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44 II SÉRIE-OE — NÚMERO 4

Esse trabalho de reforma é, por isso, uma das principais preocupações que marcarão a acção política do Ministério ao longo do próximo ano. Não é um trabalho despiciente e irrelevante. Pelo contrário, é um trabalho que reputamos da maior importância se queremos dar um novo fôlego à representação dos nossos interesses no exterior e aproveitar melhor os recursos, que são cada vez mais limitados e escassos, aos objectivos políticos, que todos nós partilhamos, de promover mais e melhor não apenas os interesses políticos do País mas também os interesses da nossa economia e da nossa influência na área política, cultural e linguística, objectivos que, creio, são hoje do consenso de toda esta Câmara.
Depois, precisamos, naturalmente, de aproveitar o balanço do exercício da Presidência, que nos deu uma grande actividade do ponto de vista do relacionamento bilateral, explorando a intimidade e até, diria, a afectividade de relações que pudemos, ao longo deste último ano, desenvolver com muitos Estados-membros, com muitos governos de outros países, seja na América Latina, seja em África, seja na região do Golfo, seja na Ásia.
Há um potencial de relacionamento que o País não pode desprezar e, por isso, do meu ponto de vista, as acções política e diplomática deste Ministério devem ser muito orientadas também para o reforço da acção bilateral do relacionamento com um conjunto de Estados que são do maior interesse para nós, onde se projecta muito também da nossa influência e que devemos aproveitar justamente na sequência de um período de grande intensidade e visibilidade para o País.
Teremos, naturalmente, as cimeiras habituais, com Espanha, Marrocos, Argélia e Tunísia, o reforço das relações com a Líbia e com a Mauritânia e uma cimeira, que reputamos da maior importância, com o Brasil, não desprezando também a acção multilateral que devemos aproveitar para desencadear na sequência da Presidência da União Europeia. Penso que o reforço da nossa participação na União Europeia consolidar-se-á depois desta Presidência, pela imagem que projectámos de ser capazes não apenas de desenvolver uma acção política na liderança da União consequente com os interesses estratégicos da mesma (creio que essa perspectiva foi transmitida), mas também de influenciar de alguma maneira a própria agenda da União Europeia do ponto de vista, sobretudo, das suas relações externas.
Esse é um capital que, pensamos, devemos explorar, no reforço também da nossa participação no quadro multilateral, em particular no sistema das Nações Unidas mas também em outras organizações multilaterais, às quais devemos dedicar mais atenção ao longo do próximo ano. Refiro-me em concreto quer à CPLP quer à cimeira ibero-americana.
Teremos a cimeira da CPLP no próximo ano e a cimeira ibero-americana em 2009, o que significa que, consecutivamente, em 2007, 2008 e 2009, presidiremos à União Europeia, à CPLP e à Conferência IberoAmericana, o que nos dá, de alguma forma, uma sequência de afirmação dos nossos interesses no plano multilateral muito conforme aos nossos interesses estratégicos. Diria também que, em princípio, se vier a realizarse uma cimeira da NATO em 2010 ela terá lugar em Lisboa. Pelo menos é esse o compromisso que garantimos.
Isto significa que teremos, durante quatro anos consecutivos, uma projecção nos fóruns internacionais que mais directamente nos dizem respeito — União Europeia, CPLP, Conferência Ibero-Americana e Aliança Atlântica.
Daremos em todos estes formatos, bilateral e multilateral, sequência à candidatura que continuamos a promover para o Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2011 e 2012. Temos aproveitado bastante este ano para promover a nossa candidatura. É uma candidatura difícil, pois temos em competição directa connosco a Alemanha e o Canadá, do nosso grupo, mas temos vindo paulatinamente a garantir apoios importantes e creio que os próximos anos, 2008 e 2009, são decisivos para garantir uma candidatura bem sucedida para o biénio 2011-2012.
Manteremos uma presença activa, em cooperação, naturalmente, muito directa com o Ministério da Defesa Nacional, nas missões de manutenção de paz e segurança internacionais, em que as nossas Forças Armadas participam num conjunto de teatros, que muita projecção dão à presença portuguesa em termos internacionais.
Como vectores estratégicos determinantes — e concluo, ficando depois à vossa disposição —, valorizo muito, no próximo ano, uma concentração muito intensa do Governo, e não só, na articulação entre a acção política e diplomática, a promoção dos nossos interesses económicos e a promoção da influência da língua e da cultura portuguesas e do património português no mundo, naturalmente também com a política de cooperação para o desenvolvimento. São áreas em que acredito haver muito trabalho a fazer do ponto de vista político e do