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que já nessa altura disse e que, cuidadoso como é, certamente anotou - de 23,802 milhões de contos, para 24,923 milhões de contos. Há, portanto, um acréscimo de cerca de 5% nas verbas.
Para além disso, Sr. Deputado, quero também dizer-lhe que há verbas que, no ano passado, foram gastas em certas situações que surgiram de forma excepcional e que este ano não iremos gastar. É o caso, por exemplo, do esforço que tivemos de fazer na instituição das 18 comissões para a dissuasão da toxicodependência que funcionam no continente, o que nos custou cerca de 1,5 milhões de contos; ora, este ano verba não vai ser gasta para nisto, pelo que poderemos fazer um reforço em outras áreas, nomeadamente ao nível da prevenção primária. E a propósito da pergunta da Sr.ª Deputada Natalina Tavares de Moura, já irei dizer o que faremos relativamente à prevenção primária.
Portanto, Sr. Deputado Carlos Martins, só por estas razões, posso dizer-lhe que não há qualquer decréscimo de investimento nesta área; pelo contrário, há um acréscimo que é superior ao crescimento global do Orçamento do Estado, para além das verbas que libertámos e que este ano não teremos de gastar nas áreas em que foram gastas no ano passado.
Quanto à questão dos números, tenho todo o gosto em esclarecê-lo que, neste momento, estamos a realizar três estudos muito importantes: um estudo sobre a prevalência e a situação do consumo de drogas em meio prisional, estudo este que está a ser concluído e que irá ser apreciado pelo Governo; um estudo, que está a ser realizado por uma equipa da Universidade Nova, do Porto, dirigida pelo Sr. Prof. Jorge Negreiros, sobre consumos problemáticos de drogas, estudo este que já teve uma versão preliminar que foi utilizada pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência para o seu relatório referente a 2000, que irá ser divulgado daqui a alguns dias, em Bruxelas; e um estudo, este muito mais difícil e complexo, dirigido pelo Sr. Prof. Casimiro Balsa, a quem o Sr. Deputado se referiu, sobre a prevalência das drogas em Portugal, e que está a ser efectuado com base em trabalhos de campo incidentes sobre 12 000 a 15 000 pessoas, e que também está em fase de conclusão, pelo que aguardamos que ele nos seja entregue pela equipa universitária contratada para o fazer.
Por conseguinte, quando responsáveis do Governo, nomeadamente o Sr. Primeiro-Ministro, dizem que, neste momento, temos poucos números, é óbvio que é verdade; não temos todos os números. Temos, contudo, mais números do que tínhamos há quatro ou cinco anos e, seguramente, mais do que tínhamos há 10 anos, quando, pura e simplesmente, se ignorava o fenómeno da droga no nosso país.
Temos, por exemplo, números indicadores indirectos provenientes dos 51 CAT e extensões de CAT, que neste momento funcionam, e que já abrangem um universo de 30 000 pessoas. De acordo com este universo, já se podem fazer muitas extrapolações sobre valência do SIDA, sobre padrões de consumo, sobre a origem das pessoas, sobre as suas características socioeducativas, etc. Temos, portanto, indicadores já muito relevantes, que já vêm sendo coligidos há vários anos e que, apesar de tudo, neste momento, nos permitem ter um panorama seguramente muito próximo da realidade do que existe em Portugal, e temos outros indicadores, nomeadamente dos órgãos que trabalham na área do SIDA, ao nível dos serviços prisionais, nos meios da educação, sobre o tráfico de droga, etc. De facto, temos indicadores que indirectamente nos dão o panorama actual em Portugal.
Agora, quando estiverem concluídos os três estudos que referi, teremos, naturalmente, um conhecimento muito mais preciso da situação. E creio poder dizer que, nessa altura, teremos o que de melhor se faz na Europa, neste sentido. Portanto, não estamos a trabalhar às cegas, sabemos o que estamos a fazer.
Além disso, chamo a sua atenção, Sr. Deputado, para dois relatórios importantes que produzimos: um, no âmbito do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, que dá um panorama bem claro daquilo que se passa na Europa e também em Portugal; e, um outro, que todos os anos enviamos à Assembleia da República, que está seguramente na posse do Sr. Deputado e que nos dá todos os números de que dispomos. Logo, como eu já disse, não estamos a trabalhar às cegas, sabemos o que fazemos e temos objectivos claros direccionados para aquilo que é a realidade no terreno.
Portanto, também podemos dizer, com alguma segurança, e temo-lo dito, que o fenómeno da droga e da toxicodependência no nosso país ainda não foi debelado - aliás, seria completamente irresponsável, e seria fácil de o dizer aqui…

O Sr. Carlos Martins (PSD): - Ninguém acreditaria!

O Orador: - Ninguém o diria! O Governo, obviamente, não tem o hábito de mentir!
Podemos, contudo, dizer que, em alguns sectores, existem sinais encorajadores de evolução positiva. Assim se tem dito e assim foi mostrado pelos últimos sumários de informação estatística do IPDT, por exemplo, ao nível do número de mortes directamente relacionadas com o consumo de drogas, das pessoas que são toxicodependentes e que são simultaneamente seropositivas ou que têm outro tipo de doenças infecto-contagiosas, dos números do tratamento, daquilo que esses números revelam, por exemplo, sobre as práticas de consumo que existem, como é o caso de o consumo através de injecções pela via endovenosa estar a recrudescer em relação ao consumo de heroína e cocaína por outras vias.
Em suma, temos alguns indicadores, que são encorajadores, como tenho dito, e que mostram que as nossas políticas estão a ter algum efeito.

O Sr. Carlos Martins (PSD): - Necessitam de ser intensificadas!

O Orador: - Pois necessitam, Sr. Deputado, e é isso que estamos a procurar fazer.
Portanto, neste aspecto estamos absolutamente de acordo com o relatório do Conselho Económico e Social quando diz que temos de reforçar algumas áreas; porém, já não estamos de acordo quando este sugere, por exemplo,