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II SÉRIE-E — NÚMERO 4

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os trabalhos de mitigação da erosão por ação do vento. Aliás, nestas zonas costeiras os especialistas

consideraram que a erosão eólica encerraria maior potencial erosivo pelo que deveria ser encarada como

prioritária.

Considerou-se também que a revegetação rápida das áreas ardidas seria premente, não só pela

estabilização dos taludes mas também devido ao perigo de disseminação de espécies invasoras lenhosas,

dado que foi constatado nas matas litorais, após o fogo de 2017, o rápido aparecimento de acácias,

destacando-se a acácia-de-espigas, Acacia longifolia, observando-se igualmente a colonização de outras

acácias como A. melanoxylon, A. dealbata e A. mearnsii, e, em menor grau, A. saligna, A. retinodes e A.

pycnantha, todas com efeitos previsíveis no atraso da recuperação das comunidades autóctones e promotoras

de um baixo grau de estabilização de encostas e margens de cursos de água. O mesmo aconteceu com as

invasoras não-lenhosas, tendo sido especialmente significativos o aparecimento de núcleos de chorão-das-

praias (Carpobrotus edulis), cana (Arundo donax) e erva-das-pampas (Cortaderia selloana). Para ambos os

tipos de invasoras foi definido um programa de monitorização, preconizando-se a cobertura do solo com

mulch, hidrosementeira e biomantas (de preferência bi ou tridimensionais), técnicas que têm o efeito não só de

susterem a eclosão das exóticas, como de potenciarem o sucesso das plantações das espécies florestais e

diminuírem a incidência dos processos erosivos. Paralelamente, foi definido o adequado programa de

monitorização.

Foram também definidas as medidas de intervenção mais urgentes a implementar nos canais de

escoamento e nas zonas de várzea das linhas de água. São, aliás, medidas que podem ser implementadas

em concertação com as técnicas de tratamento das encostas. Vários processos foram igualmente propostos,

como diversas estruturas alinhadas em curva de nível (countour log structures), rolos de palha, escarificação e

ripagem, cercas de retenção de sedimentos (silt fences), complementados com a aplicação de geotêxteis e

sacos de areia, solo ou gravilha, hidrossementeiras, mulching e hidromulching. Foi também tida em conta a

acumulação de material orgânico particulado e sedimentos em alguns troços dos cursos de água, produzindo

barreiras que interferem com o escoamento e incrementando a erosão fluvial, definindo-se a sua remoção,

bem como o restauro de vegetação ripária.

No que se refere à extração do material queimado, estabeleceram-se alguns princípios:

1. Evitar que a longa presença de material ardido provoque graves problemas fitossanitários e valorizar o

material queimado com maior valor comercial, que deve ser retirado prioritariamente.

2. Definir as áreas de exclusão de corte e extração do material queimado, dada a relevância ecológica de

alguns habitats (como a proximidade a linhas de água, em especial as permanentes, e em zonas

dunares frontais ao mar).

3. Realização do corte e extração em áreas bem delimitadas, de modo a não interferirem com habitats

sensíveis que necessitem de algum grau de recuperação, designadamente onde seja necessário

fomentar o aparecimento de regeneração natural (incluem-se aqui também as zonas dunares mais

expostas à erosão eólica).

Seja como for, existem desde há muito numerosos trabalhos resultantes de parcelas permanentes,

estruturas experimentais e outras estruturas localizadas nas Matas Litorais, que foram monitorizados durante

períodos mais ou menos longos, dos quais se pode tirar partido para uma aprendizagem na recuperação

destas áreas. O Quadro 3 dá conta destas estruturas e do tipo de estudos realizados, ou em execução,

embora, como se constata, a maioria tenha sido afetada pela extensão do incêndio.

Quadro 3. Áreas experimentais existentes na Mata Nacional de Leiria e situação após o incêndio de

outubro 2017.

DesignaçãoNúmero do talhãoIdade em 10/2017

(anos)ResponsávelArdido

Ensaio de descendência 260 23 INIAV Sim