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II SÉRIE-D — NÚMERO 32

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3. Disto, em terceiro lugar, resulta que o desemprego jovem foi agravado pela crise, mas os fatores que

estão na sua origem já existiam. Como tal, é necessário um esforço conjunto em diferentes áreas: educação e

formação, economia, política social, política de emprego e mobilidade;

4. Além disso, é importante notar que este é um problema simultaneamente nacional e europeu: ainda que

afete de forma mais severa alguns Estados-membros, as soluções a encontrar carecem de uma abordagem

europeia. É ilusório pensar que estamos apenas perante um problema de alguns Estados mais afetados pela

crise ou com maiores problemas de competitividade. Numa Europa integrada, as assimetrias e divergências

que se verificam têm de ser corrigidas. Assim,

 No caso do desemprego jovem, e segundo dados da Comissão Europeia em novembro de 2013, as

taxas variavam entre os 7.7% na Alemanha e os 57.6% na Grécia;

 No caso do indicator NEET (Not in Education, Employment or Training), a assimetria vai dos 4.7% nos

Países Baixos até aos 21.1% em Itália (para manter a comparação dentro da zona euro)

 No meu País, em Portugal, o desemprego jovem atingiu, em 2013, os 37,7% na faixa etária entre os 15

e os 24 anos, e no caso do indicador NEET atingiu os 16,7% em 2013, ainda que se tenham notado melhorias

no mercado laboral no primeiro trimestre de 2013.

5. Um outro aspeto importante é o de que as consequências económicas do desemprego jovem afetam o –

e são reflexo do – desempenho económico toda a UE: de acordo com um estudo da Fundação Europeia para

a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho, estima-se que, em 2011, as perdas económicas resultantes

do afastamento dos jovens do mercado de trabalho na UE correspondam a cerca de €153 mil milhões, i.e.,

1.2% do PIB da UE. Um paper recente do FMI assinalava, a este respeito, que a "sub-utilização dos jovens no

mercado de trabalho pode resultar num círculo de pobreza intergeracional e de exclusão social", levando a

"perturbações sociais em alguns países."

Tendo estes aspetos presentes, direi que os principais desafios que temos de enfrentar são:

1. A desadequação entre as competências adquiridas e as necessidades do mercado de trabalho:

fenómenos como o excesso de qualificações, ou a desadequação das qualificações, dos jovens devem ser

analisados e ponderados na elaboração de políticas de educação e emprego. A OIT estima que haja cada vez

mais jovens a terem de aceitar empregos abaixo do seu nível de qualificação, a tempo parcial e em condições

de precariedade.

2. A transição da escola para o mercado de trabalho: é fundamental encontrar mecanismos que favoreçam

esta ligação. A educação vocacional ao longo do percurso educativo e a orientação das opções de carreiras

são elementos essenciais.

3. Os efeitos de longo prazo e a frustração de expetativas, ou o que os economistas chamam "o efeito de

cicatriz ("scarring effects"): o desemprego prolongado no início da vida ativa pode deixar marcas profundas

não só do ponto de vista social e psicológico, mas também no do potencial económico dos jovens.

4. Os efeitos negativos da chamada curva de Beveridge na Europa, i.e., a desadequação entre as

competências e a disponibilidade geográfica dos jovens que procuram emprego, por um lado, e as vagas

disponíveis na UE, por outro, o que pode gerar um fenómeno de fuga de capital humano, ou brain drain, entre

Estados-membros;

Se considerarmos este subaproveitamento de capital humano no contexto do desafio demográfico de longo

prazo na UE, aumentam as preocupações com a sustentabilidade do crescimento económico.

E, como tal, a iniciativa para o emprego dos jovens e a implementação da Garantia para a Juventude são

reformas estruturais importantes.

Ora, estas iniciativas contam com uma dotação financeira considerável (cerca de €6 mil milhões), mas esta

deve ser acompanhada de uma monitorização permanente e detalhada, não apenas das situações específicas

de cada país, mas da evolução de toda a UE e os eventuais efeitos de spill-over assimétricos que se possam

estar a verificar.

Neste contexto, devemos ser o mais ambiciosos possível na implementação da Comunicação da Comissão

sobre a Dimensão social da zona euro, que incluiu no semestre europeu um conjunto de indicadores sociais e