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59 | II Série GOPOE - Número: 004 | 28 de Outubro de 2005

forma consistente, a taxa de repetência foi superior à média nacional. Obtido o resultado da correlação, pedi a lista dessas escolas e verificou-se serem 512. Tendo conhecimento disto, considero que não tenho condições para voltar a colocar professores nestas escolas sem, antes, perceber se há ou não alternativa para estas crianças e fazer tudo para que essa alternativa seja viável e se concretize. Portanto, este é o trabalho a fazer.
Perguntam-me: há mais escolas para encerrar? Há! Têm urgência estas 512? Não têm urgência, e, em Maio do próximo ano, espero poder obter a identificação correcta das escolas a encerrar — o que estimamos é que haverá mais 3500 —, sendo que, neste momento, ninguém tem uma visão nacional de rede. E precisamos de construir esta visão nacional de rede, trabalhando no terreno com as autarquias, precisamos de aprovar as cartas educativas e de resolver todos estes problemas que estão por resolver.
Relativamente ao insucesso, o Sr. Deputado disse que ele estava muito relacionado com o contexto. É verdade, porque o contexto destas escolas é, muitas vezes, terrível e de círculo vicioso. É tudo mau para estas crianças e não é só a escola, é o contexto e o acesso a recursos socioeducativos que não é possível. Aliás, mesmo que se lá ponham os computadores, a biblioteca, por absurdo, essas crianças não têm desde logo outras crianças com quem conviver. E, portanto, estas não são situações aceitáveis.
A exemplo de outros países, como a França ou a Espanha, em que até se ensaiaram outras modalidades, o nosso país não tem dimensão. É que a dimensão de uma freguesia em França não se compara com a de uma em Portugal. Em França, nunca se pôs o problema de escolas com entre 1 e 20 alunos, era sempre, apesar de tudo, uma outra dimensão. Portanto, as realidades não são comparáveis.
Creio que há aqui um trabalho a fazer. O que quer que se diga quanto a fazer prevalecer o interesse da sobrevivência das freguesias sobre as crianças parece-me…

O Sr. João Teixeira Lopes (BE): — Não são freguesias, são territórios educativos!

A Oradora: — Mas os territórios têm de ser construídos, porque à volta destas escolas não existem territórios educativos. Não há territórios educativos à volta destas escolas, é um deserto! Será bom deslocar-se a Bragança ou à Guarda e verificar o que são os territórios educativos destas escolas. Não existem! É evidente que é preciso haver territórios educativos, mas eles têm de ser construídos, ou renovados, ou essas crianças têm de ser transferidas para locais onde existem os tais territórios educativos.
O que posso dizer-lhe sobre isto é que é trabalho a fazer e espero que, em Maio, com a definição da rede nacional, possa haver uma solução.
Quanto ao anúncio que fez, tão dramaticamente, de que nunca mais recuperarei a confiança dos actores educativos, gostava de saber se também adivinha assim a sorte grande, porque seria óptimo.

Risos.

Penso que, sobre o futuro, podemos dizer pouco! No entanto, pergunto agora ao Sr. Deputado se concorda com a situação que se vivia nas escolas básicas e secundárias, de não aproveitamento pleno dos tempos lectivos, de «furos», de feriados, de interrupção das actividades lectivas pelas mais diversas razões. Concorda com esta situação? Também considera que havia mil soluções para este mesmo problema?

O Sr. João Teixeira Lopes (BE): — A solução é substituir o professor de Português pelo professor de História?!

A Oradora: — Pergunto-lhe se reconhece que o problema existe.
Não conheço nenhuma escola de excelência, que seja referência, pública ou privada, em que a criança chega à escola e tem a certeza absoluta de que vai ter aulas ou de quantos «furos» vai ter durante o tempo em que é suposto estar na escola. Não conheço. Infelizmente, e não gostava de perder muito tempo a falar disto, esta era a realidade das escolas.
Há muitas maneiras de encarar este problema, e a minha perspectiva é a de que a escola é uma organização. Por que é que estes problemas dos «furos» não se sentem, por exemplo, numa cadeia de supermercados? Também aqui há pessoas que adoecem, que faltam. O que é que o supermercado faz? Enquanto organização, organiza-se para superar disfunções. O que é que um hospital faz quando há falhas por parte de um profissional, enfermeiro, etc.? Organiza-se para superar as disfunções. E a maior parte das vezes o público, os utentes, não nota as falhas. É assim em todas as organizações.

O Sr. João Teixeira Lopes (BE): — Mas os professores notam quando vai um professor de História substituir um professor de Português!

Protestos do PS.

A Oradora: — Há várias maneiras…