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7 | - Número: 018 | 17 de Abril de 2010

nem serão capazes de continuarem a oferecer tantos e tão importantes serviços diferentes se não definirmos regras claras de salvaguarda e de exploração dos seus recursos? Que a exploração dos recursos dos mares tem de assentar no respeito e salvaguarda dos grandes ecosistemas marinhos e da sua biodiversidade? Ter e difundir Informação credível e acessível é o primeiro tópico deste relatório.
Cientistas de todo o mundo dizem-nos que as alterações climáticas têm um impacto especialmente grave nos Oceanos.
77% da poluição e contaminação dos mares tem origem em terra e chega até eles directamente, a partir de zonas costeiras densamente povoadas, desordenadas e com actividades altamente poluidoras, ou indirectamente, através dos rios e da atmosfera.
Quando falamos dos gases com efeito de estufa, e na urgência de os diminuir, é bom saber que, mais ainda do que todas as florestas do planeta, são organismos marinhos que absorvem CO2 da atmosfera e que permitem a sua transferência e armazenamento nos fundos oceânicos. Qual o stock de carbono que lá existe? Estima-se que o equivalente ao dobro do que existe em todas as jazidas continentais de petróleo, gás e carvão. Acontece que a capacidade de captura e armazenamento de CO2 dos Oceanos está em risco porque os organismos que o fazem estão ameaçados com a acidificação das águas provocada pela poluição da atmosfera.
Quando falamos da elevação do nível das águas oceânicas, os problemas daí decorrentes ultrapassam as já terríveis previsões de destruição de zonas costeiras e das suas populações: as correntes marítimas que equilibram o clima mundial e os recursos biológicos disponíveis sofrerão impactos de resultados negativos ainda imprevisíveis. Não sabemos se haverá ―day after― para o Homem, se o pior cenário acontecer. Mas sabemos que a Terra será terrivelmente diferente.
Ter informação sobre os oceanos é também saber dos enormes recursos escondidos nas águas e nos fundos do mar.
A energia das ondas e marés, os metais mais raros, os minerais que já escasseiam em terra; os organismos marinhos que comemos, os que utilizamos com medicamentos… todos aqueles que ainda iremos descobrir. Os oceanos profundos são a última fronteira a ultrapassar para que o Homem conheça todo o planeta em que lhe coube viver e reside neles a esperança de que a Terra tenha recursos suficientes para alimentar toda a Humanidade.
É, pois, essencial ter informação correcta e actualizada, mas também tratar e difundir essa informação de forma a ser entendida pelos diversos públicos – os cientistas e investigadores, sem dúvida, mas também os cidadãos em geral, os trabalhadores do mar, as empresas, os decisores políticos.
Sem informação não haverá sensibilidade para os cidadãos alterarem comportamentos e promoverem e exigirem medidas adequadas, sem informação é difícil acertar em boas decisões empresariais e políticas.
A informação necessária deverá basear-se na pesquisa e na inovação, mas deve incluir também o enorme caudal de conhecimentos que existe nos pescadores e noutros trabalhadores do mar.
Os oceanos são sistemas complexos e dinâmicos, o seu equilíbrio depende de uma multiplicidade de factores profundamente relacionados entre si. Portanto, não podemos continuar a tratar sectorialmente os seus problemas e, muito menos, a explorar isoladamente as suas diferentes potencialidades (sejam elas biológicas e geológicas, económicas e energéticas) e sem tomar em consideração as dimensões social e económica duma exploração sustentável e justa. Ora, é impossível, alguém ou algum país, deter a informação e os meios necessários para agir adequada e eficazmente nos Oceanos.
Por isso, a visão multidisciplinar e integrada dos oceanos que se impõe obriga a partilha de informação, unificação de linguagem científica e técnica, transferência de conhecimentos e de tecnologia, projectos supranacionais. Mas também, e é essencial, de enquadramento jurídico claro e de gestão participada e transparente.
Estas questões são particularmente importantes num momento em que o futuro dos oceanos se encontra numa encruzilhada: nunca como agora conhecemos os recursos das águas e dos fundos oceânicos e dispusemos de tecnologia para os explorar; nunca como agora soubemos quanto a acção do Homem pode pôr