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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

No caminho do Douro a tonelagem deve ainda ser superior, attendendo ao caracter especial d'aquella linha, e não póde ser computada em menos de 100:000 toneladas, com um percurso medio de 80 kilometros, attento o percurso total obrigado para uma maxima parte das mercadorias transportadas, entre as quaes avultam por certo os vinhos.

A applicação a estes numeros de uma tarifa media de 18 réis por tonelada e kilometro, e esta é muito proximamente a tarifa media pratica da companhia dos caminhos de ferro portuguezes, daria para o Minho uma receita bruta de 101:000$000 réis, e para o Douro de 144:000$000 réis.

A somma de todas as verbas anteriores daria para os dois caminhos uma receita illiquida, proveniente de passageiros e mercadorias, de 1.355:000$000 réis.

Não augmentaremos esta cifra com a receita procedente do transporte de bagagens, recovagens, gados, etc., e de baldeações e registos, que em todos os caminhos de ferro póde ser proximamente calculada em um decimo da sua receita total.

E não se julgue, senhores, que ha exageração nos numeros que servem de base a estes calculos, em relação a passageiros e mercadorias.

Se compararmos com as linhas de norte e leste, e sul e sueste, encontraremos resultados que comprovem as nossas apreciações. O movimento de passageiros no ultimo anno civil de 1877, foi n'estas linhas o seguinte:

Norte e leste — 943:933.

Sul e sueste — 177:404.

Estes numeros, divididos pela extensão explorada de 502 e 312 kilometros, dão por cada kilometro explorado:

Norte e leste — 1876 passageiros.

Sul e sueste — 568 passageiros.

Para que estes numeros sejam comparaveis com os do Minho e Douro, é necessario corrigil-os, em attenção á densidade de população das provincias que estas linhas atravessam.

A população especifica da região servida pelas linhas de leste e sul e sueste, é de 14,4 habitantes por kilometro quadrado, a da região atravessada pela linha do norte, desde Lisboa até ao Porto, é de 55,4 habitantes, e a densidade media de população das zonas servidas pelas linhas do Minho e do Douro é de 130 habitantes por kilometro quadrado.

Separando o movimento de passageiros de norte e leste por cada uma das linhas, teremos que os do norte são 845:941 e os de leste 95:992; d'onde resulta para a linha do norte 2:540 passageiros por kilometro explorado, suppondo que o movimento propriamente de leste é igual ao de sul e sueste.

Para tornar comparaveis estes resultados é necessario multiplical-os pelos coefficientes: 2,34 para a linha do norte e 9,02 para as de leste, e sul e sueste, porque n'essas proporções se encontra a população d'estas diversas regiões.

O numero de passageiros assim determinado seria respectivamente de 5:943 e 5:123, dentro dos quaes se encontram os numeros reaes e praticos da exploração.

A comparação com o movimento do paiz vizinho justifica ainda mais as nossas conjecturas e apreciações.

A media do trafego das linhas hespanholas nos annos de 1870 a 1872 é a que consta do seguinte quadro:

[Ver Diário Original]

Estas medias, porém, são consideravelmente excedidas para certas linhas, que justamente apresentam maior analogia com as do Minho e Douro sob o ponto de vista quer de passageiros quer de mercadorias. Assim, com respeito a passageiros, são frisantes os exemplos seguintes:

Mappa do numero de viajantes por kilometro explorado n’algumas linhas hespanholas e densidade de população das provincias que atravessam — 1872

[Ver Diário Original]

Com relação a mercadorias os resultados minimos da exploração das linhas de norte e leste são, em relação a 1877:

Norte e leste — toneladas transportadas 289:193, por kilometro explorado 576.

Sul e sueste — toneladas transportadas 102:070, por kilometro explorado 327.

É muito mais complexa a relação entre este movimento e o da população, comquanto seja axiomaticamente verdadeiro que o augmento de producção e de consumo levam naturalmente ao incremento do trafego commercial. Notemos, pois, apenas que a applicação do algarismo encontrado para a linha de norte e leste, ás do Minho e Douro dariam as seguintes toneladas annuaes:

Minho 85:248 — Douro 74:304

A differença que se póde notar em relação á linha do Douro explica-se pela feição caracteristica d'aquella linha; devendo observar-se que, nas provincias que ella serve, é muito mais importante a exportação dos seus productos e a importação dos artigos do seu consumo, do que em qualquer outra região do paiz.

Bastará que o trafego d'esta linha attinja a media da rede hespanhola, 872 toneladas por kilometro para que a tonelagem ascenda a 196:000 toneladas annuaes.

E na rede hespanhola citaremos as duas linhas de Tudela a Bilbau e Alar d'El-Rei a Santander, que tanta analogia e similhança offerecem com a linha do Douro na maneira por que funccionam com respeito ás provincias que d'ellas se servem.

O numero de toneladas por kilometro explorado foi numericamente nos annos citados, Tudela e Bilbau 741,800 e 1:003 — Alar d'El-Rey a Santander 1:386, 1:670 e 2:485.

Não devem, pois, ser taxadas de exageradas as presumpções de que partimos para a apreciação do resultado economico da exploração das duas linhas, que em poucos mezes estarão abertas á circulação publica, e darão rasão e realidade, esperâmos, ao que a alguem poderia parecer um devaneio optimista. Seja como for, senhores, o que por agora é preciso, acima de toda a contestação, é concluir a parte das linhas que hoje se acha em construcção. Em seguida é forçoso, por obviar considerações, ligar uma e outra linha com a rede do paiz vizinho, e n'esse intuito o governo não deixará de tomar, de accordo com o da nação vizinha, as resoluções que precisas se tornem, para realisar esse melhoramento no mais curto praso.

As informações que constam dos documentos juntos e