problemas que têm surgido.
Portanto, as alterações eram de pormenor. O Dr. Adelino Salvado é que deve explicar por que é que a queria afastar. Tratavam-se obviamente de conversas a dois no gabinete dele, porque muitas vezes tínhamos conversas a dois. Mas como testemunha não tenho que provar as minhas declarações, tenho é que dizer a verdade; depois competirá aos Srs. Deputados tirar conclusões.
O caso do Ministério dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas foi também, se não me engano, numa sexta-feira à tarde. Recebi um telefonema, nessa altura, via Sr. Director Nacional, dizendo-me que tinham desaparecido 150 bilhetes de identidade do Ministério dos Negócios Estrangeiros e deu-nos o contacto do Sr. Secretário do Ministério Sr. Dr. João Salgueiro.
Como era costume nestes casos (note-se que nunca tratei destas questões pessoalmente), tracei as directrizes e atribuí o processo nessa altura ao Inspector Chefe Leonel, que, durante o dia inteiro, tentou telefonar para o telemóvel do Sr. Embaixador João Salgueiro, que nunca o atendeu.
Cerca das 19 horas, 19 horas e 30 minutos, o Inspector Chefe foi-se embora e eu fiquei com o contacto do Sr. Embaixador João Salgueiro, pensando mandar-lhe um fax a dizer que tinha alguma necessidade de falar com ele ou de o inquirir formalmente.
Fiz uma primeira tentativa em que não obtive resposta do telemóvel e, cerca das 19 horas e 45 minutos, ele respondeu. Disse-lhe que era o director da DCCB, que tinha conhecimento do que se passava, e que tinha interesse em falar formalmente com ele. A resposta que ele me deu foi: "Olhe, não me deve ouvir a mim, deve ouvir é fulano e fulano, que são os responsáveis pelos serviços consulares do Ministério dos Negócios Estrangeiros".
Aí, naturalmente, pedi desculpa e disse-lhe: "Sr. Embaixador, peço-lhe desculpa, mas nessa matéria ainda é a Polícia Judiciária que entende quem é que deve ouvir e não o Sr. Embaixador". E a resposta do Sr. Embaixador foi simplesmente: "Olhe, consigo não falo. Só falo através do seu Director Nacional", ao que eu, obviamente, respondi: "Se o Sr. Embaixador toma essa posição, então não temos mais nada para dizer um ao outro". Entretanto, ele tentou prolongar a conversa e eu disse-lhe que também não havia interesse nisso, sendo que não houve, propriamente, um desligar de telefone e a conversa ficou por ali.
Obviamente, logo a seguir, falei com o Sr. Director Nacional, disse-lhe o que se passou quanto ao processo que nos havia sido enviado (primeiro, tinha havido um telefonema e, depois, tinham vindo as fotocópias do processo) e que o Sr. Secretário do Ministério dos Negócios Estrangeiros havia tomado aquela atitude.
O Sr. Director Nacional perguntou-me por que queria eu ouvi-lo, tendo eu respondido que entendia ser necessário ouvi-lo, em primeiro lugar, porque era o denunciante e, em segundo lugar, porque poderia dar-nos um entendimento do que é a orgânica daqueles serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros, pois ele sabia quem dirigia, quem não dirigia, em que termos funcionavam os serviços consulares, onde teriam desaparecido os bilhetes de identidade, como é que tinham desaparecido, onde, porquê, e, naturalmente, como é que tinha sabido da notícia. Penso que estes eram pontos necessários a qualquer investigação.
Vem nos livros que, em primeiro lugar, se ouve o denunciante para, depois, iniciar-se a investigação. Portanto, não é nada do outro mundo ouvir um secretário do Ministério dos Negócios Estrangeiros que nos dá notícias de algo que, nem se sabe se é um crime, mas que tem a ver com o desaparecimento de bilhetes de identidade.
O objectivo era, essencialmente, perceber como tinham sabido que os bilhetes de identidade haviam desaparecido, em que termos, quando tinham desaparecido, por que foi feita a queixa, através de quem souberam que tinham desaparecido e qual era a orgânica dos serviços.
Falei com o Dr. Adelino Salvado e estivemos os dois de acordo. Assim, enviei um fax para o Ministério dos Negócios Estrangeiros do seguinte teor: "Tendo surgido dificuldades no contacto com V. Ex.ª, sugeria que entrasse em contacto o mais urgentemente possível para o telemóvel (…)", sendo que não se tratava do meu número de telemóvel mas, sim, do da coordenadora que estava de