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II SÉRIE-D — NÚMERO 50

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os desafios de segurança e promover uma maior cooperação entre os países do Ártico, uma vez que a

estabilidade e a segurança a longo prazo da região dependem de uma governação eficaz, da proteção ambiental

e da cooperação pacífica.

Clara Ganslandt, Enviada especial para o Ártico do Serviço Europeu de Ação Externa, começou por referir

que, apesar de a comunicação conjunta sobre «Uma política integrada da União Europeia para o Ártico» não

incluir temáticas da PESC/PCSD, a zona do Ártico já não é imune aos desenvolvimentos que ocorrem noutras

regiões do mundo, nomeadamente a invasão russa da Ucrânia, o que tem dificultado a cooperação entre os

interlocutores no Ártico. Referindo-se a questões como as alterações climáticas, biodiversidade, ciência,

investigação e recursos naturais, frisou os desafios colocados no que diz respeito à preservação da cultura dos

povos indígenas, poluição atmosférica, turismo, defesa e segurança, sublinhando a estreita relação entre o clima

ártico e o crescimento económico, assim como os seus recursos naturais para os mercados energéticos globais.

Apontando o interesse de novos intervenientes na região, defendeu que a política europeia sobre o Ártico deve

ser reforçada com três objetivos: i) manter a segurança e estabilidade da região, com ênfase na cooperação regional e o desenvolvimento de uma visão estratégica; ii) enfrentar os desafios decorrentes das alterações climáticas, com destaque para o papel da ciência e da inovação; iii) apoiar o desenvolvimento inclusivo e sustentável das regiões do Ártico, em benefício dos seus habitantes e das gerações futuras.

Tormod Heier, Professor de Operações e Estratégia Militar, abordou a perspetiva estratégica militar relativa

a uma zona específica do Ártico – a Península de Kola – que é fortemente influenciada pela força nuclear russa,

com linhas de trajetória de mísseis balísticos em direção ao seu principal rival – os EUA. Realçou, assim, que a

fim de manter a estabilidade da região, evitando o aumento de tensões, os EUA, a NATO e a Noruega têm

tradicionalmente adotado uma estratégia dupla, baseada, por um lado, na dissuasão da Rússia e, por outro lado,

na sua tranquilização. Concluiu afirmando que, um ano após a invasão russa da Ucrânia, a principal prioridade

na região tem sido evitar um perigoso alastramento do conflito da Europa Central para o Ártico.

Seguiu-se o período de debate, onde foram abordados temas como o impacto das alterações climáticas no

Ártico a nível global, o perigo que representa para os ecossistemas, o acesso e o uso de recursos naturais,

devendo ser reforçada a cooperação para a região. Foi referido o posicionamento da Rússia e da China à região,

tendo sido mencionado o compromisso que a comunicação conjunta da Comissão visa alcançar e a importância

de salvaguardar a liberdade de navegação na zona, assim como de dar resposta aos desafios securitários no

Ártico, tendo sido sugerida a criação de uma política nórdica, à semelhança do que existe para a vizinhança sul,

bem como a eventual criação de uma política comum sobre o direito dos povos indígenas.

Em reposta às questões colocadas e aos comentários tecidos, Ann Linde destacou o posicionamento da

China ao Ártico, referindo a adesão da Suécia e da Finlândia à NATO e o reforço do seu papel no Conselho do

Ártico, do qual a Islândia e a Noruega são membros e cujas reuniões contam com a participação de

representantes de países como a Índia, refletindo o impacto global que a região tem no mundo, Clara

Ganslandt, referindo-se às consequências do degelo do Ártico sobre as alterações climáticas, realçou a

importância da colaboração com os povos indígenas, preservando as questões culturais com recurso a parcerias

transversais, sublinhando ainda a importância do investimento na ciência e da investigação no domínio do

desenvolvimento sustentável e da biodiversidade, e Tormod Heier referiu os investimentos avultados da China

em diversas partes do mundo, realçando a importância de assegurar a liberdade de navegação no Ártico, o que

permite garantir a estabilidade e segurança na zona, destacando, por fim, a estratégia firme e continuada da

Noruega na região.

Sessão IV: Prioridades da Política Externa e de Segurança Comum/Política Comum de Segurança e

Defesa

Kenneth G Forslund, Primeira Vice-Presidente do Parlamento sueco e membro da Comissão de Defesa,

moderadora da sessão, informou que o Alto Representante para a Política Externa da UE, Josep Borrell, não

pôde estar presente na conferência, por motivos de agenda, nomeadamente por se encontrar na reunião do

G20, na Índia.

Stefano Sannino, Secretário-Geral do Serviço Europeu de Ação Externa, que participou por via virtual,

centrou a sua intervenção em três questões principais: a guerra na Ucrânia, a China e o Sul Global. Sobre o

primeiro tema destacou a resposta europeia à invasão russa da Ucrânia, o apoio militar, a aquisição conjunta de