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estudar, dinamizar, utilizar os conhecimentos que me eram dados pela investigação para reestruturar a DCICCEF que estava necessitada disso, porque encontrei uma direcção central traumatizada pela investigação do caso Moderna.
Sei reconhecer o valor e a obra dos meus antecessores. Mas, Sr. Deputado, o que eu fiz na primeira comissão foi obra dos investigadores, não foi obra minha. Limitei-me a liderar, a coordenar determinadas investigações, a tirar conclusões e a conceber planos e modelos de investigação.
Em relação ao caso da Brigada de Trânsito, fui abordada pelo Inspector Chefe de Setúbal, em Fevereiro de 2001, que me mostrou elementos da investigação de Setúbal do Cabo Machado, que eram uma lista de nomes de pessoas da BT que recebiam regularmente cheques junto de empresas. Olhei para aquilo e disse ao Inspector Chefe: "Tem de se fazer qualquer coisa, nós não temos meios, mas isto fica comigo e esteja convencido de que não cai em 'saco roto'".
Pedi ao Dr. Bonina (estou a falar para cima) a constituição de uma brigada, que era chamada a "brigada maravilha", da qual faziam parte três pessoas, e que fez um trabalho notável de recolha de informação na estrada, através de meios, de equipamento de vigilância electrónica, todos autorizados pelo juiz de instrução criminal de Setúbal, tendo sido constituídas 23 empresas como colaboradoras.
E tudo o que hoje se traduz em detenção, significa trabalho de recolha de prova e de informação de três inspectores, que quase não comiam nem dormiam para fazer isso e o modelo, concebi-o eu. E o Inspector Chefe Baião sabe isso, o Inspector Uni e a Inspectora Anabela sabem isso, porque eu disse-lhes: Isto é intolerável! Tem de fazer-se uma operação com impacto e com divulgação pública, que ponha termo ao escândalo da corrupção na BT! E a operação tem de ter: lista de detenções, pelo menos, 30 ou 40 pessoas detidas, que são os cabecilhas; verificação dos sinais exteriores de riqueza; dos meios de enriquecimento ilegítimos e definição do modus operandi.
Hoje temos uma investigação com três inspectores, que é neste momento a investigação mais cara que a Polícia Judiciária jamais teve. É cara, não vou dizer porquê, mas é uma investigação cara em termos de meios de equipamento, por exemplo, e do que se gastou para se conseguir definir os modus operandi.
Aqui entra um elemento, que são as ideias, as concepções e o apoio que dei à investigação, a concepção que fiz da operação - porque, de facto, foi a primeira operação que concebi, desde que entrei para a Polícia Judiciária, isso é uma verdade -, e o apoio que obtive do Dr. Bonina para o efeito.
Quanto à politização, não é o meu "calcanhar de Aquiles"! Como já referi, houve um tempo em que todos andámos na política. Cada um seguiu o seu caminho, e eu segui o do Ministério Público, é aqui que quero estar. Não sou um "caso Negrão". Não sou, nem nunca serei! O tempo o dirá!
E como não tenho objectivos político-partidários, escrevi as cartas que escrevi. Se os tivesse, não as tinha escrito. Há também a ingenuidade e a neutralidade própria dos magistrados e há uma vontade muito grande de defender os operacionais. Eu não sabia o que lhes ia acontecer. Aquilo era uma Direcção a funcionar tipo roleta, não se sabia nunca o que é que ia acontecer no dia seguinte.
A propósito da política, devo dizer que não percebi as perguntas do Sr. Deputado. Não percebi! As perguntas não têm inteligibilidade. Mas não contactei ninguém desta Comissão! Não sei o que é que o Sr. Deputado quer dizer!

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - Se desde que se demitiu manteve alguma conversa…

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Desde que me demiti, não! Não!

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - Não é se foi contactada ou se contactou. O que estou a perguntar é se, desde que se demitiu, manteve alguma conversa, por si ou por interposta pessoa, com algum Sr. Deputado aqui presente ou ausente?

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Bom, parece que estou a ser constituída arguida desta Comissão de inquérito e os arguidos têm direito ao silêncio!

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - Não acha que no caso da Brisa, poderia haver uma maior articulação, nomeadamente com a Directoria do Porto?

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Olhe, Sr. Deputado, há amizades…, mas não houve qualquer contacto, nem por mim nem por interposta pessoa. Aliás, não se está a referir-se ao meu marido. O meu marido tem amizades na política, mas também é um homem que se vê completamente desinteressado de qualquer carreira político-partidária, porque senão não fazia o que faz! Portanto, é um homem sem partido, e fala com quem calha e com quem lhe apetece! E eu também falo com quem calha e com quem me apetece!

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - E com o Dr. António Costa?

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Com o Dr. António Costa?!… Com certeza que falei com o Dr. António Costa, no dia da minha tomada de posse.
Tive também várias reuniões com o Dr. António Costa, no âmbito do pacote da legislação económico-financeira. E sabe quem esteve também nessas reuniões, Sr. Deputado? O Sr. Procurador-Geral Souto Moura, a Dr.ª Cândida Almeida, a Dr.ª Teresa Almeida, a Dr.ª Cláudia Santos, o Dr. Rocha Andrade, o Dr. Bonina, o Dr. António Costa e eu. Houve, portanto, várias reuniões nessa matéria! E tive também reuniões com o Dr. Rocha Andrade, sobre a matéria da prevenção do euro.
Aliás, não sei se o Sr. Deputado sabe que a DCICCEF e a Polícia Judiciária é a entidade nacional competente para a centralização da informação em matéria de contrafacção de moeda.
Portanto, de facto, tive essas reuniões. Também tive encontros com o Dr. António Costa na Rua Alexandre Herculano, n.º 42-A, sede da DCICCEF, numa visita que o Dr. António Costa fez à DCICCEF, conforme fez à DCITE, à DCCB e a outros departamentos da Polícia Judiciária. Nessa visita, foi acompanhado pelo Dr. Bonina, falou com todos os investigadores, de todas as secções de investigação criminal, e almoçou na cantina no 7.º andar da DCICCEF.
Mais: deixe-me também dizer-lhe que gosto muito do Dr. António Costa como pessoa, e gostei muito dele como Ministro da Justiça. As Leis n.os 5/2002 e 10/2002, a Lei dos Encobertos, a Lei que aumentou os poderes processuais da Polícia Judiciária, a lei da quebra do sigilo bancário foi feita com um levantamento dos obstáculos à produção de prova em matéria de acesso à documentação bancária, junto dos investigadores e junto da banca. E deu