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Recordo-me, por exemplo, de uma vez, na Gomes Freire, o Sr. Director Nacional me ter perguntado se eu conhecia o Director do SIS, e eu disse-lhe que não o conhecia pessoalmente, que sabia que era um juiz e que, quando fui juiz em Vila Viçosa, a mulher dele era procuradora em Elvas. Ou seja, suponho que alguma coisa tivesse sido falada, mas não posso dizer o quê, contudo posso confirmar que me foi perguntado se eu conhecia o Sr. Director do SIS - também não sei que relevância isto tem.
Sobre mim não houve pressões políticas e não sei se houve sobre o Sr. Director Nacional. Enfim, isto é tudo muito estranho, mas também era estranha a forma como o Sr. Director Nacional respondia a muitas das questões que lhe eram postas, porque, por exemplo, o que era hoje já não era amanhã, o Sr. Director Nacional decidia de forma abrupta determinadas questões, pedia pareceres e dava a decisão dois dias depois, etc. Ou seja, isto é tudo muito estranho, mas pode não passar de estranheza. Portanto, desconheço exactamente se houve pressões políticas.
Quando vi a notícia que referiu no jornal O Independente também fiquei estupefacto. Vi essa notícia depois das audições parlamentares - que ocorreram, se não me engano, numa segunda ou terça-feira -, tinha havido ecos das mesmas na imprensa diária, nos telejornais, e, depois, apareceu essa notícia em O Independente - e isso recordo-me - citando fontes próximas do Sr. Director Nacional.
Sei também que o Sr. Director Nacional falou nesta Comissão das suas preocupações com os direitos, liberdades e garantias individuais, bem como que, na altura, a Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC) tomou uma posição no sentido de saber o que é que tinha sido dito - esta Associação, ao fim ao cabo, tem acompanhado muito o Sr. Director Nacional -, perguntando o que é que isso queria dizer. Obviamente, são polícias que já trabalham na Polícia Judiciária há muito tempo e que não têm conhecimento de escutas ilegais.
O que considero muito estranho é que haja fontes da Direcção Nacional a dizer isso. Penso que talvez tivesse interesse saber quais foram essas fontes - a notícia era da jornalista Inês Serra Lopes -, quem é que disse isso à jornalista. Não sei se os jornalistas entenderão o seu segredo jornalístico como eu entendi o meu segredo de justiça, mas parece-me que teria interesse saber-se que fonte foi essa, quem é que esteve com a jornalista a dar estas informações, em que termos é que elas lhe foram ditas e onde é que estas informações foram colhidas. Se calhar, quanto a isso, esta Comissão pode ter algum papel de investigação. Eu não sei isso, porque na altura já não estava na Direcção Nacional, mas haverá quem saiba, com certeza.
Também é estranho que, perante uma notícia destas em que se falava em fontes da Direcção Nacional, o desmentido do Sr. Director Nacional tenha surgido, ao que sei, cinco dias depois da notícia. Ou seja, decorreu um compasso de tempo demasiado longo para se perceber o que está aqui em causa, mas como aqui há muita coisa que não se percebe esta é só mais uma.
Quanto à pergunta que me colocou sobre se alguma vez fiz escutas ilegais, respondo-lhe que não, nem tenho conhecimento de que elas se tivessem feito na Polícia, na minha direcção ou em qualquer das outras direcções; nem enquanto juiz tive conhecimento de que tal se passasse. Realmente, fiquei perplexo quando vi essa notícia nos jornais. E mais perplexo fiquei quando li que as fontes eram próximas do Director Nacional, mas também devido a alguma correspondência com as preocupações com os direitos, liberdades e garantias que o Sr. Director Nacional tinha manifestado nesta Comissão.
Quanto à questão relativa à quebra de solidariedade, à quebra do corpo único e à necessidade de remodelação, eu não vejo que tenha havido qualquer quebra de solidariedade ou do corpo único, nem sei se e em que termos foi feita a remodelação, nem o que é que, neste momento, está a funcionar melhor ou pior do que antes, por isso não posso responder à sua questão. Ou seja, se calhar, a perplexidade de quem está a ouvir-me é igual à minha.
Tenho pena de não poder dizer mais, mas também não sei mais. Hoje respondo a tudo o que me perguntarem, mas há coisas que também não sei.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.

O Sr. António Filipe (PCP): - Sr. Presidente, apresento as minhas saudações ao Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes.
Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes, já lhe foi perguntada muita coisa, não vou repetir pergunta nenhuma, portanto vou ser muito directo e pedir-lhe apenas algumas precisões relativamente a alguns aspectos, até tendo como base o depoimento que prestou na 1.ª Comissão.
O Sr. Dr. deu-nos conta de que a sua demissão se deu na sequência imediata de uma reunião, na qual expressou as suas opiniões, designadamente quanto a um problema de ajudas de custo. A pergunta que quero fazer-lhe é se houve alguma relação directa entre o conteúdo dessa reunião, as opiniões que expressou e a sua demissão ou se o facto de ela ter ocorrido nesse dia foi mera casualidade.
Gostaria ainda de saber, designadamente, se nessas reuniões manifestou preocupações relativamente às condições de operacionalidade da Polícia Judiciária, isto é, se houve divergências a esse nível que pudessem ter sido apontadas como causa para a sua demissão.
Passo a colocar-lhe a segunda questão, que, para nós, tem grande importância.
O Sr. Doutor referiu que desconhecia as razões da sua demissão. Alguns Srs. Deputados fizeram leituras relativamente à sua demissão e o Sr. Dr. respondeu, a dada altura, que "(…) quanto à leitura das razões, eu tenho a minha, que não vou expor em público, obviamente, por razões que compreenderá", portanto, que, para já, a questão ficava para si. Hoje, estamos em circunstâncias diferentes, como já foi referido, portanto pergunto-lhe se quer compartilhar connosco a leitura que tem relativamente às causas da sua demissão.
Já agora, queria colocar-lhe outra questão. O Sr. Doutor também referiu a determinada altura o problema do afastamento de pessoas, dizendo, quanto ao afastamento de pessoas, que "(…) nunca me foi colocado como ponto da minha permanência o afastar a, b ou c; era-me sugerido". Já foram aqui referidos alguns casos, designadamente o da Dr.ª Maria Alice Fernandes, e eu pergunto-lhe se havia mais pessoas, porque falou no plural, isto é, se lhe foi sugerida a intenção de substituição de mais pessoas para além daquelas de que já temos conhecimento.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes.

O Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes: - Sr. Presidente, Sr. Deputado António Filipe, quanto à questão da reunião e da