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12 DE JULHO DE 2019

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II) Encontro em Manchester

O encontro em título, realizado no dia 6 de junho no Hotel The Midland em Manchester, replicou o formato

da reunião em Londres, com a realização de dois momentos distintos. Na primeira parte, após uma breve

introdução proferida pelo Sr. Cônsul, Dr. Jorge Cruz, usou da palavra o Signatário para enquadrar a reunião e

dar nota da missão da deslocação; ouvir a contraparte britânica quanto ao Brexit e ouvir a comunidade

portuguesa ali representada sobre a situação atual no Reino Unido. De seguida deu nota dos contactos

efetuados em Westminster, passando a palavra à sala. Dos membros da comunidade presentes destacam-se

as seguintes intervenções:

Pedro Oliveira, médico patologista, para informar que o serviço nacional de saúde britânico está

fortemente carenciado de profissionais qualificados, e que sem o concurso de imigrantes todo o sistema irá

parar. Questionou como ficarão as equivalências académicas após a saída do Reino Unido, questão premente

no que toca à imigração qualificada.

Ramesh Nata, dirigente associativo com ligação à comunidade portuguesa originária em Goa, Damão e

Diu, para dar nota das dificuldades sentidas no que concerne à gestão prática do processo administrativo de

obtenção do estatuto de residente. Frisou que as autoridades britânicas têm disponibilizado informação, porém

o processo é complexo, solicitando ajuda do Estado português para casos específicos, como idosos ou

portugueses que não dominam a língua materna.

São João Manuel, para reiterar a necessidade de informação sobre o Brexit sentida pela comunidade,

salientando pela positiva o apoio prestado nesta matéria pelo consulado em Manchester. Deu nota da pressão

contínua no que concerne à validação de situações de precariedade por parte do Estado britânico, onde o grau

de exigência e a cadência de visitas de assistentes sociais impõem padrões difíceis de comportar por famílias

mais vulneráveis.

Isabel Mateus, escritora, que confirmou postura dos serviços sociais britânicos, cuja ação, opinou, roça por

vezes a invasão da privacidade. Face ao que precede, manifestou a sua preocupação com o futuro, dado que

no contexto atual ainda existem garantias comunitárias. Alertou para a tendência de abdicar da portugalidade

a favor de uma melhor integração na comunidade britânica e confirmou que existe uma mudança de atitude

dos britânicos face a imigrantes, centrando o problema na presente indecisão sobre a resolução do Brexit.

Rita Ochoa, arquiteta, para dar nota de que vários cidadãos portugueses estão a optar pela aquisição de

nacionalidade inglesa, fruto do presente contexto. Mais disse que, embora o Reino Unido continue a ser

particularmente atrativo no que toca a oportunidades de trabalho, o clima de incerteza está a criar dificuldades

no recrutamento de portugueses.

Paulo Lisboa, professor universitário, para dar nota de que parte substancial da investigação científica

efetuada no Reino Unido é cofinanciada pela União Europeia, questionando como ficarão os projetos em curso

caso venha a concretizar-se uma saída sem acordo.

Fábio Gomes, médico, para informar que o hospital onde trabalha tem um projeto próprio para apoiar os

colaboradores imigrantes na obtenção do estatuto de residência. Partilhou a preocupação com o acesso a

fundos comunitários para projetos de investigação, receando a implementação de um sistema de quotas que

penalize a atribuição de bolsas a cidadãos não britânicos.

Paulo Lopes, administrador na Japan Tabacco International, informou que na empresa onde labora só

40% dos colaboradores são de origem inglesa. Frisou que o impasse atual sobre o Brexit premeia a imigração

fora da europa em detrimento da imigração europeia, retirando espaço para a discussão de outras matérias

relevantes que ficam por resolver.

Bruno Neves, gestor na Kellog, transmitiu que o seu local de trabalho já se encontra a efetuar uma

redução de efetivos devido ao Brexit, dada a dificuldade em recrutar recursos qualificados. Reiterou que a

indecisão representa um problema mais grave que qualquer resolução possível do Brexit e questionou se

existe algum plano de mobilidade para as reformas, a ser implementado após a saída do Reino Unido da

União.

Findas as interpelações dos representantes da comunidade portuguesa, usou da palavra o Signatário para

reiterar que a reciprocidade aludida no plano de contingência oferece garantias na eventualidade de uma

saída sem acordo, tranquilizando a comunidade quanto ao futuro. Prosseguiu, abrindo o debate aos restantes